Carolina Almeida: "Os poemas são o reflexo da minha fome por liberdade"
Foto: Direitos Reservados |
Estávamos em 2019. O mundo ainda não sabia que, em breve, um vírus iria mudar a vida de todos e deixar planos em suspenso durante dois anos. Carolina Almeida mudava-se nessa altura para Lisboa com o sonho de estudar Ciências da Comunicação. Não se lembra da sua vida sem a escrita, mas o facto de estar a viver sozinha foi o mote para dar prioridade à poesia. "Como vivo sozinha, estive muito tempo comigo e com os meus fantasmas, cada poema era uma luta, onde algo nascia e algo morria", refere ao Fantastic. Esta "luta" de que fala é algo que vem desde o seu primeiro poema, até porque este género literário mexe com sentimentos. "Comecei a escrever em poema na altura em que tive a minha primeira paixoneta, com doze anos, escrevia-lhe poemas e cartas de amor", conta.
Já dizia o poeta cubano, José Martí, que há três coisas que uma pessoa tem de fazer na vida: "escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho". Agora licenciada e com formação de atriz e apresentadora de televisão, Carolina Almeida lança a sua primeira obra literária e risca um dos objetivos traçados pelo famoso poeta cubano. Sem julgamentos e qualquer tipo de pressão, a poesia assume-se como o seu porto seguro. "A poesia é o meu refúgio, onde não há julgamentos nem me imponho nada, onde brinco com o existir e onde não estou preocupada em existir", explica a autora.
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Ainda sobre o título da obra, a autora adiantou em entrevista ao Fantastic que este surgiu quando estava na cama a tentar adormecer. Depois da sua explicação, a articulação entre duas palavras tão diferentes como Fado e Fardo não podia fazer mais sentido. "Gosto muito da palavra Fado, que, na verdade, pode ser tanta coisa: destino, sorte, algo sempre incerto, indefinível no tempo e no espaço, como os meus poemas". Carolina Almeida frisa ainda que os seus poemas representam também os seus fardos, isto é, "são o lugar onde deposito os meus pesos, o que me inquieta".
Com a escrita em prosa como um plano para o futuro, enquanto não surge o clique para os "contos, tópicos para romances e guiões" que surgem no seu pensamento, Carolina Almeida prefere manter o foco na poesia. É nisso que tem andado a trabalhar e é precisamente por essa razão que até já tem poemas suficientes guardados na gaveta para escrever um novo livro, que seria a continuação deste primeiro. "Eu gostava de publicar essa continuação porque é a partilha de algo com que alguém se pode identificar, as minhas palavras podem ser a companhia para alguém e isso pode gerar inúmeras interpretações que nunca serão iguais ao outro ou a quem a escreveu", avança a também atriz e apresentadora de televisão.
Para já, os leitores podem adquirir a obra Poemas de Meus Fa(r)dos, em papel ou ebook, através do site da Livraria Atlântico. Trata-se de um livro onde também podemos ficar a conhecer alguns dos traços de personalidade da autora, nomeadamente a sua "compulsividade em contemplar, em me perder nas questões que o mundo desencadeou em mim e me fez abandoná-lo para ir pensar sobre ele".
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