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COMING UP | Ant-Man and The Wasp: Quantumania

Ant-Man and The Wasp: Quantumania é Marvel Wars, a longa-metragem que faz o universo de Star Wars colidir com o da Marvel (na forma e não no conteúdo). Contudo, aquilo que tinha tudo para se tornar numa obra memorável para quem adora um drama galáctico tornou-se, simplesmente, numa aventura de domingo à tarde que não chega a desiludir, mas, também não fica para a história. 

Entende-se que este é um daqueles projetos que terá mais valor no futuro, para a construção do universo desta fase da Marvel nos Cinemas, mas como experiência individual talvez tenha pecado por defeito. 

Contamos-te o que há de bom e de mau nesta nova aventura do herói mais pequeno da MCU na edição desta semana do Coming Up. Fica connosco, há muito para discutir!

Ant-Man parte numa aventura que fica na epiderme.

As longas-metragens dedicadas a Ant-Man sempre foram as mais leves dentro das várias sagas do MCU. Este é o típico personagem cuja sua função é entreter. Porém, o marketing de Quantumania indicava que desta vez a história seria outra. O filme era a principal porta de entrada para um vilão ainda mais aterrador que Thanos e seria o ponto de partida para começarmos a conectar pontos sobre a jornada que levará os Avengers a reunirem-se novamente. 


Ora, o marketing realmente deixa-nos empolgados e curiosos, mas aqui foi bastante traiçoeiro e acaba por ser um verdadeiro assassino da reputação deste filme. Ant-Man and the Wasp: Quantumania preenche todos os requisitos que um projeto que tenha aventura como género deve ter: É engraçado, familiar, tem personagens que geram empatia e um cruzada fácil de entender e que nos deixa entretidos durante um tempo. Mas, apesar de ter todos os ingredientes, Quantumania entra para a lista de projetos feitos em série. 


É um filme que nos vai divertindo enquanto assistimos mas falta-lhe substância, falta-lhe alma, falta-lhe ir mais além e mergulhar um pouco mais nos seus personagens. Falta-lhe tanto que a sensação que nos deixa quando saímos da sala de cinema é que este filme foi “só mais um”. 


Apesar do design (que traz a tal sensação de que estamos a assistir a um filme da franquia Star Wars) e dos personagens espaciais engraçados, faltou novidade e algo que realmente fosse um pouco maior, que lhe desse grandiosidade. 


O argumento não foi, de todo, justo com os seus intérpretes. Afinal de contas todos eles começam e acabam o filme da mesma forma sem grandes alterações significativas. É quase como se estivéssemos a assistir a um relato de um dia numa família de cientistas com uma experiência que correu mal e que têm a obrigação de resolver. 


Se não tivéssemos todo o background da Marvel colocado ali, Quantumania não estaria muito distante de se tornar num título que poderia figurar ao lado de comédias como Honey, I Shrunk the Kids.


 

A par dos outros filmes de Ant-Man, é a comédia que salva a história?

O carisma de Paul Rudd serve de amortecedor ao filme e garante que pelo menos a experiência é divertida. O texto não soube tirar proveito do tempo de comédia do seu protagonista, mas ainda assim ele é, de longe, um dos melhores elementos desta longa-metragem. As tiradas dele, sobretudo das nas primeiras e últimas cena do filme, são geniais e mostram o quanto o personagem cresceu. 


A chegada de Kathryn Newton melhorou ainda mais o humor do personagem principal e a sinergia dos dois deixa-nos tranquilos sobre o futuro. Mesmo que o texto não seja brilhante eles conseguem acender os holofotes. O que nos leva à raiz do problema que falamos antes: A falta de tempo para os personagens. 


Em dupla, Kathryn e Paul conquistaram e aproveitaram cada segundo que tiveram, mas faltou-lhes tempo, faltou espaço na história para que a conexão entre os dois fosse mais explorada e se abrisse espaço para o divertimento invadir o ecrã. 


Na mesma medida que o argumento se vê a braços com muita coisa para contar (a ascensão e origem de Kang, a apresentação dos rebeldes do mundo dentro do Quantum Realm, a relação de Cassie e Scott, desenvolver M.O.D.O.K, entre outros) parece que ao fim ao cabo não contou nada com foco, as informações foram libertadas em alturas convenientes para a ação, mas sem um encaixe que trouxesse dinamismo ao filme. 


Há tanto para apresentar e explorar que no tempo que tiveram de ecrã tudo se tornou raso e simplista. E nota-se essa ausência de tempo quando temos no título o nome de Wasp, mas na prática ela chega a beirar a figuração de luxo tal é o desinteresse da história do filme para com ela. 


