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Cinema em Doses Curtas | A Bruxa de Arroios


O Fantastic apresenta a curta-metragem A Bruxa de Arroios. O filme realizado por Manuel Pureza venceu o Grande Prémio do Festival Motelx, na edição de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a curta-metragem na íntegra:




A Bruxa de Arroios: Análise do Filme

Basta assistir ao genérico inicial da curta-metragem, para percebermos, desde logo o trabalho cuidado a nível gráfico, da mesma. O filme prima por um rigor visual, aliado a uma direção de arte exímia, da responsabilidade de Inês Pedro, Ana Praxedes e Rita Amasque. 

Rita Blanco e José Martins são os únicos dois atores que compõem o elenco de A Bruxa de Arroios, embora o destaque vá, claramente, para Rita Blanco, a protagonista do filme. Na história, a atriz interpreta o papel de uma mulher cansada dos graves problemas de falta de comunicação que existem entre si e o marido. Farta desta situação, decide vingar-se da falta de atenção do esposo e fazer uns bolinhos muito especiais.

A realização de Manuel Pureza sugere-nos também um equilíbrio entre o desespero da personagem principal e a indiferença do seu marido. Por outro lado, é Rita Blanco quem traz a essência da história até aos espetadores. Mais uma vez, a atriz justifica porque é considerada uma das melhores e mais versáteis atrizes nacionais, num papel que nos leva a amá-la e odiá-la em simultâneo. Com um visual cuidado, simples e preocupado, a crescente impaciência da mulher, leva-nos também a ficar ansiosos pelo desfecho. Acabamos por ser levados num enredo que consegue passar pela comédia e pelo terror em apenas dez minutos.

Rodada nos estúdios da série A Família Mata, da SP Televisão, esta curta-metragem acaba por ganhar muito com o ambiente criado pelos próprios cenários e pelos detalhes visuais alcançados. O contraste entre o ambiente acolhedor da casa e o desenrolar da ação acaba por resultar muito bem e ser um dos pontos essenciais do filme. Importa ainda referir o bom trabalho de fotografia e iluminação, fulcral para distanciar este trabalho do formato televisivo.

O final, visualmente explícito, tão inesperado e quase ridículo, torna-se verosímil tendo em conta o tom de todo o filme. Mais do que uma situação real e concreta, este filme é precisamente uma grande metáfora. De salientar ainda a ideia de genial de colocar as falas do marido nas capas do jornal, mostrando que o homem dá mais importância à obsessão pelas notícias e pelo mundo exterior do que à própria mulher. E não será este homem, aqui apresentado de uma forma metafórica e ficcionada, um reflexo de todos nós? Provavelmente A Bruxa de Arroios é, para além de uma cativante história, um bom exercício de reflexão sobre aquilo a que damos realmente importância no nosso dia-a-dia.

Por André Pereira