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Segunda Opinião | "Mulheres: um sucesso à meia-noite?"

 

Chegou à TVI em junho de 2014 aquela que viria a ser a nova novela de final de noite da estação. Mulheres ocupou desde cedo o horário das 23h45, tendo tido honras de horário nobre apenas no episódio de estreia – um domingo, às 21h30. Na altura, a promoção não foi muita, apenas se sabia que se pretendia uma novela mais próxima da realidade, concentrada na vida de um grupo de sete mulheres com diferentes histórias de vida, mas todas elas marcantes.

Adaptada do original colombiano El último matrimonio feliz, um dos grandes destaques era o elenco principal composto por nomes muito sonantes. Em destaque, Sofia Alves e Fernanda Serrano. Logo depois, Maria Rueff, pelo seu regresso às telenovelas, em estreia numa produção da TVI. Gabriela Barros, Jessica Athayde, Paula Lobo Antunes e Susana Arrais fechavam este elenco de luxo que prometia comover Portugal.

E na verdade, Mulheres comoveu o país e continua a fazê-lo. Contudo, dado o horário em que é exibido, as audiência não acompanham os habituais sucessos da estação. Na estreia, o diretor de programas da TVI referiu que esta aposta num horário tardio justifica-se com o início do verão e a abertura de um novo horário, assumidamente “menos nobre”, para a emissão de uma telenovela “diferente” do que se tinha visto até aqui. A verdade, é que essa aposta não resultou.

A linha narrativa de Mulheres é bem diferente do que se vê em outras produções da estação. Longe das grandes histórias de amor, de vinganças, com irmãos escondidos, vilãs detestáveis ou grandes artifícios técnicos, Mulheres destaca-se pela sua simplicidade, pela sua realidade. Aquelas histórias são as histórias de muitas mulheres portuguesas. O cancro da mama, a violência doméstica, o envelhecimento, a imposição das mulheres no mundo dos negócios, a pobreza, a separação, a traição ou o alcoolismo assumem-se como os grandes destaques desta história.

Depois, a ação decorre de forma bastante gradual. Muitas vezes, um dia na história decorre ao longo de toda uma semana de exibição. Não se pode dizer que a novela seja lenta, mas a verdade é que tem o seu próprio ritmo, talvez mais pausado, com cenas mais extensas. Contudo, acabamos por entrar ainda mais no íntimo das personagens, pois o elenco é mais reduzido mas o tempo dedicado a cada um dos elementos do mesmo é maior. 

E se o nome da telenovela é Mulheres, os homens são também personagens importantes nesta produção. É verdade que o protagonismo se concentra na vida das suas mulheres, mas existem histórias importantes protagonizadas por homens. Como o poder no mundo dos negócios, os casos de agressão física, a negação de uma doença grave como o alcoolismo, a traição e até mesmo o amor homossexual, nesta história personificado pelas personagens de Virgílio Castelo e Hugo Costa Ramos.

Mulheres foi (e continua a ser) uma boa aposta da TVI. O único “pecado” cometido pela estação foi o facto de não acreditar realmente neste produto e de rapidamente o ter enviado para o horário do final da noite. Teria sido preferível apostar forte numa novela que retrata a vida real tal como ela é num dos principais horários. Mas a TVI optou pelo caminho mas fácil, que acabou por prejudicar o produto. 

Por agora, e até ao seu final, Mulheres continuará a ocupar o horário da meia-noite e a chegar a pouco mais de 500 mil espetadores diários. Mas uma coisa é certa: será para sempre relembrada como uma das novelas mais diferentes nas quais  a TVI apostou na sua ficção nacional.
Segunda Opinião - 26ª Edição

Uma crónica escrita em parceira pelo Fantastic e o Diário da TV


  
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