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Entrevista DOP - Judite Dilshad

Fotografia: Catarina Guerra
Judite Dilshad é uma dos nomes mais conhecidos no campo da Fusão em Portugal. Comemorando 20 anos de ensino este ano, a bailarina e coreógrafa é responsável por ter formado várias artistas nacionais na área da Fusão e pela criação e produção do projecto Dilshadance. Na quarta edição desta iniciativa entre o Fantastic - Mais do que Televisão e o projecto Dança Oriental Portugal, falamos com ela para saber mais sobre o seu percurso, sobre as diferenças entre os estilos Oriental Dance Fusion e Indian Fusion, o seu método de ensino, a sua paixão pela Fusão e sua nomenclatura, entre outros.

1. Como surgiu a tua paixão pela Dança e, em particular, pela Dança Oriental e Fusão?
A minha paixão pela dança começou cedo com Aulas de Ballet Clássico. Aos 3 anos, claro que se tratava de aulas de movimento e era um espaço lúdico onde os jogos e o movimento puxavam pela criatividade. Portanto a soma de todos estes factores vieram com o tempo a revelar-se através da dança e gosto de pensar que esta foi a minha primeira linguagem. Após 10 anos de prática regular de ballet clássico durante a minha adolescência procurei outros estilos de dança. Nesta altura nós começamos a ouvir outros estilos de música, nem todos os nossos amigos e colegas de escola praticam ballet e por isso decidi na altura procurar aulas de outros estilos. Depois da faculdade, estava eu a trabalhar numa revista de saúde e fitness, o meu diretor envia-me para fazer uma entrevista a uma bailarina que tinha surgido então no mercado. Foi então que conheci a Joana Saahirah e passados 2 anos aceitei o convite para experimentar uma aula de Danças Orientais. Nestas aulas conheci o professor Américo Cardoso que acompanhava estas aulas com Percussão Árabe, que por sua vez me apresentou ao trabalho do professor Hossam Ramzy. (Apaixonei-me pela obra musical e estudei com Hossam e Serena durante uns anos na sua escola em Londres anos mais tarde. Aí mergulhei no mundo da música árabe e estudei os clássicos egípcios da música e dança). Assim que iniciei as minhas aulas em Lisboa fui uma aluna regular e fiz todos os workshops que apareciam nesta área. Um certo dia estava a sair de uma aula de percussão árabe e a professora de Dança Oriental nesse estúdio ia faltar nas semanas seguintes, e então pediram-me para a substituir. Lembro-me de ter tido algumas reservas na altura, mas a minha colega Cris Aysel que já ensinava no mesmo estúdio, lembro-me que me incentivou a aceitar o convite. Assim que começo a dar aulas foram surgindo rapidamente outros convites e acabo por abrir mais três ou quatro turmas. Nesta altura estava a coordenar estas aulas com a minha profissão na altura (tinha deixado a comunicação e estava na altura a dar aulas de metodologia do trabalho científico no Instituto Superior de Educação). Em 2004, já tinha tanto trabalho com a Danças Orientais entre aulas e performance, que optei por me dedicar exclusivamente à dança. Assim comecei nas Danças de Médio Oriente e rapidamente me interessei pela Fusão, talvez por ter praticado vários estilos de dança, por ter sido exposta desde cedo a outra cultura que não a portuguesa, por ter uma curiosidade por outros estilos e por outras áreas artísticas que são inspiradoras para quem pratica e procura desenvolver o seu repertório.

2. Quais são as tuas maiores influências artísticas?
O que mais influencia o meu trabalho, talvez tenha sido o facto de ser filha de pais de nacionalidades diferentes e por isso ter sido exposta à cultura indiana já em casa. Apesar de gostar muito de trabalhar também investi bastante em viagens/contacto com outras culturas e formação. De ter uma paixão pelos clássicos da literatura e do cinema, algo que não me chegava através das aulas de dança. A prática regular e presença constante do yoga ajudou-me muito, quer no ensino da dança, quer na minha própria formação como bailarina. 


