Fantastic Entrevista | Isabela Valadeiro: "Nós, atores, precisamos de ser e estar disponíveis emocionalmente, sempre"
Foi um enorme desafio. Mudei-me de uma aldeia com pouco mais
de 500 habitantes para a capital portuguesa. Foi encorajador e trouxe-me
bastante independência e liberdade nas escolhas. No fundo, não foi só mudar de
casa, foi transitar para a fase adulta em 136 quilómetros.
Começaste o teu
percurso no mundo da moda, e chegaste até a vencer o prémio Face Model of The
Year em 2016. Que papel tem, neste momento, a moda na tua vida?
A moda foi para mim, um ótimo inicio de carreira. Cresci e
ganhei mundo. A moda terá sempre importância na minha vida. Mas é, neste
momento, um complemento da minha profissão.
De que forma surgiu a
representação na tua vida e quando é que sentiste que era esse o teu caminho?
Desde criança que adoro fazer teatro e declamar poesia.
Sempre adorei interpretar textos de outros. Não sei precisar o momento em que
definitivamente senti que era era este o caminho, considero que foi algo
gradual.
Apostaste na tua
formação enquanto atriz, tendo tirado o curso de Formação de Atores na escola In Impetus. Que importância achas que a formação tem no teu trabalho? Pretendes
continuar a apostar na formação?
Considero a formação fulcral na vida de qualquer ator (e
não ator inclusive). Muitas das formações teatrais e workshops são ótimos desbloqueadores emocionais. Nós, atores, precisamos de ser e estar disponíveis emocionalmente, sempre. Precisamos de conquistar essa disponibilidade e de
reciclar-nos com frequência, isto é, aprender coisas novas, métodos novos para
adaptar a cada nova personagem.
Foto: Direitos Reservados |
Desde o teu início no pequeno ecrã, em 2017, nunca mais paraste e contas já com vários projetos no teu currículo. Como é o processo de construção de uma personagem? Tens mais dificuldade em criá-la ou a despedires-te dela?
É um processo complexo, uma profunda descoberta. Acho mais
fácil criar a personagem. Quando a despedida fica difícil é porque a personagem
e o projeto, foram bons de se viver. E então, o desfecho não podia ser melhor.
O início do teu
percurso na SIC deu-se com a personagem Telma em Golpe de Sorte, que vai
agora na 4ª temporada e conta também com um telefilme de Natal. Como encaraste
o contínuo sucesso desta produção?
Da melhor forma. O Golpe de Sorte foi dos projetos que mais
gostei de fazer. Considero que o elenco escolhido, a história e a técnica
trouxeram o factor novidade e o espectador desde cedo empatizou com toda esta
fusão.
Foste nomeada na
categoria Revelação do Ano nos Globos de Ouro 2019, e venceste já em 2020 esta
mesma categoria pelos Prémios E!. Ser distinguida em premiações como esta é
importante para ti? Em que sentido influencia (ou não) o teu trabalho de atriz?
Ser nomeada ou vencedora será sempre muito bom. Será sempre
regozijador. Mas a cada novo projecto, um desafio diferente; Terei sempre
vontade de fazer melhor. E, francamente ainda não sei grande coisa. Tenho muito
que aprender.
Em Terra Brava,
assumes um papel completamente diferente do registo mais cómico com o qual te
deparaste em “Golpe de Sorte”. De que forma procuraste afastar-te da Telma?
A Rita e a Telma são personagens diametralmente opostas, já
de si, no papel. Criar uma foi a antítese da criação de outra. Uma robusta,
fria e frágil emocionalmente. Outra espontânea, doce e bem resolvida.
Foto: Direitos Reservados |
Com A Gala, este grupo de atores e autores adaptou-se às
circunstâncias. Para mim, foi uma experiência muito enriquecedora, até porque
fomos nós os criadores dos nossos cenários e os realizadores de todas as nossas
cenas. Portanto, dentro daquilo que era o nosso papel, vestimos outras peles
(mais técnicas) e levantámos isto, que foi um projeto e as suas circunstâncias.
O público gostou muito.
Ainda não tivemos
oportunidade de ter ver no Cinema e no Teatro (na sua forma tradicional e
presencial). São duas vertentes da representação que gostarias de experimentar?
São, sem duvida. São duas artes que venero e são também
objetivos futuros.
És uma das atrizes da
série Até que a Vida nos Separe, a nova aposta da RTP1 em horário nobre. O
que é que a esta produção tem de diferente daquilo que tem sido feito em
Portugal?
Até que a Vida nos Separe é uma série leve, sem
dramas de maior e sem vilões. É uma série muito bem realizada e com uma direção
de fotografia belíssima. É uma série que vive do amor e das suas particularidades.
Tem rasgos de comicidade e surpresa, que vai colar o espectador ao ecrã.
Foto: Direitos Reservados |
Acho que de ora em diante ver-se-ão muito mais séries na TV portuguesa,
mas as novelas terão o seu espaço reservado por mais uns largos anos.
O streaming é também
uma das apostas cada vez mais fortes a nível mundial. Em Portugal, a OPTO SIC
já produz as suas próprias séries e a RTP tem também a plataforma RTP Play com
conteúdo próprio. Como vês esta evolução na forma de fazer e de ver
ficção?
A evolução é fundamental em toda e qualquer área. É tempo de
acompanharmos o que vem a ser feito lá fora.
Quais são as tuas
maiores aspirações futuras?
Pretendo fazer Cinema e Teatro num futuro breve.
Se te voltássemos a
entrevistar daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?
Gostaria de, daqui a 10 anos, estar com uma peça em exibição
num teatro nacional e/ou em digressão pelo mundo, gostaria também (se não for
pedir muito) de ter um currículo vasto e repleto de experiências cinematográficas.
Fantastic Entrevista - Isabela Valadeiro
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