Querubim lança "Saber Estar", o álbum que dá "uma nova vida, brilho e cor" às melodias indie pop

Foto: Isis Gonçalves / Direitos Reservados

Chama-se Rodrigo Cardoso mas apresenta-se como Querubim, o nome do seu projeto musical. O jovem músico acaba de lançar o seu primeiro álbum, Saber Estar, um trabalho que dá "às melodias indie pop uma nova vida, brilho e cor". Rodrigo Cardoso começou a produzir música em 2016, com 15 anos, compondo e gravando canções, pensadas para um formato de banda em 2018. O Fantastic esteve à conversa com o responsável do projeto, cujo gosto pelo mundo artístico começou quando era ainda uma criança

 "Talvez a minha primeira experiência musical consciente tenha sido o Batatoon. Tinha 4 anos e lembro-me de ter, na altura, uma fixação pelo personagem, pelo universo do programa e pelas canções", começa por responder o músico de forma bem humorada. "Numa nota mais séria, o meu pai é um melómano e um colecionador ávido de música. Desde que me lembro que estou rodeado de música e exposto a ela, tanto que não me lembro de alguma vez não ouvir música", explica Rodrigo ao Fantastic.

O músico acredita que "foi no berço, foi em casa e foi nas viagens de carro, de forma constante e ainda hoje" que a sua relação com a música foi evoluindo. "O meu pai também me levou a concertos desde muito pequeno, inicialmente não por escolha minha (o primeiro de muitos foi o Iggy Pop, a que me levou nas cavalitas dele tinha eu 2 anos), mas sem nunca me forçar a fazê-lo, quando cheguei a uma idade de poder escolher", esclarece. 

O projeto Querubim começa a ganhar forma em 2019, altura em que Rodrigo começou a partilhar os seus temas com alguns amigos da faculdade. "O projeto foi a palco pela primeira vez nesse ano, na final do NOVA Bandas, concurso de bandas da Universidade Nova de Lisboa. Foi também em 2019 que o projeto integrou a compilação Novos Talentos FNAC, tendo aí recebido uma menção honrosa", relembra Rodrigo, que assume que a sua vontade de poder apresentar canções em palco foi aumentando a partir daí.

 

Querubim conta com voz Rodrigo Cardoso, mas ao seu lado estão também Ricardo Barroso (na guitarra), António Fortunato (no baixo), Francisco Cardoso (na bateria) e António Serra, nos sintetizadores. O projeto integrou a iniciativa Inéditos Vodafone, com o tema "Jardim da Luz", fazendo parte da compilação que conta com vinte temas de artistas portugueses, lançada durante a quarentena. Querubim subiu ainda recentemente a palco no espetáculo audiovisual ADSUMUS 2020, no Casino Estoril.

Como maior influência musical para Querubim, Rodrigo realça o projeto Ducktails, uma vez que foi o que mais o "motivou a começar a escrever canções", nomeadamente o álbum "St. Catherine", de 2015. "Nesse mesmo ano, tinha eu 15 ou 16 anos, o meu pai colocou o CD a tocar no carro e lembro-me de gostar bastante mas de não me dar ao trabalho de ir procurar ou sequer de fixar o nome. O momento chave foi quando, já largos meses depois, a lembrança de que esse álbum existia surgiu-me (e nunca vou saber de onde) na forma de reminiscência", conta ao Fantastic.

"Não me recordava do nome do artista, do álbum ou das canções e o meu pai também não me conseguiu ajudar a identificá-los a partir da descrição paupérrima que lhe dei na altura. Acabei por conseguir desbloquear essa memória e lembrar-me do nome da canção, encontrei o álbum e a partir daí ganhei um fascínio muito grande por ele. A forma como aparece na minha vida é estranha e até um pouco mística", esclarece. No fundo, Rodrigo confessa que acha curioso "que o álbum não tenha clicado" consigo de imediato e que, certo dia, como que "aborrecido com a sua vida de obra artística", tenha pensado: "Deixa-me lá ir visitar aquele rapaz de Carnaxide".

"Acima de tudo, marca um ponto de transição importante na minha relação com a música: passo a perceber que tenho uma afeição muito grande pela música pop e que gosto de sonoridades simples e harmoniosas. Além disso, é o ponto de partida para conhecer outros projetos que vão ter influência na forma como gosto de fazer música, nomeadamente Real Estate (uma banda que em que o músico por trás do projeto Ducktails era guitarrista na altura) e outras bandas americanas de indie rock/indie pop", explica-nos ainda Rodrigo.

Foto: Divulgação

Sobre Saber Estar, Rodrigo considera que este é um álbum com "uma atmosfera própria, transversal ao disco", algo que considera vir "das circunstâncias em que o disco foi feito", adiantando que é o responsável pela produção de todo o projeto. "É tudo gravado e misturado por mim, no meu quarto, e isso reflete-se necessariamente no som. Ao mesmo tempo, como são algumas das primeiras canções que fiz acaba por ser possível reparar que algumas canções estão mais arrojadas e outras mais cruas. Apesar de tudo, esse aspeto é uma das coisas que mais me agradam no álbum. Por muito que tente, mais tarde, fingir essa pureza, talvez não possa voltar a encontrá-la", conclui.

A adaptação natural à pandemia e o facto de passar grande parte do ano de 2020 em casa não impediu o autor de criar as suas músicas, mas foi o afastamento de os palcos que mais o preocupou. "No que toca à pandemia, não me impede de compor ou gravar (estou sempre a fazê-lo) e a banda consegue ensaiar como e quando entende. Como disse, a maior amargura é a dificuldade que se sente em arranjar concertos. Por norma, têm acontecido em grandes salas e teatros que permitam o distanciamento social, mas o acesso a esses espaços não é lá muito fácil", conta o responsável de Querubim ao Fantastic.

 Depois de chegar às plataformas digitais, Saber Estar prepara-se para chegar ao formato físico em breve e estão ainda prometidos alguns lançamentos de merchandising de Querubim. "Neste momento não há concertos marcados, mas estou a fazer o melhor que posso para arranjar datas. Este projeto subiu poucas vezes a palco e queremos muito mudar isso. A apresentação do álbum ao vivo é uma festa muito bonita que só está à espera de poder acontecer", conta-nos Rodrigo Cardoso.

Para saber mais sobre Querubim e ouvir o seu novo trabalhos, visita a página https://querubim.bandcamp.com/