3. Actualmente dás aulas de Dança Oriental e Fusão. Podes falar-nos um pouco sobre como começaste a leccionar e sobre o teu método de ensino nestas duas áreas?
Sim. Dou aulas online através de cursos que vou criando e que me possibilita passar conteúdos e aulas em direto. O meu método de ensino é simples: nas minhas aulas existe tempo para aquecimento com base em técnicas de pilates, yoga e respiração, depois uma parte técnica e coreográfica, e no final trabalho de alongamento. Nas minhas aulas estamos em constante procura e desenvolvimento de comunidade e de sentido de grupo. É importante sentir e respeitar o tempo de cada aluno e essa energia feminina tão característica nas Danças Orientais. Creio que em tudo o que fazemos existe o feminino e o masculino e é saudável que convivam, para que possamos contemplar mas também agir. Isto é muito importante para quem quer construir algo verdadeiramente artístico. Toda a estética feminina deverá ser equilibrada pela prática e ação consciente se queremos uma dança completa. E quanto mais tempo dedicamos a cuidar de algo, neste caso a dança, mais resultados pessoais obtemos. Passados 20 anos a ensinar nesta área, já consigo sentir a necessidade mais urgente no aluno quando entra na sala de aula (observando a sua postura, a energia no seu olhar, ou seja, a sua linguagem corporal), e muitas vezes aquilo que dizem estarem à procura, por vezes até está aquém do resultado após meses ou anos de prática. Raramente imaginam o nível de transformação que se inicia precisamente no momento em que iniciam a prática desta dança. 

4. Apesar de seres professora das duas artes, a Fusão é a que mais te arrebata o coração. Consegues explicar algumas das razões?
Existem duas razões para ter desenvolvido um repertório ligado à Fusão. A primeira - cada vez mais me percebo disto - é o facto de eu mesma a ser uma fusão de duas culturas. Demorei algum tempo, a dedicar-me à construção de repertório pessoal no Indian Fusion por exemplo. A segunda, prendeu-se com o lado prático. Ou seja, em 2006 começámos na produção cultural a criar espetáculos com artistas internacionais, - Jillina Carlano, Sharon Kihara, Ansuya, Dalia Carella, Hossam Ramzy e Serena, Helia Bandeh - com o intuito de desmistificar alguns conceitos e preconceitos ligados às Danças Orientais. O meu sonho na altura foi trazer estes artistas para espetáculo e dar formação nesta área. Alugámos as melhores salas de espetáculo na altura, para podermos alcançar um público que sabemos que não vai normalmente a um espetáculo exclusivamente de Danças Orientais. Foi então que nos vimos na necessidade de criar um grupo de dança que pudesse fazer as coreografias de grupo inspirados no trabalho de cada convidado. Em 2006 criámos 5 espectáculos únicos neste formato, 4 coreografias de grupo para cada um destes espectáculos. Assim percebi que a minha formação noutras áreas me permitiu trabalhar a outro nível, um outro ritmo e o meu repertório inevitavelmente mudou. As bailarinas que estavam comigo na altura também pediram formação regular no âmbito da fusão e assim iniciei várias turmas e workshops no mesmo ano. Foi intenso! 

Fotografia: Teresa Baliño

5. Tens mais de 20 anos de carreira. Quais são as maiores vantagens e os maiores desafios de viveres da dança? 
As maiores vantagens são talvez poderes gerir o teu tempo de forma a criar projetos e fazer colaborações. O desafio é conseguir gerir essa liberdade sem dispersar, mantendo o teu foco, caso contrário vais querer fazer muita coisa e isso por vezes pode tornar-se contraproducente. Claro que isto depende da tua visão, a curto, médio e longo prazo. Viver da dança em Portugal especificamente não é muito diferente do que acontece no resto da Europa pelo que me tenho apercebido. Se fores um artista que tem que criar, e para além disso fazer gestão da sua carreira, tens mais a aprender ao longo do percurso, do que provavelmente te ensinaram na escola. Inevitavelmente tens de ter espírito autodidata ou vai ser difícil acompanhar todas as mudanças de mercado. O desafio diria que é estares bem com a constante mudança - entender que está tudo sempre em movimento. 

