Fantastic Entrevista - Elisa: "Quero fazer temas com que as pessoas se relacionem e nos quais encontrem conforto"
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Antes de falarmos de tudo o que foste conquistando, é importante percebermos uma coisa: como surgiu a música na tua vida?
Os meus pais sempre ouviram muita música, especialmente os clássicos dos anos 60/70/80, por isso desde nova que oiço Beatles, ABBA, Ray Charles… Comecei a cantar por causa dos festivais da escola e aos 13 anos comecei a ver a música como algo mais sério, a partir daí nunca mais parei.
Em que momento sentiste que a música podia ser mais do que apenas um hobbie?
Aos 13 anos, também porque tive incentivo de professores de música e porque a cada vez que subia a um palco sentia-me a pessoa mais feliz do mundo e queria agarrar essa sensação para sempre!
És natural da ilha da Madeira mas vieste há já alguns anos para Lisboa. Foi a vontade de lutar por uma carreira na música que te trouxe até à capital?
Em parte sim, porque
o mercado musical na Madeira não é como o de Lisboa, não há tanta oportunidade
para criar uma carreira com músicas originais; mas também porque queria ver
mais, conhecer mais e é sempre bom sairmos da nossa zona de conforto.
É impossível falar do teu percurso sem abordar a vitória no Festival da Canção 2020. O que te trouxe de melhor esta conquista? De que forma consideras que contribuiu para a Elisa de hoje?
O Festival foi a
melhor rampa de lançamento para a minha carreira que poderia ter tido. Se não
fosse o Festival provavelmente as coisas não teriam acontecido tão rápido ou
talvez não aconteciam de todo. Para além da experiência, deu-me mais confiança
em criar uma carreira.
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Para mim as duas
opções são válidas, a arte no geral vive das diferenças dos artistas e da forma
única como cada um compõe. No meu caso, sinto que preciso que a música reflita
o que sou, ou algo que já me tenha acontecido. Mas isso é o agora, talvez no
futuro a minha visão seja outra.
O teu primeiro álbum, “No Meu Canto”, tem no seu nome um duplo significado. Qual era o teu principal objetivo com este álbum de estreia? O que procuravas oferecer aos teus ouvintes?
Para além de mostrar uma vertente diferente e nova de mim,
que é a composição, queria “dar” aos ouvintes a minha visão em forma de
canções, um pouco de mim e queria que fosse genuíno.
És também tu que desenhas as capas dos teus singles. Como
é que surgiu esta ideia e que importância tem para ti estares envolvida em
todas as decisões por trás de cada single ou álbum?
Surgiu de forma muito
natural, em intervalos de sessões de gravação do álbum eu levava o meu iPad e
desenhava, e a minha equipa de management achou engraçado e sugeriu que fizesse
a capa do primeiro single, fiquei tão entusiasmada que fiz a capa de todos os
outros singles. Acho que é uma forma diferente de mostrar como interpreto as
canções, nos desenhos estou a mostrar como vejo a canção e acho que isso
complementa o que quero passar para quem me ouve.
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Imensa! Comecei nos
palcos e é o “lugar” onde me sinto melhor. Apesar dos nervos iniciais antes de
cada concerto, não trocava a sensação de estar no palco por nada!
O que é que retiraste de melhor de cada um dos concertos que já deste?
O facto de poder
estar com as pessoas e ouvir/ver as reações do público. Poder contar como as
canções foram criadas, dar às pessoas um momento de paz, leveza e tentar fazer
com que seja um momento muito bom, que faça com que vão para casa a pensar no
concerto e no que ouviram. Em geral, são as reações das pessoas o que retiro de
melhor sempre que atuo.
Este Meu Jeito foi uma das canções finalistas da votação Melhor Música Portuguesa 2021, lançada pelo Fantastic. Além disso, a equipa do Fantastic considerou-te a artista revelação de 2021. Como olhas para este tipo de distinções?
Com a maior
felicidade por saber que o meu trabalho está a ser reconhecido. Fico muito
grata a toda a equipa!
A tua música ficou no top 10 das mais votadas pelo público, entre 30 canções a concurso. Este resultado foi importante?
É sempre bom quando
estamos no meio de outras músicas/artistas que gostamos e admiramos, mas não
posso focar-me só nisso, o bom de haver várias músicas e artistas é que assim
todos ouvimos coisas diferentes e temos gostos diferentes, talvez para umas
pessoas eu não deveria estar no top10 e não há problema nenhum nisso! A música
vai para além de avaliações e concursos. Mas sinto-me muito grata e feliz,
levarei isto como combustível para continuar!
És uma das 6 vozes femininas que se juntaram a Elisa Rodrigues em “Eu Quero Paz”. Que importância tem para ti seres, de alguma forma, uma voz ativa perante o que vai acontecendo diariamente pelo mundo?
É muito importante porque de uma certa forma foi por isso que quis fazer música, quero poder dizer o que me vai na cabeça, cantar o que acredito e fazer temas com que as pessoas se relacionem e nos quais encontrem conforto. No caso da música da Elisa Rodrigues, eu sou apenas uma voz, o crédito é todo dela, mas fiquei muito honrada por poder fazer parte de algo tão bonito e importante.
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Salvador Sobral,
Luísa Sobral, The Beatles, Celeste, Bon Iver, Carminho, Gisela João, ABBA,
Queen… Enfim, tenho uma lista muito grande.
Ser alguém criativo e que saiba o que quer dizer com a sua arte.
O que é que tem sido diferente daquilo que imaginaste anteriormente?
O timing em que as
coisas estão a acontecer, na minha cabeça só estaria a atingir isto daqui a 10
anos e não agora, nos meus 20.
Se te voltássemos a entrevistar daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?
Muita música nova, com muitos concertos e a conseguir viver
só da música.
Se pudesses convidar alguém para partilhar um tema ou, até mesmo, o palco contigo, quem escolherias?
Já tive a maior honra de partilhar o palco com a Luísa
Sobral, Tomás Adrião, Marta Carvalho, Tainá, Bárbara Tinoco e são artistas que
admiro muito e que estavam na lista de pessoas com quem queria partilhar o
palco. Respondo sempre o mesmo quando me perguntam, por isso não posso
responder outra coisa até se realizar: Salvador Sobral!
Fantastic Entrevista - Elisa
Por Joana Sousa
maio de 2022
Fotos: Direitos Reservados
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