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Duplo Clique | "De amor com humor se fala"



Debater crises conjugais como se fossem um assunto de Estado é aquilo a que se propõe o painel de discussão do programa de entretenimento pedagógico do Canal Q. Na assembleia do Esquadrão do Amor, porém, não são aprovadas medidas, até porque os elementos do grupo não pretendem “dar respostas”, mas sim “pôr os espetadores a pensar”. No quê? Em tudo o que as relações humanas envolvem, do sexo na cama ao sexo fora dela, e em todos os outros meandros das vidas sentimentais “miseráveis” que eles pensam que os espetadores têm. Com carinho, é claro. 


Segunda temporada, um regresso mais que desejado por todos os que às segundas à noite se sentam no sofá e sintonizam o Canal Q. O programa está no ar desde março de 2014 e desde então já mostrou algumas modificações, mas a essência continua a mesma. A missão é cumprida pelos “super-heróis” Ana Markl, Carlão, Cláudio Ramos e, mais recentemente, Carolina Torres (a primeira temporada contou com a presença da atriz São José Correia, agora ocupada com as gravações de uma novela da TVI). São eles que, de forma despretensiosa, discutem sobre sexo, traições e intimidade; relações, parentalidade e outros comportamentos que a sociedade portuguesa ainda encara como tabus. 


Ana Markl é a apresentadora e moderadora do grupo. É uma das autoras do programa, em conjunto com Nadili de Léon, e põe sempre a lume os temas mais gritantes da atualidade (quanto mais polémicos, melhor). O diálogo flui com espontaneidade, notando-se que todos são bastante cúmplices (sendo que não eram particularmente próximos antes de se juntarem no programa). Mais: o que espanta, por vezes, no Esquadrão do Amor são as histórias pessoais, mas não só, que muitas vezes se contam. Umas mais ricas em detalhes, outras menos, mas todas contadas por quem sabe que preservar a identidade dos envolvidos é um dever e sinal de respeito.  


Cláudio Ramos – com certeza o público já reparou – é quem mais canaliza a câmara para si, e de todos talvez seja o mais resolvido na comunicação das ideias, sem usar meias-palavras (ainda que use metáforas), e o mais contracorrente, como o próprio admite. À sua frente, Carlão mostra-se descontraído, por vezes irrequieto, e tem a ideia de que seria mais justo conhecer de perto as situações amorosas de quem escreve ao programa, para evitarem falar “à toa”. Quem quis juntar-se também à equipa foi Carolina Torres, a cantora e apresentadora admirada por tantos fãs do programa Curto Circuito, da SIC Radical. Mal chegou, deixou claro que adora falar para a câmara, com a irreverência que lhe é caraterística. 


Os quatro deixam assente que no Esquadrão do Amor as conversas são descomplexadas, elucidativas e atrevidas. Para tantas pessoas, um autêntico guia de sobrevivência no amor. Assim se faz um programa cheio de carisma, sem paralelo na oferta generalista, e diferente de formatos como Sexo no Sofá e Gigolos, ambos emitidos na SIC Radical. Longe de se fecharem numa sala rodeada de câmaras e de participar num doc-reality de cariz erótico, o Esquadrão do Amor abre as portas da pequena e colorida sala para a sua comunidade de seguidores, e ganha com isso. 


Afinal, grande parte dos conteúdos chega pelas mãos dos espetadores, que fundem um elo de cumplicidade e compromisso com o visionamento dos episódios. As pessoas sabem que o esquadrão está lá para comentar os flagelos conjugais que atormentam a sociedade portuguesa, e que as respostas podem vir ao de cima revestidas de um humor hilariante capaz de levar às lágrimas. O programa é realizado por António Pinhão Botelho e Tiago Almada e produzido por Paula Vaz. A partir de agora, os serões de segunda-feira voltam a ser animados pela galhofa e elevados por um certo substrato intelectual. Só falta melhorarem na vida a dois.  

Esquadrão do Amor, para ver à segunda-feira, às 23h, no Canal Q


Duplo Clique - 61ª Edição
Uma crónica de André Rosa