6. Para além do Oriental Fusion Dance, também desenvolves o Indian Fusion. No que consiste este estilo e quais as maiores diferenças entre os dois?
Tal como no Oriental Fusion Dance, a interpretação é pessoal de cada bailarino, assim vai ser no Indian Fusion. Na minha visão o Oriental Fusion está mais próximo de toda a raiz de danças de Médio Oriente. Já o Indian Fusion é um estilo de dança de fusão onde se encontram elementos, que podem estar presentes na escolha musical, no guarda-roupa, na escolha e montagem coreográfica, de acordo com a estética da cultura indiana. Como sabemos, se estudarmos a história daquela cultura, a Índia é um universo vasto e repleto de pormenores. Se virmos 10 bailarinos a dançar Indian Fusion, todos vão ser diferentes e mesmo fazendo colaboração e dançando a mesma coreografia, vão mostrar formas subtilmente diferentes de dançar a mesma coreografia. Para além disso, conseguimos ver algo que tem a ver com a sua formação de base (se tem formação em alguma dança clássica indiana ou não). Não acho que seja imperativo terem estudado anos com um mestre de algum estilo de dança clássica indiana para poderem fazer Indian Fusion, mas como qualquer artista que vai fundir elementos, a sua autoridade naquela obra vai estar inevitavelmente presente nos pormenores e na forma como escolheu apresentar a sua dança. 


7. O nome Fusão Tribal OU ‘Tribal Fusion Bellydance’ parece ser, para muitas artistas da área, um nome pouco adequado para designar o trabalho com a fusão. Qual é a tua opinião relativamente a esta nomenclatura?
Toda esta questão da nomenclatura, parece-me natural numa dança dinâmica em relação à sua estória. O termo Bellydance nunca foi adequado para representar tudo aquilo que tem sido nas últimas décadas pelo menos, assim como o termo Tribal nunca foi fácil de explicar ao grande público. Os bailarinos, professores e alunos dentro da comunidade sabem do que se trata, mas o grande público ou o aluno que chega pela primeira vez para fazer aula precisa de praticar um pouco até encontrar a sua comunidade e sentir porque é que se denominou Dança Tribal. De resto, à excepção dos Estados Unidos que têm a realidade do povo nativo-americano, parece-me que o termo “tribal” não é pejorativo nem ofensivo, e este tem sido o debate nos últimos tempos. Como somos uma comunidade alargada presente em todo o mundo, o debate é necessário, a mudança de nomenclatura parece-me inevitável e vão surgir outras formas, outros nomes e outros estilos dentro dos estilos. O debate e mudança faz parte da consciência colectiva. 

8. O teu projecto-escola, Dilshadance, existe desde 2005. Podes falar-nos um pouco do trabalho desenvolvido no mesmo ao longo destes 17 anos?
A Dilshadance surgiu em 2005 como produtora cultural com projeto na área de formação e espetáculo, e como tal sentimos necessidade de criar grupos de trabalho onde estiveram envolvidos vários elementos de várias áreas que contribuíram para o sucesso da Dilshadance. Assim, tivemos a colaboração de várias pessoas na área de marketing, gestão, comunicação, guarda-roupa, porque tinha mesmo que delegar, já que foi um projeto no primeiro ano logo muito intenso. Criar um espetáculo e repeti-lo em várias salas de espetáculo já é desafiante, mas nós acreditámos que chegaríamos a mais público e por isso criámos só em 2006, seis espetáculos completamente distintos com artistas internacionais com mais experiência quer na Dança Oriental, quer na Fusão. Os artistas foram escolhidos pela sua qualidade quer como bailarinos, quer como formadores. Entre espectáculos o único denominador comum era a nossa visão em relação às Danças Orientais e suas fusões – queríamos deixar claro que estes estilos podiam ser apresentados com qualidade e todos podiam praticar. Depois de ter coreografado o nosso grupo para todos estes espectáculos, os anos que se seguiram foram dedicados ao ensino através de aulas regulares em vários estúdios de Lisboa, workshops e cursos intensivos por todo o país. Ao longo destes anos continuámos a produzir espetáculos e animações para eventos. 


