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Fantastic Entrevista | Isabela Valadeiro: "Nós, atores, precisamos de ser e estar disponíveis emocionalmente, sempre"

Foto: Direitos Reservados / Elite Lisbon

Isabela Valadeiro começou o seu caminho profissional pelo mundo da moda, mas rapidamente começaram a surgir oportunidades na televisão. Estreou-se em 2017 na telenovela A Herdeira, da TVI, canal onde assumiu também o papel de protagonista em Valor da Vida. Em 2019 mudou-se para a SIC, onde representou a ambiciosa Telma de Golpe de Sorte e Rita em Terra Brava. O Fantastic esteve à conversa com a atriz, e quis conhecer melhor o seu percurso.
 
És natural de Santo Amaro, uma aldeia pequena do Alentejo. Como foi para ti, com apenas 18 anos, vir viver sozinha para Lisboa para lutares pelo teu sonho?

Foi um enorme desafio. Mudei-me de uma aldeia com pouco mais de 500 habitantes para a capital portuguesa. Foi encorajador e trouxe-me bastante independência e liberdade nas escolhas. No fundo, não foi só mudar de casa, foi transitar para a fase adulta em 136 quilómetros.

Começaste o teu percurso no mundo da moda, e chegaste até a vencer o prémio Face Model of The Year em 2016. Que papel tem, neste momento, a moda na tua vida?

A moda foi para mim, um ótimo inicio de carreira. Cresci e ganhei mundo. A moda terá sempre importância na minha vida. Mas é, neste momento, um complemento da minha profissão.

De que forma surgiu a representação na tua vida e quando é que sentiste que era esse o teu caminho?

Desde criança que adoro fazer teatro e declamar poesia. Sempre adorei interpretar textos de outros. Não sei precisar o momento em que definitivamente senti que era era este o caminho, considero que foi algo gradual.

Apostaste na tua formação enquanto atriz, tendo tirado o curso de Formação de Atores na escola In Impetus. Que importância achas que a formação tem no teu trabalho? Pretendes continuar a apostar na formação?

Considero a formação fulcral na vida de qualquer ator (e não ator inclusive). Muitas das formações teatrais e workshops são ótimos desbloqueadores emocionais. Nós, atores, precisamos de ser e estar disponíveis emocionalmente, sempre. Precisamos de conquistar essa disponibilidade e de reciclar-nos com frequência, isto é, aprender coisas novas, métodos novos para adaptar a cada nova personagem.

Foto: Direitos Reservados

Desde o teu início no pequeno ecrã, em 2017, nunca mais paraste e contas já com vários projetos no teu currículo. Como é o processo de construção de uma personagem? Tens mais dificuldade em criá-la ou a despedires-te dela?

É um processo complexo, uma profunda descoberta. Acho mais fácil criar a personagem. Quando a despedida fica difícil é porque a personagem e o projeto, foram bons de se viver. E então, o desfecho não podia ser melhor.

O início do teu percurso na SIC deu-se com a personagem Telma em Golpe de Sorte, que vai agora na 4ª temporada e conta também com um telefilme de Natal. Como encaraste o contínuo sucesso desta produção?

Da melhor forma. O Golpe de Sorte foi dos projetos que mais gostei de fazer. Considero que o elenco escolhido, a história e a técnica trouxeram o factor novidade e o espectador desde cedo empatizou com toda esta fusão.

Foste nomeada na categoria Revelação do Ano nos Globos de Ouro 2019, e venceste já em 2020 esta mesma categoria pelos Prémios E!. Ser distinguida em premiações como esta é importante para ti? Em que sentido influencia (ou não) o teu trabalho de atriz?

Ser nomeada ou vencedora será sempre muito bom. Será sempre regozijador. Mas a cada novo projecto, um desafio diferente; Terei sempre vontade de fazer melhor. E, francamente ainda não sei grande coisa. Tenho muito que aprender.

Em Terra Brava, assumes um papel completamente diferente do registo mais cómico com o qual te deparaste em “Golpe de Sorte”. De que forma procuraste afastar-te da Telma?

A Rita e a Telma são personagens diametralmente opostas, já de si, no papel. Criar uma foi a antítese da criação de outra. Uma robusta, fria e frágil emocionalmente. Outra espontânea, doce e bem resolvida.

Foto: Direitos Reservados
És uma das atrizes de A Gala, uma experiência virtual que alia o teatro à realidade virtual e que surgiu pela necessidade de reinventar o mundo da representação aquando do COVID. Como encaraste este desafio? E como tem sido o feedback do público?

Com A Gala, este grupo de atores e autores adaptou-se às circunstâncias. Para mim, foi uma experiência muito enriquecedora, até porque fomos nós os criadores dos nossos cenários e os realizadores de todas as nossas cenas. Portanto, dentro daquilo que era o nosso papel, vestimos outras peles (mais técnicas) e levantámos isto, que foi um projeto e as suas circunstâncias. O público gostou muito.

Ainda não tivemos oportunidade de ter ver no Cinema e no Teatro (na sua forma tradicional e presencial). São duas vertentes da representação que gostarias de experimentar?

São, sem duvida. São duas artes que venero e são também objetivos futuros.

És uma das atrizes da série Até que a Vida nos Separe, a nova aposta da RTP1 em horário nobre. O que é que a esta produção tem de diferente daquilo que tem sido feito em Portugal?

Até que a Vida nos Separe é uma série leve, sem dramas de maior e sem vilões. É uma série muito bem realizada e com uma direção de fotografia belíssima. É uma série que vive do amor e das suas particularidades. Tem rasgos de comicidade e surpresa, que vai colar o espectador ao ecrã.

Foto: Direitos Reservados
Achas que as séries poderão vir a ganhar um peso maior na televisão portuguesa, em relação às novelas, ou acreditas que o segundo formato ainda predominará durante alguns anos?

Acho que de ora em diante ver-se-ão muito mais séries na TV portuguesa, mas as novelas terão o seu espaço reservado por mais uns largos anos.

O streaming é também uma das apostas cada vez mais fortes a nível mundial. Em Portugal, a OPTO SIC já produz as suas próprias séries e a RTP tem também a plataforma RTP Play com conteúdo próprio.  Como vês esta evolução na forma de fazer e de ver ficção?

A evolução é fundamental em toda e qualquer área. É tempo de acompanharmos o que vem a ser feito lá fora.

Quais são as tuas maiores aspirações futuras?

Pretendo fazer Cinema e Teatro num futuro breve.

Se te voltássemos a entrevistar daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?

Gostaria de, daqui a 10 anos, estar com uma peça em exibição num teatro nacional e/ou em digressão pelo mundo, gostaria também (se não for pedir muito) de ter um currículo vasto e repleto de experiências cinematográficas.

Fantastic Entrevista - Isabela Valadeiro

Por André Pereira, Joana Sousa

fevereiro de 2021