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COMING UP | Emily In Paris - 3ª Temporada

Emily In Paris, o nosso guilty pleasure está de regresso à Netflix, para mais uma temporada novelesca, onde o clichê a torna viciante. O sucesso desta série mede-se pelas expectativas que nos entrega, sabemos exatamente o que podemos esperar em cada episódio: Entretenimento leve que não nos obriga a pensar, mas que nos deixa com sorriso no rosto. 

Apesar desta terceira sequência ser a mais fraca em termos de desenvolvimento, Emily In Paris continua a afirmar-se como a Sex & City desta nova geração. E é tudo o que precisamos. 

Fica connosco, e embarca em mais uma viagem cheia de peripécias no mundo de Emily nesta edição do Coming Up. Fica connosco!

O clichê continua a ser o rei da festa?

Obviamente! Emily In Paris é escrita a pensar na leveza e continua a assegurar que essa liberdade sem mantém. Nada é muito dramático e nada parece ter consequências sérias, o que até podia ser um ponto negativo, mas tudo isso é desculpado pela mensagem da série que pretende trazer uma visão positiva sobre a vida. 


Para quem cresceu com as séries de comédia romântica dos anos 90 esta abordagem não é uma surpresa, no fundo, e à semelhança de outras tantas produções que fizeram escola com Sex & CityEmily In Paris é escrita por sonhadores que subvertem a realidade em prol de nos mostrarem um protótipo de vida ideal. E tendo essa consciência de antemão, todas as cenas irrisórias e pouco credíveis acabam por ser relativizadas. 


Emily In Paris é uma produção sobre o lado cor-de-rosa da vida, que pretende deixar-nos a sorrir e aliviar as nossas tensões e problemas. E apesar de tudo isto serem grandes chavões clichês é inegável a capacidade dos autores em conseguirem trabalhar esses clichês de uma forma em que apesar de sabermos que no final vai dar tudo certo ainda nos deixa com vontade de assistirmos a todos os episódios de uma vez só. Isso deve-se ao divertimento que a série nos dá, até mesmo quando falamos de cenas banais. 


Nada é totalmente banal em Emily In Paris, é sempre tudo um pouco puxado para o exagero. Mas convenhamos, os nossos sonhos não são todos eles grandiosos? É só seguir essa ideia.

 


marketing ainda é tema de conversa nesta nova temporada?

Vivemos numa realidade onde o marketing é o prato do dia, há meia-tinta em todo o lado, em tudo o que fazemos, vemos ou vestimos. Emily In Paris traz essa consciência coletiva para o centro da história, e apesar de nesta temporada as discussões criativas terem ficado um pouco de lado, elas continuam a existir e de forma criativa. Um pouco mais rasa que as anteriores, mas continuam lá. 


Além das muitas marcas que passam pela série, e que continuam a ser um dos grandes chamarizes para garantir que o publico continua cativado, dado que a própria série faz um trabalho de marketing incrível no seu texto ao tenta desconstruir a imagem que temos de algumas instituições. 


Nesta temporada temos dois highlights que merecem destaque, o primeiro, óbvio, é o trabalho com a McDonalds. Para quem já teve a oportunidade de visitar um McDonalds em Paris não existe melhor forma de representar a realidade senão aquela que aparece na série. 


Até uma marca tão reconhecida e americanizada como a McDonalds teve de dobrar o joelho à cultura francesa e tornar os seus espaços um pouco mais próximos do consumo francês, daí que a jogada de trazer uma marca mundialmente conhecida (e que não é luxuosa, o que leva a que todo o público conheça muito bem aquilo que está em cima da mesa para discussão) tenha sido genial. E o melhor de tudo é que a série ainda nos deixa com vontade de ver a ideia de Emily ser transcrita para o mundo real. Deu vontade! 


O segundo ponto alto com relação ao marketing acontece na cena em que Emily e Madeleine testam a ideia dos emojis de animais de estimação, rendendo um dos momentos mais cómicos, mas cringe que acontecem na temporada, quando Madeleine se vê obrigada a fazer uma reunião profissional, em tom sério, com a cara de um gato em cima da dela. Problemas do mundo atual! 


Esta abordagem da série ao mundo do marketing é realista? Isso já é outra conversa. Mas que diverte e consegue garantir momentos interessantes, sem dúvida.

 

Emily continua a ser a melhor personagem da série?

Bem, na primeira temporada, Emily foi sem sombra de dúvidas o grande centro de atenções, mas na segunda já não foi tanto assim e nesta terceira temporada essa tendência confirma-se. Por mais que todo este universo orbite em torno da vida de Emily e que tudo pareça que se resume ao próximo movimento que ela vai fazer, não podemos, de todo, dizer que se Emily o grande motivo de interesse para continuarmos a assistir às várias temporadas. 


Temos nesta série um grande número de personagens com muito mais profundidade e nuances para explorar e nos deixar verdadeiramente apaixonados. Já falamos em edições anteriores sobre como Sylvie rouba grande parte dos holofotes para si, mas nesta temporada temos momentos em que ela se torna o nosso grande ponto de interesse. O episódio em que ela tenta entrar no círculo fechado da La Liste é um desses casos. E há várias camadas ali, para alem da comédia óbvia. 


