Atores Portugueses na Netflix, Sabe Onde Encontrá-los [Parte 9]

Nesta edição vamos desde uma epopeia histórica até ao mundo dos super-heróis. Descobrimos as exigências e o trabalho por detrás de uma participação numa megaprodução e abordamos, ainda, duas aventuras bem recentes de atores nacionais nas últimas temporadas de duas séries de grande sucesso. Contamos-te, também, quem foi o primeiro ator português a integrar o universo Marvel no mundo de The Defenders da Netflix. Descobre mais sobre duas das séries com maiores legiões de fãs e quem são os artistas envolvidos nesta nova parte do especial Fantastic.

ALBANO JERÓNIMO e IVO ALEXANDRE em VIKINGS

Um marinheiro grego foi a porta de entrada de Albano Jerónimo numa das séries mais badaladas dos últimos tempos. Vikings, tal como o título indica, conta a jornada de conquistas e invasões do exército nórdico, baseada em contos e lendas da saga Viking Ragnar Lothbrok. É uma megaprodução que tem aos comandos Michael Hirst conhecedor do género histórico pelos seus trabalhos no filme Elizabeth e nas séries que foram exibidas na RTP, The Tudors e The Borgias, filmada na Irlanda para o History Channel americano em parceria com a HBO.

«Ao abraçar este projeto, vi-me numa realidade onde 70% do meu trabalho se encontrava feito, pois estamos a falar de uma produção com um orçamento enorme para uma plataforma como a HBO e onde todos os departamentos criativos (guarda-roupa, caracterização, direção de arte e toda uma realidade técnica), contribuíram para uma maior liberdade artística e exposição do trabalho», avança o ator ao Fantastic. O interprete foi escolhido pelo diretor de casting Franck Moiselle no âmbito da iniciativa Passaporte de Patrícia Vasconcelos.

O que vemos representado no ecrã é fruto de um intenso trabalho de preparação que exigiu ao ator aulas de grego arcaico, na realidade Albano Jerónimo teve de aprender a língua em três meses, o orçamento é, mais uma vez, um ponto a realçar neste tipo de produções. «Foi um degrau acima do que se faz por cá e sobretudo na forma como se vê o que se faz. Ou seja, a perspectiva orçamental é vista como um claro investimento em prol de uma evolução artística do produto final e não a ideia de se produzir com menos para se continuar a ganhar dinheiro. No fundo, o contrário do que se faz em Portugal. Se é algo que funciona, “dá dinheiro”, vamos investir mais na produção para se ir mais longe, para mais pessoas aderirem à série e claro, no fim, rentabilizar mais o trabalho e a série», conta-nos o interprete que partiu para a Irlanda em setembro de 2017 e manteve-se até dezembro desse mesmo ano.

Euphemius, personagem do artista, chega na quarta temporada da história numa participação que se estende até à quinta season, um papel que conseguiu cativar aquele que é um dos artistas mais conceituados do nosso país. «Encontrei toda uma outra forma de estar naprofissão, onde o trabalho é encarado com a delicadeza de quem deseja ir mais longe de forma séria e responsável».

A mais recente leva de novos capítulos volta a contar com um português no elenco, desta vez Ivo Alexandre que em conversa com o Fantastic não avançou detalhes sobre o seu personagem, mas garantiu que foi um trabalho inesquecível. «Como a maior parte dos meus colegas, esta oportunidade deveu-se ao evento Passaporte. Esta iniciativa da Patrícia Vasconcelos e da Academia Portuguesa de Cinema tem permitido aos atores portugueses conhecer diretores de casting internacionais e mostrar o seu trabalho. Eu tive a sorte de conhecer o Frank Moiselle, e de ele ter apostado em mim para fazer casting para a série VIKINGS. Foi uma experiência inesquecível, trabalhei com uma equipa fenomenal, desde a área artística, à técnica. A minha personagem surgirá na segunda parte da sexta temporada, por isso não posso adiantar nada sobre ela… Mas posso dizer que foi um belo desafio, exigente, principalmente no que diz respeito ao trabalho do texto», diz-nos o artista que em breve vamos poder ver no filme Fátima de Marco Pontecorvo.

As primeiras três seasons já estão disponíveis no catálogo da Netflix, e servem de aquecimento para a chegada dos dois atores nacionais à série. A quarta temporada deverá chegar ao catálogo da Netflix Portugal no verão deste ano.

PEDRO CARMO em JESSICA JONES

Daredevil chegou à plataforma com o objetivo claro de criar uma ligação entre o mundo das séries e a saga do Universo Cinematográfico Marvel, que à época já se tinha tornado numa das franquias de maior sucesso do cinema. A adaptação de personagens de Banda Desenhada para a Netflix ganhou, ainda mais, corpo com a introdução de novos super-heróis com shows em nome próprio. É em Jessica Jones, a representante feminina dos heróis Marvel destacados no streaming, que se dá a entrada do primeiro ator português no gigantesco universo de Avengers.

Pedro Carmo, que tem somado várias participações em obras de grande destaque nos Estados Unidos, país onde vive atualmente, assegurou um lugar na última temporada de Jessica Jones num episódio em que a personagem de Krysten Ritter se debate com várias dúvidas sobre a sua irmã, Trish Walker. «Embora a minha participação tenha sido curta, tive oportunidade de assistir à preparação e execução de uma cena de ação da atriz com quem contracenava e isso foi curioso», conta o intérprete ao Fantastic, dando ênfase à dificuldade que existe em conseguir um papel numa produção desta dimensão. «Não é nada fácil ser selecionado para series desta projeção. São muitos anos de audições e de vez em quando surge a oportunidade», confessa.

O Galerista, personagem do ator surge em cena no terceiro episódio da terceira season, e apesar de apenas uma curta experiência, Pedro Carmo avança-nos que foi algo que lhe deu «muito gosto», até pela abertura da equipa. «Do ponto de vista do trabalho de ator e embora seja sempre necessário estar pronto para trabalhar sem ensaios ou sem muito tempo de preparação, o realizador ainda nos permitiu algum espaço de improvisação que do ponto de vista dele ajudava à cena. E isso nem sempre acontece e deixa-me sempre satisfeito, pois permite a experimentação que eu como ator aprecio», garante o artista que, também, pode ser visto na Netflix em Blacklist nos capítulos mais recentes da trama.

Jessica Jones é um original da Netflix, fruto da parceria entre a Disney, dona dos direitos de adaptação dos personagens Marvel para o Cinema e TV. A terceira season marca o capítulo final desta parceria e o fim da série, pelo menos dentro da lista de produções em andamento da Netflix. Com a estreia do Disney+, plataforma de streaming que vai englobar todos os títulos e marcas do acervo da empresa do Mickey Mouse, as produções que incluem Luke Cage, Daredevil, Jessica Jones, Iron Fist e The Defenders, poderão ser repescados para novas temporadas.

Amanhã viajamos até Paris na companhia de Benedita Pereira para nos revelar alguns pormenores sobre a série Versailles e levantamos a ponta do véu de um dos futuros originais da Netflix que traz a primeira atriz nacional no papel principal, tudo isto para ler em mais uma edição deste especial Fantastic.