MOTELX: "Desde o que o festival surgiu, em 2007, já se conta outra história do cinema de terror português”
Foto: MOTELX / Direitos Reservados |
O MOTELX está de regresso à cidade de Lisboa e promete levar o melhor do cinema de terror não só aos residentes, mas também a todos aqueles que estão de visita à capital. O festival vai decorrer entre 6 e 12 de setembro. A presença do realizador Italiano, Dário Argento, assim como a aposta no cinema português e o lançamento do livro O Quarto Perdido do Motelx estão em destaque na 16ª edição do evento.
Por André Pereira e Miguel Frazão
Entre 6 e 12 de setembro, o Cinema São Jorge transformar-se-á num conjunto de cenários assustadores que vão levar os cinéfilos a desejar que aquilo que acabaram de ver não passe de mera ficção. A programação integra mais de uma centena de produções, que serão exibidas tanto nas salas do São Jorge, como noutros espaços da região de Lisboa.
A abertura da edição de 2022 está a cargo da realizadora americana, Halina Reijn, que irá ver a sua longa-metragem, Bodies Bodies Bodies, estrear em Portugal. Uma mansão, sete jovens e uma festa. Está dado o mote para uma boa dose de loucura. Um jogo batizado com o nome do filme gera discussões que vão pôr em causa a amizade entre os elementos do grupo. No fim, uma das personagens aparece morta e é aí que o grupo terá de descobrir quem é o assassino. A sessão está marcada para 6 de setembro, pelas 21h, na Sala Manoel de Oliveira do cinema situado na Avenida da Liberdade.
Há uma década, Dário Argento, considerado o mestre do cinema de terror, aterrava em Lisboa para marcar presença no Motelx. Este ano está de volta, desta vez para apresentar o seu mais recente filme intitulado Dark Glasses. Não trouxe consigo a filha, Asia Argento, que faz parte do elenco, mas estará acompanhado pela atriz Ilenia Pastorelli.
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Ao Fantastic, o diretor, João Monteiro, diz-nos que “Dario Argento é uma espécie de super bónus”, até porque também será o anfitrião de uma masterclass, onde vai partilhar algumas das suas técnicas criativas e ainda estará disponível para responder a dúvidas e questões dos cinéfilos mais curiosos. “Já lhe fizemos homenagem, demos-lhe estatueta, fizemos uma pequena retrospectiva também há dez anos e desta vez ele vem apresentar um filme como outro realizador qualquer e, portanto, é um privilégio ter um realizador lendário e já com tanta idade, como o Dario Argento, ainda a produzir e a vir apresentar um filme ao festival”, revela o também diretor, Pedro Souto, que se mostra também feliz por “haver uma nova geração a conhecer o realizador e a ver o filme com ele pela primeira vez, o que pode ser, de facto, interessante”.
Dario Argento é um dos grandes nomes da 16ª edição do Motelx, mas o cinema português é também uma forte aposta no festival. Falamos, sobretudo, do prémio para a Melhor Curta Metragem Portuguesa, cujo nome foi alterado para Prémio SCML Motelx. Em causa está a nova parceria com a Casa da Misericórdia de Lisboa. Francisco Lacerda, João Pico, Rafael Almeida, Joana Correia Pinto, Gonçalo Loureiro, Luís Alves, João Morgado, André Szankowski, Ricardo Machado, Carolina Aguiar, Inês Albuquerque e Guilherme Branquinho são os doze realizadores em concurso nesta categoria.
Outra das grandes novidades da edição deste ano é o lançamento do livro O Quarto Perdido do MOTELX, uma publicação cujo nome surge a partir da secção já tão conhecida do festival e que pretende ajudar o público a compreender melhor o que é o terror nacional. “Em 2007, quando começámos, não havia ideia do que era o cinema de terror português, ou aquilo que poderia ser. Portanto, imitavam-se os modelos estrangeiros. Com o Quarto Perdido, fomos descobrindo uma tipologia do que poderia ser o cinema de terror no nosso país”, explica-nos João Monteiro.
O diretor artístico do festival refere ainda que, “uma vez que o Quarto Perdido faz dez anos”, o MOTELX decidiu “editar o trabalho feito ao longo deste tempo e deixar uma coisa física, apesar de o papel estar em decadência”. Foi desta forma que surgiu o livro que será apresentado no sábado, dia 10 de setembro, às 16h, no Cinema São Jorge. A obra explora vinte filmes de terror nacionais, começando em 1911 e terminando em 2006, com o filme Coisa Ruim. “Este livro ajuda-nos, ainda, a perceber que Paulo Branco é o maior produtor de cinema de terror português, com dezasseis filmes”, adianta João Monteiro ao nosso site.
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A forte presença do “cinema de terror português recente, em estreia mundial” é cada vez mais uma realidade, algo que os responsáveis vêm como “uma mudança significativa”, esperando “ter contribuído com alguma coisa” para este facto. “Queremos estrear longas todos os anos. Nesta edição temos o Criança Lobo, do Frederico Serra, temos o Corpo Aberto, que é uma coprodução com a Galiza, e vamos ter ainda As Memórias do meu Avô, uma estreia nacional. Este, para nós, é o caminho”, adianta o diretor artístico que não duvida que, “desde que o MOTELX surgiu, em 2007, já se conta outra história do cinema de terror português”.
Para além das novidades a nível de programação, a preparação desta edição do festival foi também diferente em relação aos últimos anos, uma vez que foram levantadas as restrições sanitárias. “Este ano, acrescentamos, até, mais um evento do que o habitual, pelo menos em termos de dimensão. Haverá um cine-concerto no jardim do Museu de Lisboa, no Palácio Pimenta. Será exibido o filme Fauno das Montanhas, de Manuel Luís Vieira, de 1926, e que vai ter música ao vivo pela Orquestra Metropolitana de Lisboa”, revela Pedro Souto ao Fantastic.
“Outras das diferenças são o facto de podermos fazer festas e de não haver limitações de lugares nas salas. Enquanto existiram restrições sanitárias, tínhamos de esperar uma hora entre cada sessão, para que as salas fossem limpas, o que nos complicou um pouco a logística”, explica-nos Pedro Moura, revelando ainda que “o reforço da presença do Lounge MOTELX em frente ao Cinema S. Jorge, com mais programação, DJ Sets, entre outros eventos, com o objetivo de aumentar o convívio naquela zona do festival” é outra das novidades.
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Para esta edição do MOTELX, estão ainda prometidas algumas extensões por todo o país, até ao final do ano. “Ao longo do ano, somos três os grandes responsáveis pela organização. Nós os dois e a Sara Lobo. Depois juntam-se outras pessoas à equipa, para exercer funções de design, contabilidade ou gestão de redes sociais, por exemplo. E vamos recebendo ainda estagiários que nos ajudam na organização e produção”, adiantam.
No início do ano seguinte, começa a ser produzido de uma forma mais concreta, também com o visionamento e seleção dos filmes, com o culminar de todo o trabalho em setembro, altura em que se realiza o festival. “Ao todo, devemos ser cerca de vinte pessoas que passam pela organização e concretização do MOTELX, antes e durante a realização do mesmo”, conclui João Monteiro.
Um artigo de André Pereira e Miguel Frazão
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