Mas regressando à comédia, é impossível não falarmos de M.O.D.O.K. Apesar de trazer de volta um personagem que é marcante dentro do universo do Ant-Man a sua aparição colocada às três pancadas apenas para criar referência com o passado do personagem foi gratuito demais para nos chegar a convencer. Além disso, o personagem é tão estereotipado que não chega a dar-nos liberdade para rirmos dele. Num primeiro impacto é engraçado sim, mas é o tipo de piada que se esgota rapidamente, além de trazer à história uma série de deixas de humor datadas que não funcionam para uma larga maioria do público. É o típico caso em que esperávamos muito mais.

 

Kang chegou, viu, venceu. Mas nem tanto quanto era suposto.

A promessa estava atrelada ao filme desde o início: Quantumania traria o verdadeiro Kang, o vilão aguardado que teve uma aparição em Loki e que aqui iria finalmente impactar-nos. E impactou. Jonathan Majors carregou o filme às costas numa interpretação que realmente transporta a ideia egocêntrica clássica das Bandas Desenhas. É um vilão, ponto. E sente-se em cada segundo a grandiosidade e a ameaça que ele representa. 


O texto foi muito mais justo com ele do que com os restantes personagens, isso é um facto, mas ainda assim, a sua atuação consegue dar um bom pontapé de saída para que consigamos encará-lo realmente como uma figura capaz de destruir tudo e todos (sobretudo na cena pós-créditos). 


O filme é, claramente, dele, com todos os outros a serem apenas os seus atores secundários, ainda assim o personagem sofreu aquilo que na gíria nerd se chama de “nerf”. Não foi o filme que se agigantou para alcançar a postura grandiosa de Kang, foi Kang quem teve de se encolher para caber dentro de narrativa familiar que precisava de ser um resolvida sem grandes problemas. Até porque convenhamos que de entre todos os heróis da Marvel, Ant-Man está longe de ser a figura mais ameaçadora ou sequer um par justo para este duelo. 


Numa realidade paralela e seguindo alguns rumores que circularam na internet antes da estreia, Kang poderia ter morto algum dos heróis, não necessariamente Scott ou Hope, mas, porque não Hank? Além de dar um maior impacto ao filme ainda tornaria a guerra que se segue mais pessoal para os personagens. Traria consequências sérias enquanto criavam um link direto para o futuro. Afinal de contas, a fórmula Marvel caracteriza-se pelo efeito Dominó, mas, em Quantumania esse efeito termina logo após a aparição de Kang, esse é o único ponto que vai despertar interesse para o futuro. 


Porém, vale a pena destacar, mais uma vez, que nada disto prejudicou a primeira entrada em grande de Majors nos filmes do MCU.


 

O MCU arrancou a Phase 5 com um trambolhão?

Tal como dissemos no início, Ant-Man and the Wasp: Quantumania tem tudo para ir ganhando camadas e importância para este universo à medida que os novos títulos forem saindo. Na sua construção o filme assemelha-se bastante aos títulos que a Marvel lançou durante a Phase 2, que pareciam não ter grande força. Mas, ao contrário dos filmes que figuram nessa lista, a Quantumania faltou algum arrojo, algum traquejo adquirido ao longo dos anos sobre como a Marvel pode surpreender o seu público. 


Não há nada que nos deixe em êxtase, nada de memorável ou marcante. Há momentos divertidos, há uma conexão forte e com muito futuro entre Scott e Cassie mas para primeiro filme de uma nova Phase onde a Marvel se vê obrigada a entregar algo mais ao seu público para que continuemos a ter interesse a assistir ao extenso número de projetos que estão nos seus planos para os próximos anos, acaba por falhar. 


A longa-metragem como filme individual funciona e serve para passarmos uma tarde de cinema com a família, não nos exige um conhecimento de fã nem abusa nos easter eggs, mas acaba por sofrer pelo marketing, pela expectativa e pela necessidade de contar muito em pouco tempo. 


O futuro da Marvel parece reunir um conjunto de atores carismáticos com personagens novas que são verdadeiramente interessantes, mas no que à criatividade diz respeito já teve melhores dias. Ficamos mais empolgados a ler algumas BDs do que em duas horas de filme, e isso nunca e um bom indicador quando estamos a falar de uma experiência que tem de valer a pena o suficiente para fazer o público sair de casa e pagar bilhete. 


Em resumo é um filme com alguns momentos de diversão que merece ser visto, mas é o tipo de projeto que podemos assistir no conforto da nossa casa sem sentirmos remorsos de não termos aproveitado o filme na sua totalidade. 


A melhor definição que podemos entregar a Quantumania é a sensação que nos deixa quando saímos da sala de cinema: “É mais um filme”. 


Esperemos por melhores ideias de Kevin Feige, aguardando que a crise seja apenas uma pedra no caminho e não o início de uma derrocada.