Fantastic Entrevista - Susana Mendes: "A Delfina da 'Floribella' foi uma personagem gigante para mim"
Estreou-se no formato telenovela no papel de Delfina, em Floribella, interpretação que lhe valeu o reconhecimento do público. Começou a representar aos 15 anos, na escola secundária, tendo depois frequentado a ESTC, em Lisboa. A atriz Susana Mendes é a nossa convidada nesta edição do Fantastic Entrevista, para uma conversa onde iremos abordar alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira.
Aos 15 anos, quando frequentavas a Escola Secundária de Gil Vicente e tiveste de interpretar a Alcoviteira do “Auto da Barca do Inferno”, decidiste que querias ser atriz. O que é que aconteceu nesse dia que de um momento para o outro veio definir o teu sonho profissional?
O que aconteceu nesse dia foi, aliás, foram uns nervos que nunca tinha sentido na vida. Tudo em mim falou. Houve uma certeza. Foi tão assustadora e tão boa a sensação. Diria, até, indescritível. Soube nesse mesmo instante que era aquilo que queria fazer para o resto da vida. Algo parecido com o Amor.
Entretanto completas o ensino secundário e tiras uma licenciatura na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Nesta passagem pela faculdade, o que mais contribuiu para a formação da atriz que és hoje?
Várias coisas contribuíram, como técnica, teoria, rigor, trabalho de equipa e ter conhecido colegas que acabaram por ser importantes na minha vida e na minha jornada como atriz.
Já com 21 anos, deixaste para trás o último ano do Conservatório para integrares o elenco do filme Kiss Me, de António da Cunha Telles. Que aspetos tiveste de pesar na balança na hora de decidir entre os estudos ou a participação neste projeto de cinema?
Curiosamente, não pensei muito. Na altura, para mim, foi óbvia, qual a escolha mais acertada. Pensei sempre que depois iria terminar, mas acabou por nunca acontecer.
Foto: Direitos Reservados |
Após esta tua estreia em cinema, apenas participaste na curta Aqui” de Emídio Miguel (2004) e na longa-metragem, Amália – O Filme, de Carlos Coelho da Silva (2008). Há 14 anos longe do grande ecrã, de que é que mais sentes falta na 7ª arte?
Do tempo. Em cinema existe todo um tempo para fazermos as coisas. Desde a produção, aos ensaios, construção de personagem, caracterização, repetição de cenas, entre outros. Em televisão, o tempo é diferente, tudo é feito numa velocidade inacreditável.
Floribella, onde interpretaste a malvada Delfina, foi a tua primeira novela. Que memórias tens do dia em que foste chamada para o casting e do momento em que soubeste que tinhas sido uma das selecionadas para fazer parte do elenco?
Lembro-me de ter recebido um telefonema de um antigo colega meu do conservatório de cinema, a dizer que estava a trabalhar com a Teresa Guilherme e que estavam a realizar castings para uma nova novela, e que tinha falado no meu nome. Fiquei super contente, como é óbvio, e um pouco nervosa, confesso. O dia em que recebi o telefonema a dizer que fiquei na Floribella foi um dos melhores momentos. Felicidade máxima.
Que impacto é que a Floribella teve na projeção da tua carreira enquanto atriz?
A Floribella foi um projeto com uma dimensão imensa em Portugal. Todas as pessoas conheciam a novela, as personagens, cantavam as músicas. A Delfina foi uma personagem gigante para mim, de tal maneira, que ainda hoje as pessoas me chamam pela personagem.
Foto: Direitos Reservados |
Na altura em que estavas a fazer a Floribella, em 2006, contracenavas com a atriz Mafalda Vilhena. Dez anos depois, voltaram a partilhar o plateau na novela da TVI, A Única Mulher. Apesar das personagens de uma novela para a outra terem outras características, que principais diferenças marcaram o vosso reencontro na ficção?
O meu reencontro com a Mafalda Vilhena acabou por ser um pouco agridoce, pois só nos reencontrámos em estúdio. Eu estava cheia de esperança de voltar a contracenar com ela, mas acabou por não acontecer. As nossas personagens não se cruzavam na historia de A Única Mulher. Mas deu para matar saudades dela. E a verdade é que continuo com esperança de voltar a trabalhar com a Mafalda.
Tens tido também muitos projetos televisivos na área da comédia, nomeadamente O Último a Saír, Hotel 5 Estrelas e Desliga a Televisão. O que mais te fascina neste tipo de formato?
O riso. O fazer rir e sorrir os outros é das coisas mais difíceis de fazer e das mais gratificantes.
Em 2013, tanto trabalhaste para televisão, na série Hotel 5 Estrelas, como para teatro, na peça O Guru, de Henrique Dias e Roberto Pereira, com encenação de José Pedro Gomes. Quais são as principais diferenças, no que diz respeito à construção e preparação da personagem, entre a televisão e o teatro?
Para além de serem áreas completamente diferentes, vamos falar do tempo outra vez. Em teatro, tu tens o mesmo texto, sempre. A cada ensaio, a cada espetáculo e com o público, tu descobres sempre algo novo. Tens o feedback imediato. Em televisão a personagem vai crescendo com os episódios. Cada episódio que recebes vais descobrindo coisas novas. Vais imaginado algo novo.
Integraste também o grupo de teatro “A Barraca”. Qual é a tua relação com o teatro e qual foi o momento mais marcante que viveste em cima de um palco?
É a minha formação como atriz. A minha base e a base de qualquer ator. Infelizmente, não consigo escolher um momento mais marcante, tenho tantos e por tantas razões diferentes .
Foto: Direitos Reservados |
De momento, estás de volta ao pequeno ecrã na novela da TVI, Para Sempre, na qual interpretas a Anabela Simões Peixoto. Depois de tantos anos de carreira, que novos desafios é que esta personagem te veio trazer?
Esta personagem trouxe os mesmos desafios que todas as outras. Penso sempre no que posso fazer de diferente que ainda não tenha feito.
Se te voltássemos a entrevistar daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?
O mesmo que agora.
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