Fantastic Entrevista – Mafalda Rodiles: "Na minha área não há lugares conquistados, mas sim conquistas e trabalhos bons"
Foto: Direitos Reservados |
Regressaste a Portugal há cerca de dois anos, depois de teres vivido no Brasil. Que balanço é que fazes deste teu regresso, a nível profissional?
O que quero para a minha carreira é fazer projetos bons e desafiantes, seja em televisão, cinema ou teatro. Gosto de desafios, de coisas que me tirem da minha zona de conforto, gosto de arriscar, adorava por exemplo fazer uma louca ou uma prostituta. Nestes dois anos fiz a novela Amar Demais e agora estou na série A Lista e estou muito feliz porque a trama é ótima, e o elenco e a equipa são incríveis.
És licenciada em Gestão de Empresas. O que te despertou este bichinho e te levou a ingressar no mundo da representação?
Aos 15 anos disse à minha mãe que queria ser atriz.
Apaixonei me pela profissão quando ia ao teatro com ela, ficava fascinada a
olhar para os atores no palco e disse lhe “É isto que quero fazer.”
Tornaste-te conhecida dos portugueses com a tua Carlota da segunda temporada da série Morangos com Açúcar, da TVI. Como surgiu esta oportunidade? Com 21 anos na altura, tinhas consciência de que este era um projeto pioneiro e um marco tão importante no nosso país?
Fui a um casting para a segunda temporada dos morangos e fiquei! Lembro me que não contei a ninguém que ia fazer o casting e quando fui escolhida não queria acreditar. Foi a concretização de um sonho. Tinha noção da dimensão porque já assistia aos Morangos I, por isso fiquei mesmo muito feliz.
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Logo a seguir aos Morangos convidam me para apresentar o 6Teen que era uma espécie de Curto Circuito e era todos os dias em direto. Nunca tinha sido apresentadora e diretos são sempre um desafio, mas amei a experiência, adorei trabalhar na SIC Mulher e tenho imensa vontade de voltar a apresentar um programa. Adoro entrevistar, sinto sempre que aprendo muito.
Ao longo dos anos também tens vindo a frequentar diversos workshops e cursos de interpretação, improvisação, corpo e voz, com grandes nomes do mundo da representação. Qual a importância da formação na moldagem e consolidação da tua identidade enquanto atriz?
Eu fui para o Brasil justamente para estudar, porque na verdade sou formada em Gestão de Empresas, então nos meus primeiros anos de profissão sentia ali uma insegurança nas bases, fui aprendendo televisão fazendo. Mas foi muito bom ter estudado com pessoas tão incríveis no Brasil, até hoje sempre que preciso de preparar um personagem recorro a um preparador de elenco que adoro, que é o Christian Duurvoort. Até hoje continuo a estudar quando tenho tempo, na verdade adoro e acho que nunca estamos prontos para os desafios que podem aparecer nesta profissão.
Desde que iniciaste o teu percurso, somas já dezenas de trabalhos, não só em Portugal mas também no Brasil, para onde foste viver há já alguns anos. Quais foram as principais diferenças que sentiste na forma de se fazer ficção em Portugal e no Brasil?
No Brasil fiz cinema e teatro e também uma série e algumas
participações em novelas. A principal diferença é a dimensão, lá as coisas são
à escala do país, é tudo maior, especialmente os estúdios. E normalmente há
mais tempo de preparação e de estudo, e há também mais investimento. Mas o
jeito de fazer é muito parecido.
A tua experiência no teatro e no cinema prendem-se essencialmente com projetos no Brasil. Voltar às tábuas e à grande tela, principalmente em Portugal, é uma ambição?
É uma ambição fazer projetos bons, seja em televisão, cinema ou teatro. São veículos diferentes, gosto muito de fazer os 3, não conseguiria escolher um só. Adoro fazer televisão, fazer cinema é muito gratificante pelo tempo que temos e sou uma apaixonada por teatro, porque é único, é um momento que nunca mais se repete. É mágico! Tenho muitas saudades de fazer teatro. É a minha primeira paixão.