9. Em 2019 apresentaste uma coreografia de tua autoria no Portugal Fashion Week. Podes falar-nos um pouco sobre como surgiu este convite e sobre como foi esta experiência?
Devo dizer que todos os convites que tenho recebido na área da dança de alguma forma estão sempre relacionados com aquilo que deixei feito nos anos anteriores e são referenciados por outros profissionais da dança. Este convite surgiu em 2019 para abrir a coleção da TracesofMeTMCollection no Portugal Fashion Week. Tinha lá estado no ano anterior com um grupo coreografado pela professora Tarikavalli e no qual estive como bailarina. No ano seguinte convidaram-me para fazer uma coreografia dentro do âmbito de fusão inspirado na coleção, de inspiração indiana. Na verdade o meu trabalho foi recomendado a esta marca pelo grupo de dança As Nossas Danças que também contribuíam na abertura da coleção. Abrimos para a marca no Porto e mais tarde em Lisboa. Neste trabalho senti outra maturidade como coreógrafa especialmente porque foi uma encomenda de uma marca que admiro e no âmbito do Indian Fusion. Neste trabalho tudo se alinhou. E quando assim é, tudo é mais leve e produtivo. 

10. The Power State - Curso de Dança Fusão Oriental é um novo projecto que lançaste em 2021. No que consiste esta formação? 
O curso de Power State é uma formação que surgiu numa altura muito específica como foi 2021. É um curso muito focado na dança e autoconhecimento. As alunas recebem uma série de conteúdos, têm acesso a uma plataforma, onde são sugeridos e solicitados trabalhos que são corrigidos individualmente, para além da aula semanal em direto. Neste curso todos fazem os trabalhos ao seu ritmo consoante o seu objetivo. Assim apesar dos conteúdos serem iguais para todos, estes acabam por ter um acompanhamento específico quando apresentam os seus trabalhos. Posso sugerir mais um ou outro tipo de trabalho na fase de aquecimento, podemos trocar experiências e ver como melhorar a parte da respiração ou alongamento na dança. Que seja uma experiência que se estenda a outras partes do seu dia-a-dia. Com este curso sugiro um trabalho especial para cada aluna, para mais qualidade de vida. Está relacionado com o reconhecimento do seu potencial, descobrir e a desenvolver tudo aquilo que nos torna únicos através da dança. Pessoalmente gosto do online, já que não encontro qualquer incompatibilidade com aula presencial. Existem hoje em dia possibilidades infinitas de trabalhar a dança. 

11. Que características achas indispensáveis num professor de Fusão? 
Para ser professor temos que estar sempre em constante formação, respeitar a diversidade na sala de aula e cultivar a paciência e união nos grupos de trabalho. Tornar claro aos nossos parceiros de vida e trabalho o que estamos preparados a fazer pela dança e alinhar com os nossos objectivos. Temos de viver em coerência e com a nossa verdade. Para ser um bom professor de fusão temos de escutar e sentir com mais precisão (isso demora tempo), por isso diria que é necessária uma dose de coragem para respeitar o timing em que tudo acontece para ele. Durante 20 anos dei aulas todos os dias. Isto possibilitou-me desenvolver um método próprio. As minhas alunas sabem que não repito uma aula, mas existe progresso. Tudo está ligado. Especializei-me em escuta auditiva e musicalidade, por isso não existe música que não saiba como interpretar. A este nível não existe o "certo e o errado". Existe desafio, coragem, alegria de criar algo único. Então cada professor vai ter o seu público. Em 2009 abri um estúdio próprio em Lisboa e ali estive uns anos até que percebi que não era o modelo para mim, nos moldes que queria desenvolver a minha carreira na dança. São fases que duram o tempo que tiverem de durar e depois se sentes necessidade de saltar para outro modelo eu diria que é importante fazê-lo. 

