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RTP - A história de um país no ecrã


Foi a 7 de março de 1957 que a Radiotelevisão Portuguesa iniciou as suas emissões regulares. No dia em que a RTP comemora mais um aniversário, uma data que assinala o início da televisão em Portugal, recorda agora alguns dos melhores momentos desta história, da qual todos nós fazemos parte.

A RTP começou a emitir as primeiras imagens no dia 4 de setembro de 1956. A mira técnica surge e Raúlo Feio entra logo depois para apresentar o programa da noite, às 21h30. Começava assim a primeira experiência televisiva em Portugal. As emissões regulares do canal, essas, só começariam um ano depois.

Nessa emissão, evocou-se a lenda de Ali-Babá, fazendo-se a analogia entre aquele momento e a caverna, com o "Abre-te, sésamo!” a corresponder a um desfile de maravilhas perante os olhos inquietos e deslumbrados dos espetadores.



Seis meses depois, a 7 de março de 1957, fazia-se história em Portugal. “Começam hoje as emissões da Radiotelevisão Portuguesa, que ainda não terão caráter definitivo, visto tratar-se justamente de um ensaio que se alongará por alguns meses, até que esteja pronta a instalação da cadeia de emissores que cobrirá 60% do território metropolitano. Só então se farão emissões de tipo definitivo. Todavia, este período de ensaio, quer quanto ao número, quer quanto à qualidade dos programas, representa, na verdade, um avanço sensível relativamente às emissões da Feira Popular". Iniciava-se assim a televisão no nosso país.

Os primeiros anos de emissão da RTP ficaram marcados por grandes acontecimentos mundiais, como a visita do Papa Paulo VI a Portugal, em maio de 1967, por ocasião do cinquentenário das aparições de Fátima. O evento marcou de modo significativo a primeira década de emissões regulares da RTP e não só: de tão relevante para a vida do país e do mundo católico, impôs à televisão portuguesa a responsabilidade da maior cobertura televisiva até então realizada em direto.



Foram precisos 150 técnicos especializados e ainda material de várias televisões europeias para que a emissão se realizasse. No mesmo ano, realizou-se a segunda transmissão direta para a rede da Eurovisão, com a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de Futebol, entre as equipas do Celtic de Glasgua e do Internazionale de Milão em campo. 

Anos volvidos, ao comemorar 20 anos, a RTP aposta ainda num dos programas que viria a reformular para sempre a televisão em Portugal: a novela brasileira Gabriela, a primeira telenovela a ser emitida no nosso país. A emissão do programa A Visita da Cornélia, o primeiro grande concurso na nossa televisão, foi outro dos pontos altos. 



A novela Gabriela mereceu honras de apresentação à imprensa e a muitos outros convidados no salão nobre do Hotel Ritz, em Lisboa.  A história era emitida cinco dias por semana e acompanhada por uma audiência aproximada de 4 milhões de espetadores, um resultado muito acima do que poderia ser esperado. Foi um dos maiores fenómenos televisivos de sempre.

Um ano depois, a 25 de dezembro de 1968, a  RTP2 começou as suas emissões, com o nome sob o nome II Programa, na frequência de UHF. Na altura, o canal apenas retransmitia alguns programas que horas antes tinham sido transmitidos no I Programa (RTP1). As suas emissões regulares apenas começariam a 21 de novembro de 1970. À medida em que os anos 70 avançavam, o II Programa começou a apresentar na sua programação própria, com programas que a I Programa ainda não tinha transmitido.
 
A 21 de julho de 1978, o II Programa suspendeu as suas emissões para se submeter a uma remodelação, tendo regressado 16 de outubro do mesmo ano, passando a RTP1 e RTP2 a funcionar como canais independentes. 


A RTP volta a fazer história alguns anos depois, marcando em 1980 uma das grandes viragens da televisão: o início das emissões regulares a cores na RTP. Foi 7 de março, dia do 23º aniversário da empresa, durante o Festival RTP da Canção, que os portugueses viram, pela primeira vez, a televisão a cores. Uma noite que terminou com a vitória de José Cid com Um Grande, Grande Amor.

A entrada na década de 90 viria a marcar o final de uma era de ouro para a RTP. A 10 de junho de 1992, a RTP Internacional inicia as suas transmissões e a RTP transforma-se em sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos - a Radiotelevisão Portuguesa, S.A. Na mesma altura, surge a primeira televisão privada em Portugal, a SIC - Sociedade Independente de Comunicação, e pouco depois, a estação pública é derrotada em audiências, ficando longe da liderança. Até hoje, a RTP nunca mais conseguiu superar as televisões privadas na sua média anual de audiências.



Do universo da RTP fazem ainda parte outros canais. No dia 7 de janeiro de 1998, iniciaram-se as emissões regulares da RTP África, destinada aos habitantes dos países lusófonos, como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Já em 2004 é criado o canal noticioso RTPN, que mais tarde muda de nome para RTP Informação e, em 2015, recebe o nome de RTP3.

Em 2007, a RTP comemorou os seus 50 anos de emissões em Portugal. Nesse ano, foi inaugurado um enorme carro de exteriores totalmente equipado para emissão em HDTV e ainda um novo complexo de estúdios, em Chelas, com meios técnicos mais modernos e prontos para o arranque da emissão da TDT (Televisão Digital Terrestre).


A estação iniciou em 2016 um novo rumo editorial e uma nova imagem gráfica, estreada no dia em que comemora 59 anos. A nova administração quer aproximar o canal dos portugueses, com uma programação de serviço público de melhor qualidade - em cima da mesa estão novos projetos de ficção, melhor entretenimento e o mesmo rigor informativo.

É assim que a RTP chega ao presente à procura de uma identidade que responda ao obrigatório serviço público e que concilie a tradição e a modernidade, de forma a ser a televisão da maioria dos portugueses. Que com mais ou menos audiências, não deixa de ser a primeira televisão de Portugal, escrevendo todos os dias a sua história em texto, sons e imagens.

RTP - A história de um país no ecrã
Texto: André Pereira
Revisão: André Rosa