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Como encaraste a oportunidade de levar o teu talento além-fronteiras?
Eu nunca tinha pensado em emigrar ou em trabalhar no Brasil,
foi algo que aconteceu e que encarei como uma oportunidade e um grande
aprendizado. Foi muito bom, conheci pessoas incríveis, e até hoje pensamos em
projetos juntos.
Em 2017, lançaste o livro “Seja Feliz Sem Dietas”. Que importância atribuis à temática da saúde e do bem-estar?
Costumo dizer que sem saúde nada se faz, por isso é
essencial cuidarmos do nosso corpo e da saúde mental. E isso foi algo que só
consegui começar a fazer depois de engravidar da minha primeira filha aos 31
anos. Partilhei nesse livro a minha história e a minha relação com a comida e
com o meu corpo, e foi libertador e muito recompensador poder ajudar tantas
mulheres com a minha experiência. É um projeto do qual tenho muito orgulho.
Regressaste a Portugal há cerca de dois anos, depois de teres vivido no Brasil. Que balanço é que fazes deste teu regresso, a nível profissional?
O balanço é super positivo, fiz uma novela de uma autora que
adoro e estou neste momento a gravar a série A Lista na OPTO. Mas claro que
tenho imensa vontade de trabalhar e de novos desafios, sinto-me na melhor fase
da minha vida. Acho que na minha área não há lugares conquistados, mas sim conquistas e trabalhos bons. É verdade que quando me fui embora estava sempre a
trabalhar como atriz e sei que isso vai voltar a acontecer, porque é o que sei
fazer, o que amo fazer e o que me faz feliz.
Logo após o teu regresso a Portugal, surgiu a possibilidade de integrares a novela da TVI Amar Demais. De que forma encaraste esta oportunidade?
Foi muito, muito bom. Quando voltei a entrar em estúdio
parecia que nunca tinha saído dali, fui muito bem recebida, metade da equipa e
dos colegas eram os mesmos. Foi um misto de matar as saudades e voltar a
trabalhar no que amo, e fiquei muito feliz por ser uma novela da Maria João
Costa.
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A telenovela continua a ser o produto com maior sucesso junto do público. Porque é que achas que isso acontece? Se pudesses mudar algo na televisão portuguesa atual, que tipo de produtos gostarias de ver em exibição?
Acho que neste momento o panorama já está a mudar um pouco
para o formato série. Já se estão a gravar séries muito boas em Portugal e acho
que essa é a tendência mundial. Eu gosto de fazer novela, acho que o mais chato
de assistir em canal aberto são os intervalos.
Recentemente, gravaste numa produção para uma plataforma de streaming, A Lista da OPTO. Achas que o streaming poderá ser um caminho importante para apostar em formatos diferenciadores?
Sem dúvida! Estou a adorar gravar A Lista, é uma série para
um público mais jovem, mas o argumento é ótimo, a realização é super cuidada e
talentosa e os atores estão todos muito bem. Eu confesso que estou viciada
nesta série da OPTO.
O que nos podes contar sobre a tua personagem?
Eu dou vida à Francisca Rodrigues, uma advogada super
profissional, séria e dura. É muito diferente de mim e isso é ótimo!
Quão diferente é a construção de uma personagem para teatro em relação ao trabalho para televisão? Gostarias de voltar a fazer teatro em breve?
É muito, muito diferente. No teatro ensaiamos um texto
durante meses, e no início normalmente o processo é mais físico. E depois cada espetáculo
é único e mágico. Quero muito voltar ao teatro e acredito que isso aconteça no
próximo ano.
Se te voltássemos a entrevistar daqui a 10 anos, o que
gostarias de estar a fazer nessa altura?
Eu sou aquariana, sou daquelas pessoas que não consegue
fazer planos (risos) mas daqui a 10 anos espero estar tão feliz como estou
hoje.
Fantastic Entrevista - Mafalda Rodiles
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