Sylvie representa uma série de profissionais que lutaram uma vida inteira por reconhecimento, mas que acabam sempre ofuscados pela luz brilhante de quem é novo, sentindo quase que tudo o que fazem é em vão porque nunca vão conseguir voltar atrás no tempo e refazer o seu trabalho de acordo com aquilo que sabem agora que é o caminho para sucesso. Ainda assim, esse episódio dá-lhe uma reviravolta interessante que mantém acesa a ideia de positivismo que Emily In Paris imprime, garantindo que mesmo quando tudo parece em vão, ainda somos notados e no final, o esforço compensa. 


Mas nem tudo se resume a Sylvie, e Mindy também continua a brilhar. Além dos momentos musicais que nos entrega que são mágicos e nos dão vontade de ouvir as suas versões em loop no Spotify, tem aqui alguns desenvolvimentos interessantes e ainda nos deixa de rastos por vermos como as diferenças de classe social ainda são um tema quando o assunto são relações amorosas. 


Também aqui há várias camadas interessantes, e caminhos por onde a série poderia entrar para aprofundar mais, mas o drama foi colocado em pausa. Contudo, a aparição final de Benoit faz parecer que ainda vamos voltar a este assunto depois.



A vida amorosa dos personagens ainda é uma completa confusão?

Se já tínhamos essa ideia pelas temporadas anteriores, nesta podemos garantir com 100% de certeza que nenhuma relação em Emily In Paris é para sempre. Não há casal que se mantenha do início ao fim. E isso combina muito com o romantismo associado a Paris, onde parece que nos vamos apaixonar a cada virar de esquina. 


Nesta temporada essa ideia foi levada à letra, e as relações crescem e dissipam-se num abrir e fechar de olhos sem muitas das vezes existir um contexto para que isso aconteça. Mas vamos por partes. 


Em relação a Emily, o que os argumentistas estão a tentar puxar nesta terceira temporada é um clássico das séries girly do início dos anos 2000, como aconteceu em Gossip Girl, por exemplo, tentando deixar o público dividido sobre qual o melhor par para a protagonista e usar o romance para criar uma divisão de opiniões que deixa os fãs em discussões acesas levando o nome da série mais longe. 


É uma aposta legitima, mas, ainda assim, foi um caminho fora do esperado. Parecia que tudo se estava a encaminhar para um percurso onde Alfie e Emily iriam tornar-se no casal sensação, até porque existiu um esforço grande para nos fazer enamorar pela relação dos dois, ao ponto de acharmos que o relacionamento tóxico de Emily e Gabriel era um passado distante e que realmente Alfie era quem a iria tornar verdadeiramente feliz. 


Essa alteração até pode não nos ter convencido, mas há um motivo válido para essa escolha. Apesar da série evitar ao máximo discutir temas pesados, são eles que ditam os plot twists. Toda essa mudança no par principal acontece para se trazer para o centro da história a discussão mais ouvida dos dias atuais, qual deve ser a nossa prioridade? O trabalho? Ou a vida pessoal? Gabriel precisava de ser confrontado com essa questão, sobretudo por entendermos cada vez mais que o restaurante era a sua vida. 


Por mais que aos nossos olhos a relação de Gabriel com Camille estivesse condenada à partida, foi interessante ver como a série deu a volta por cima e fez com o problema que levou ao fim não fossem as traições, mas a falta de tempo e conexão. Há muito mais para discutir aqui, mas vamos aceitar que não é essa a proposta.

 

A terceira temporada é a mais “fraca”?

Inevitavelmente com tantas voltas e reviravoltas que já aconteceram em Emily In Paris, a criatividade acaba por esgotar-se, sobretudo porque chegamos a um ponto em que aquele círculo de pessoas já passou por tudo e mais um par de botas. 


A terceira leva de capítulos entregou-se muito ao drama da vida pessoal dos personagens, ao contrário das anteriores onde as discussões e dilemas profissionais tinham mais espaço, e isso acabou por limitar um pouco a inovação que os novos episódios poderiam trazer. Os dramas amorosos continuam a prender a nossa atenção, mas não podemos deixar de dizer que se tornam repetitivos em alguns momentos. 


O grande ponto positivo aqui são os assuntos que vai abordando aqui e ali, que traem discussões atuais para cima da mesa, com o ponto ainda mais positivo de trazerem essas discussões de uma forma leve e divertida acabando por desconstruir a visão catastrofista que a maioria de nós tem quando confrontados com situações que nos deixam completamente fora da nossa zona de conforto. 


Sente-se alguma falta de evolução nos personagens, sobretudo em Emily, que parece que não aprende nada sobre o que lhe acontece de menos bom. É certo que já sabemos que a ideia geral da série é essa, mas vê-la falhar uma ou outra vez daria abertura para uma reconstrução ainda mais grandiosa e dava espaço para plot twists novos. 


A dada altura parece que lhe corre sempre tudo tão bem que acaba por menosprezar quem está à sua volta. O momento em Julien levanta essa questão acaba por trazer para a história aquilo que todos aqueles que assistem estavam a pensar desde o início, e esperemos que a série não decida ignorar o assunto desta vez, porque dá para explorar as falhas de Emily sem perder a leveza. 


Os criadores já deram provas mais que suficientes sobre a capacidade que têm de fazer malabarismos quando necessário. Ainda assim temos encontro marcado na quarta temporada, é Paris, e Paris é sempre irresistível.