Fotografia: Teresa Baliño

12. Qual a tua visão sobre o nível de dança das bailarinas nacionais que se dedicam à Fusão?
Na área da Fusão Oriental em Portugal existem todos os níveis. Existem duas questões que podem abrandar o progresso da dança, nomeadamente o facto de se tratar de um estilo que requer alguma investigação e alguma dedicação por parte da bailarina, e por outro lado é um estilo que propõe muitas vezes apresentação de trabalho em grupo. Este último como sabemos é um trabalho que requer muitas horas de prática conjunta e como tal torna-se um exercício exigente em que não é muito claro se a aluna já se vê como bailarina. Acho que é uma questão de mindset. Se vais representar um estilo de dança que apesar de ser fusão integra elementos que representam outras culturas, não existe motivo para não dar o seu melhor. Existe alguma confusão entre exigência e autovalorização. A artista que vai apresentar a sua dança neste âmbito está em representação não só daquele estilo de dança, como de uma comunidade, como de uma determinada cultura e mesmo como elemento feminino ou masculino. Se sente que a coreografia requer uma apresentação estética ou conceptual mais arrojada ou mais simples que dê o seu melhor! Fazer por fazer, não altera nada. 

13. O que achas que se pode fazer para a Fusão se desenvolver mais em Portugal?
No seguimento da resposta anterior parece-me que todos os que participam nesta comunidade devem continuar a desenvolver um trabalho consciente, reconhecendo em todos os momentos da sua obra qual a sua intenção - isto muda tudo. Todos nós, bailarinos e alunos, podemos preparar-nos para continuar a nossa formação em vários estilos de dança, assim como aprender sobre outras áreas que podem ajudar a gerir e desenvolver a sua carreira. 

14. Podes dar algumas dicas às bailarinas que querem seguir a área da Fusão de forma profissional?
As bailarinas que querem seguir a área da Fusão de forma profissional, diria que é inevitável uma estratégia e uma nova visão da forma como têm trabalhado até aí. Tudo muda. Os gastos vão aumentar e por isso temos de fazer mais escolhas. Devo dizer, que por vezes tenho feito outros trabalhos para além da dança, apesar desta ter representado sempre a maior parte do meu tempo e investimento. Aliás, se a bailarina tem outros talentos profissionais, não vejo porque haveria de deixar de aceitar essas oportunidades. 

15. Podes nomear uma actuação de Dança Oriental/Fusão que te marcou? Quais as razões que te levaram a sugerir esta performance?
Deixo aqui três actuações inspiradoras na área da Fusão.
O trabalho de grupo de Rachel Brice pelo detalhe, precisão e preparação necessárias para atingir este nível:


O solo de Colleena Shakti pela graciosidade e como integra o Odissi no trabalho de Indian Fusion:
 

E a coreografia de Illan Riviére pelo contemporâneo, pela liberdade nas escolhas que faz e versatilidade: 


16. Que balanço fazes destes anos dedicados à arte? 
Faço um balanço positivo porque aproveito TUDO o que passou para co-criar na minha vida. Nem sempre soube ou tive consciência disto, mas nos últimos anos sinto com mais clareza - ajudei a transformar o percurso de centenas de alunos. Mantenho contacto com grande parte e muitos já não vivem em Portugal e agora parece que estamos mais próximos. Tenho o orgulho de ter contribuído e ter recebido nos meus grupos de dança, bailarinas que são hoje professoras nas suas cidades de norte a sul do país. Tenho alunas que me dizem que esperaram anos até terem coragem para vir fazer aulas. Umas continuam, outras pausam e outras voltam passados uns anos. Isso é tudo bom. Ninguém volta se não tiver crescido e sido feliz ali. No início foi duro porque não sabia melhor e desconhecia partes de mim. Hoje tenho uma visão mais leve e consistente, por isso faço bastante com menos esforço. A experiência mostrou-me as fragilidades, os meus pontos fortes e não me demoro a querer o que não é para mim. Assim, tenho mais espaço para criar e explorar possibilidades quer como bailarina, professora ou coreógrafa. 

17. Quais são os teus próximos projectos e objectivos profissionais?
O próximo projecto é na área da comunicação com profissionais ligados ao movimento e artes e estou a trabalhar nisto nos últimos meses. Está para breve e estou super feliz! O objectivo profissional é continuar na dança a construir com grupos - Aulas, workshops e cursos. – online e em breve no presencial.

Entrevista DOP - Judite Dilshad
Por Rita Pereira
Março de 2022