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"A Caminho da Índia" é o novo documentário do realizador português Marcos Cosmos

Marcos Cosmos é o realizador, produtor e montador de A Caminho da Índia, um documentário que o mesmo assume como sendo voyeur, no sentido da observação. O filme, sem depoimentos, foi produzido por uma reduzida equipa técnica de câmara na mão, que observou e ouviu as conversas cruzadas dos clientes de um restaurante lisboeta - A Casa da Índia. Para além disso, é possível ainda acompanhar a rotina diária do funcionamento do restaurante, que acaba por desvendar aos espectadores lugares interditos ao público, como a cozinha e o escritório.

"A Casa da Índia é um restaurante, cervejaria e churrasqueira de especialidades portuguesas situado em Lisboa na Rua do Loreto no centro de um triângulo de diversão noturna composto pelo Bairro Alto, Bica e Cais Sodré. Por isso mesmo tornou-se num ponto de encontro de amigos que fazem o aquecimento para a noite", explica Marcos Cosmos. "As minhas primeiras refeições na Casa da Índia começaram há mais de 40 anos, desde a altura em que acompanhava o meu pai que é artista plástico, ao seu antigo atelier na Rua das Chagas, mesmo ali ao lado", contou também.

Paulo Campos, Carlos Manuel, Álvaro Martins, Cristovão Campos e Joana de Verona são as pessoas acompanhadas por este filme, aos quais se junta, numa participação especial, João Tempera, Eduardo Frazão, Fernando Nobre, Sérgio Rossi, Melão e João Moreno. "Nas mesas pode-se ouvir de tudo. Anónimos e figuras conhecidas aos pares ou em grupos grandes, portugueses, espanhóis, suecos, americanos, australianos, chineses, falam de futebol, de música, de trabalho, da cidade, da família, da comida, das compras, do mundo, da noite de copos, da rapariga gira que está na outra mesa, brindam em festa", revela ainda Marcos Cosmos.

Como elo de ligação entre todas as personalidades está o "carismático e mais antigo empregado, o Paulo Campos", adianta o realizador. "Vindo de um recatado subúrbio de Lisboa, de um dia para o outro vê-se inserido num maravilhoso mundo novo no coração de uma cidade cheia de apelos e pecados. Tem uma relação muito próxima com os seus patrões, o senhor Manuel e o senhor Martins", continua Marcos Cosmos.

A Caminho da Índia assume-se como um documentário atual mas que "servirá para memória futura sobre esta época e estes lugares", onde conhecemos "o presente e o futuro de uma Casa que já faz parte da História cultural da cidade de Lisboa". Tudo começa quando o empregado, Paulo Campos, já recolheu as cadeiras e varre o chão. Já passa da 1 da manhã e a porta do restaurante está fechada. Lá fora, Duarte, 'dono' da famosa grelha dos frangos assados, fuma um cigarro de fim de turno. O camião do lixo pára à porta. No balcão o Cristovão Campos bebe a última das muitas imperiais da noite. Ficou sozinho depois de uma grande jantarada com os seus colegas atores músicos, João Tempera e Eduardo Frazão, a banda da série televisiva Os Filhos do Rock.


Joana de Verona, também presente naquele restaurante, vai a Paris para um casting e aproveita para deixar com o senhor Manuel as chaves da sua casa, uma amiga vai lá dormir por estes dias. No final da noite o Paulo voltará a recolher as cadeiras e a varrer o chão. E no dia a seguir novas conversas se irão ouvir ao balcão e nas longas mesas corridas, sempre propícias a novos relacionamentos.

"Sem nenhum constrangimento em se assumir também na ação, a equipa técnica (mas nunca a câmara) por vezes é cúmplice no desenrolar da narrativa, havendo por exemplo, conversas entre o Paulo e o realizador. Nestes moldes é construída uma narrativa do dia-a-dia que corresponde em termos de rodagem a vários períodos de tempo durante cerca de 3 anos", conclui o responsável pelo projeto.

Luis Bento, Hugo Folgado juntam-se a Marcos Cosmos na captação de imagem, enquanto a captação de som fica a cargo de Bruno Camarinha, Diana Meireles e Nuno Veiga. Já a pós-produção áudio é de Pedro Silva, contando com o apoio à produção de Paulo Portugal. O filme não tem ainda data de estreia mas deverá chegará às salas em 2022.