Joana Dias: "A violência doméstica não escolhe idade, orientação sexual, quantidade de estudos ou dinheiro"
Foto: Direitos Reservados |
A Mim, Nunca é o nome da mais recente série da RTP Lab que já está disponível na RTP Play. A ideia original é da locutora e repórter da estação pública Joana Dias, que, a partir do podcast da Antena 1 A Mim, Nunca, decidiu desenvolver uma série com o mesmo nome. O tema central é a violência doméstica e a produção protagonizada pela atriz Teresa Tavares vai acompanhar o percurso de uma jovem mulher, que, em conjunto com o filho, procura ultrapassar os traumas psicológicos que surgem como consequência de uma relação abusiva.
A violência doméstica é atualmente o crime mais cometido em Portugal. De acordo com os dados avançados pela Polícia Judiciária, GNR e Procuradoria Geral da República, só em 2020 foram registadas 32 mortes (27 mulheres, 3 homens e 2 crianças) em contexto de violência doméstica. A repórter e locutora Joana Dias é uma das muitas pessoas que já foram vítimas deste tipo de práticas e agora leva até à RTP Play uma produção da sua autoria que procura "ser um grito de alerta e pretende mostrar o que a violência doméstica provoca na vida da pessoa agredida: o desespero, o medo, a ansiedade, a incapacidade de prever o futuro e a ação do outro".
Protagonizada por Teresa Tavares, esta produção que ficou a cargo da Promenade Films conta a história de uma mulher que foi vítima de violência doméstica e que está a tentar superar todos os traumas psicológicos que surgem na sua consequência. Ao longo dos três episódios de 15 minutos que constituem a série, a personagem interpretada por Teresa Tavares é confrontada pelo homem que destruiu a sua vida e continua a persegui-la a fim de conseguir retomar o controlo sobre ela.
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Ainda que se atribua na sociedade o título de vítima a quem sofre deste tipo de crimes, Teresa Tavares sublinha que "não é justo nem faz qualquer sentido" reduzir uma pessoa ao papel de vítima. Este foi um dos princípios nos quais a atriz se focou na construção da sua personagem chamada Joana, que apesar de se basear na história da criadora Joana Dias, não se trata de uma biografia da própria. "Obviamente que me baseei na Joana, mas salvaguardamos sempre que eu na série não estou a fazer um retrato da Joana Dias, mas de uma mulher que passa por esta experiência e tem de arranjar forma de sair dela, como tantas mulheres, homens e crianças todos os dias", conta ao Fantastic.
O mais recente projeto da RTP Lab foi inspirado no podcast da Antena 1 que partilha do mesmo nome da série e que também é da autoria de Joana Dias. O podcast foi lançado em 2020, numa altura em que a comunicadora ainda não tinha partilhado a sua história enquanto vítima de violência doméstica. Contudo, esta nova produção surge depois de uma campanha anti violência doméstica que Joana Dias fez nas redes sociais, tendo decidido que estava na altura de "dar rosto às histórias que partilhava", tal como a própria assumiu em entrevista no programa A Nossa Tarde (RTP), conduzido por Tânia Ribas de Oliveira.
Em declarações ao Fantastic, a autora diz que "trabalhando na RTP e fazendo serviço público todos os dias", a ideia de concretizar este projeto audiovisual "foi uma sensação de dever". Quando questionada acerca do porquê de ter escolhido o nome A Mim, Nunca, Joana Dias esclarece que "quando somos confrontados com situações semelhantes, a nossa tendência é dizer: a mim? Isso a mim nunca aconteceria". "São assuntos extremamente delicados e cada situação é semelhante a todas as outras e tão diferente ao mesmo tempo, mas é preciso não esquecer que calar não é opção", acrescenta.
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Podes ver aqui o trailer de A Mim, Nunca, cuja personagem principal é interpretada por Teresa Tavares, que destaca "a conjugação de sensibilidades da equipa que se juntou neste projeto e que o tornou possível com os meios que tinha à sua disposição".
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