Caçar com Gato • Crónica 8 - "Começar e Recomeçar"
Começar e Recomeçar
de Luís G. Rodrigues
de Luís G. Rodrigues
Para começar basta estar; daí, porventura, os inícios serem tão fáceis: não há nada para trás que sirva de âncora ao que está por vir.
Já recomeçar é outra conversa. Recomeçar tem, em si, tudo aquilo que já foi feito e pior: aquilo que ainda tem de ser feito. É uma chatice.
Começar a fazer um bolo de iogurte? Maravilhoso, até dá gosto; que tranquilidade entra no corpo enquanto se mexe na farinha e se parte ovos. O barulho dos utensílios soa a sinfonias de amor e carinho.
Recomeçar a fazer um bolo de iogurte? Que raiva. Maldito bolo que não ficou bem à primeira, ninguém o vai comer. Estar a fazer outro agora… A farinha começa a parecer aquela areia demasiado fininha da praia que se mete em todo o corpo e os ovos são cascas de stress. Por azar, e porque as coisas funcionam assim mesmo, ainda vão estar dois ovos estragados e ir buscar outros ao frigorífico é uma viagem até à India. E o que antes soava a sinfonia, agora não passa de ruído poluente, também conhecido como “bebés a chorarem em viagens longas de transportes públicos”.
Muitos mais exemplos serviriam, contudo, a culinária – que está muito, mas mesmo muito, nos antípodas até, dos meus talentos – tem muito de realidade quotidiana e não é ao acaso que faz parte da cultura. Isso até mau cozinheiro, mas bom garfo – às vezes…para o que me interessa… – percebe.
Recomeçar, apesar de tudo, tem uma coisa boa – permite fazer melhor.
Setembro é um mês de muitos começos e recomeços. É bonito. Começa a Escola, o tempo frio faz as suas primeiras gracinhas, o Outono diz “olá” com as folhas a caírem e as mantinhas confortáveis que nos acompanham há anos voltam a sair das gavetas para aconchegarem o corpo enquanto se vê séries no quentinho.
É aproveitar. Começar faz bem e recomenda-se. Recomeçar, se tiver de ser – com calma.
Já recomeçar é outra conversa. Recomeçar tem, em si, tudo aquilo que já foi feito e pior: aquilo que ainda tem de ser feito. É uma chatice.
Começar a fazer um bolo de iogurte? Maravilhoso, até dá gosto; que tranquilidade entra no corpo enquanto se mexe na farinha e se parte ovos. O barulho dos utensílios soa a sinfonias de amor e carinho.
Recomeçar a fazer um bolo de iogurte? Que raiva. Maldito bolo que não ficou bem à primeira, ninguém o vai comer. Estar a fazer outro agora… A farinha começa a parecer aquela areia demasiado fininha da praia que se mete em todo o corpo e os ovos são cascas de stress. Por azar, e porque as coisas funcionam assim mesmo, ainda vão estar dois ovos estragados e ir buscar outros ao frigorífico é uma viagem até à India. E o que antes soava a sinfonia, agora não passa de ruído poluente, também conhecido como “bebés a chorarem em viagens longas de transportes públicos”.
Muitos mais exemplos serviriam, contudo, a culinária – que está muito, mas mesmo muito, nos antípodas até, dos meus talentos – tem muito de realidade quotidiana e não é ao acaso que faz parte da cultura. Isso até mau cozinheiro, mas bom garfo – às vezes…para o que me interessa… – percebe.
Recomeçar, apesar de tudo, tem uma coisa boa – permite fazer melhor.
Setembro é um mês de muitos começos e recomeços. É bonito. Começa a Escola, o tempo frio faz as suas primeiras gracinhas, o Outono diz “olá” com as folhas a caírem e as mantinhas confortáveis que nos acompanham há anos voltam a sair das gavetas para aconchegarem o corpo enquanto se vê séries no quentinho.
É aproveitar. Começar faz bem e recomenda-se. Recomeçar, se tiver de ser – com calma.
Texto: Luís G. Rodrigues
Imagem: "Autumn Fall Leaves" (1888), Vincent Van Gogh
Imagem: "Autumn Fall Leaves" (1888), Vincent Van Gogh
Comente esta notícia