Header Ads

Saídos da Rádio | Magana

   
Nuno Romano-Batista  e Jaime Romano-Batista são de Alcácer do Sal e em 2014 formaram os Magana.  “Na Terra do Sr. Zangão” é o seu primeiro album, uma fusão de vários estilos: pop, rock, jazz, bossa-nova, funk, soul, folk, fado. A banda portuguesa é nossa convidada nesta edição do "Saídos da Rádio".

Como nasceu a vossa paixão pela música?
Talvez a nossa paixão pela música tenha nascido do facto do nosso pai ser músico profissional. Desde sempre estivemos em contacto com a música, crescemos em salas de ensaio, rodeados de instrumentos e aparelhagens, por isso seria perfeitamente normal, mais tarde ou mais cedo, começarmos a fazer música.

De onde surgiu a ideia de criar este projeto? Porquê o nome “Magana”?
Este projeto surgiu por acaso, não foi uma coisa premeditada, simplesmente aconteceu. Estávamos numa sessão de gravação de um outro projeto nosso, e num dos intervalos das gravações começámos a brincar com uns acordes e a cantar umas frases soltas que nos divertiram bastante. Decidimos então que tínhamos que fazer uma coisa do género, assim mais para a comédia. Foi assim que surgiu este projeto. O nome Magana veio depois, já tínhamos o disco quase todo feito e ainda não tínhamos nome. Achámos por bem, que o nome deveria ser um regionalismo “nosso”, aqui do Alentejo, e também que transmitisse sarcasmo, o nome Magana assentou que nem uma luva.

“A Estória do Zé” é o primeiro single do vosso disco. De que nos fala este tema?Este nosso primeiro single, “A Estória do Zé”, fala-nos acerca do típico machoman português, aquele da camisa aberta e do fio de ouro ao peito, que bate os bailaricos de verão com a mini na mão. Foi inspirado numa frase da Cristina Ferreira, quando os Chave D’Ouro foram ao programa da manhã, e ela disse para o Zé (vocalista) que ele tinha um grande carpélio. Por isso a estória começa: “Esta é a estória do Zé, carpélio do peito em pé….” O resto foi só desenvolver.


Ao longo das 11 faixas do disco percorrem uma variedade de estilos, desde o funk, jazz, pop, entre outros. Porquê esta diversidade?
Em primeiro lugar porque fomos buscar um bocadinho de todas as nossas influências musicais, apesar de sermos mais do rock, mas ouvimos e gostamos um bocadinho de tudo. E em segundo lugar, porque cada tema é uma história bem diferente da outra, este é um disco de histórias, assim, tivemos a necessidade de recriar um ambiente e estilo bem diferente para cada música. Não nos quisemos restringir a um só estilo, aqui quisemos dar asas à nossa imaginação e fazer uma coisa completamente diferente do normal, o desafio foi bem maior.

Qual a maior dificuldade com que deparam: compor os temas ou escrever as letras das músicas?
Sinceramente para nós, não há uma coisa que tenha mais dificuldade do que a outra, as coisas acontecem naturalmente, é preciso é haver inspiração, sem ela não se pode fazer nada, bem podes passar 24h no estúdio que não te sai nada. Mas quando as coisas correm de feição, tudo corre bem. Muitas vezes surge primeiro a música e só depois a letra, mas muitas vezes é ao contrário, não existe uma regra.
Que público-alvo pretendem atingir?
Com este projeto achamos que não temos um público-alvo definido, este trabalho é bastante eclético, há temas que agradam aos mais velhos, assim também como há temas que agradam aos mais novos, há de tudo um pouco neste trabalho.


O álbum saiu em maio deste ano em formato digital. Que feedback têm recebido por parte do público?
Até agora o feedback que temos recebido por parte do público tem sido bastante positivo, ainda é muito cedo para fazer análises desse tipo, até porque o álbum ainda é muito recente, e ainda só foi lançado um single, mas até agora todas as críticas que temos ouvido têm sido bastante positivas. Este é um trabalho transversal a toda a gente, independentemente do teu estilo, vais-te identificar com alguma letra de certeza. É um trabalho que agrada dos 7 aos 77.

Em 2016 participaram no “The Voice Portugal” (RTP 1). Que avaliação fazem desta experiência e qual a importância destes concursos na atualidade?
É verdade, o ano passado tivemos essa experiência. Adorámos a nossa passagem pelo programa, na medida que fizemos bons amigos e bons contactos, no geral foi uma experiência bastante positiva. A nossa intenção foi ganhar um pouco mais de visibilidade para o nosso projecto, que de certa forma conseguimos, nunca foi nossa intenção ganhar o programa, até porque nem tínhamos hipótese alguma com as vozes que por lá passaram.

Na nossa opinião, este tipo de programas não vai fazer nada de ti se depois não tiveres todo um trabalho preparado. És o melhor enquanto lá andas, mas depois nunca mais ninguém quer saber de ti. Por isso, mesmo passando por este tipo de concursos, o nosso conselho, se querem mesmo viver da música, é que não se encostem à sombra da bananeira, e que trabalhem muito todos os dias, abdicando de muita coisa boa. Sim, porque quem pensa que a vida de músico é só maravilhas e glamour, está muito enganado e terá de repensar se realmente quer fazer disto vida.

Quais os vossos objetivos no mundo da música?
Os nossos objectivos passam por nunca deixar de tocar e fazer música, é aquilo que gostamos realmente de fazer. Se no futuro vamos ter sucesso? Não sabemos, só sabemos que queremos fazer música, se o sucesso vier, melhor, é o sinal do reconhecimento do nosso trabalho. Mas nós sempre tivemos uma máxima, dá sempre o teu melhor, seja para 20 ou para 20000 pessoas, não interessa, é igual. As 20 pessoas que estão lá para te ver, gostam de ti igual às 20000, merecem todo o teu respeito.

Quais as vossas referências nacionais e internacionais?
São tantas que nunca mais acabávamos de mencionar, mas a nossa maior referência é o rock dos anos 90, foi com isso que crescemos, apesar de ouvirmos um bocado de tudo.

Como caracterizam o estado da música portuguesa nos dias de hoje?
Já teve melhores dias, mas temos esperança que isto dê a volta, não sabemos quando nem como, mas temos esperança nisso. Os artistas em Portugal são pouco unidos, talvez por o mercado ser extremamente pequeno e terem medo que tirem o lugar uns aos outros, não sabemos, mas se for esse o caso, calma que isto dá para todos. Mas sinceramente, não pensamos muito nisso, o nosso objectivo é fazer música e tocá-la, é nisso que estamos focados, é isso que nos dá gozo, o resto é política.

Saídos da Rádio - T4 | Edição 1
Setembro de 2017
Entrevista: Flávio Bártolo
Agradecimentos: Farol Música