Entrevista DOP - Catarina Nivalova
Catarina Nivalova é uma conhecida bailarina de Dança Oriental do Norte do país. Na terceira edição desta iniciativa entre Fantastic - Mais do que Televisão e o projecto Dança Oriental Portugal, a artista falou-nos do seu início na dança enquanto bailarina e professora, sobre a importância da preparação física para um bailarino, experiência no programa Got Talent Portugal 2018, mudanças que surgiram na sua vida após a maternidade, entre outros temas.
1. Como surgiu a tua paixão pela Dança e, em particular, pela Dança Oriental?
Olá, desde já gostaria de agradecer imenso pelo convite em participar desta iniciativa que tanto enaltece a nossa atividade!
Bom, a minha paixão pela dança começa desde tenra idade, pois aos 4 anos comecei a frequentar Ballet Clássico na Academia de Bailado de Guimarães. Sendo eu filha de mãe ucraniana e pianista (logo directamente ligada à Arte), não poderia ficar de parte esta área na minha formação. Em relação à Dança Oriental, interessei-me pela mesma após a novela O Clone e, em meados do ano de 2005, quando integrei num grupo onde uma das vertentes de show era esta modalidade e que pelos movimentos, os trajes, a forma como me fazia sentir bem no meu corpo, para além do desafio, auto conhecimento e realização dos mesmos movimentos, as sonoridades, e, todo o mistério que se criava a volta da parte estética (no seu todo) despertou em mim uma vontade de aprender mais e mais... Mais tarde, em 2007, algumas das meninas que estavam nesse grupo decidiram criar o próprio grupo, então surgiu o convite, que desde logo aceitei, e nasceram assim (resumidamente) as Shemoves. Éramos 3 logo na primeira formação e logo o grupo cresceu. Hoje em dia já não faço parte mas tenho orgulho em ver a evolução que teve e como estão neste momento!!! Foram sem dúvida bons tempos, que deixam saudade, e sem dúvida foi lá que criei o meu grande vínculo e experiência!!
2. Quando e como é que decidiste tornar-te professora de dança?
Na realidade, acho que desde sempre que me conheço como gente, sempre quis estar à frente de uma turma - não só como professora de dança mas também como instrutora de aulas de grupo na área do fitness. Ser professora de Dança Oriental surgiu naturalmente com a vontade de partilhar conhecimento. A minha primeira experiência como “professora" começou bem cedo, eu devia ter uns 16 ou 17 anos, ainda no liceu, quando os professores de Educação Física me convidaram a dar um workshop lá no pavilhão da escola, porque dança fazia parte do plano curricular. Logicamente que foi algo que me ficou na memória e “ativou “ ainda mais a minha vontade… mas só mais ou menos em meados de 2010 é que comecei a desenvolver a ideia.
3. Ensinas em vários espaços na zona norte do país (Academia de Dança em Felgueiras, Academia de Patinagem em Guimarães e Palco de Estrelas em Braga). Podes falar-nos um pouco sobre o teu método de ensino?
Sim, neste momento estou em Braga e em Felgueiras com a Dança Oriental e estou noutra vertente em Guimarães. Porém, apesar de serem modalidades diferentes, gosto de ser meticulosa com alguns pormenores mas também gosto muito de ver a parte criativa nas minhas alunas. Acho que é importante teoria, técnica, emoção e criatividade andarem de mãos dadas.
Gosto especialmente quando as coisas fazem sentido para as alunas e de arranjar várias formas de explicar a mesma coisa/exercício, porque cada pessoa tem a sua forma de compreensão. Daí acreditar ser muito importante beber de várias fontes para termos ferramentas que nos ajudem na construção do nosso método. E permitir e incentivar sempre, as alunas experimentarem vários professores assim como outras modalidades; dessa forma, criam um repertório muito mais vasto. Gosto de aprender com elas também.
4. Para além de ensinares dança, também dás aulas de preparação física. Qual a importância destas aulas para a performance e saúde de um bailarino?
Postura e alinhamento, força (física e mental), agilidade, flexibilidade, resistência (muscular, articular e respiratória), mobilidade, controlo (respiratório, mental e físico), conhecimento do seu corpo, “durabilidade" de todas as nossas “estruturas”, logo, maior saúde… maior capacidade de desempenho, maior segurança e confiança!! Portanto uma preparação indispensável para o palco e para a vida! Acho assim que já temos motivos de sobra para que qualquer bailarino assim como qualquer “comum mortal" deva fazer preparação física!!!
5. A nível nacional, és uma das profissionais com mais destaque do Norte do país. Como analisas o desenvolvimento da comunidade de Dança Oriental nesta zona desde que iniciaste a tua formação artística?
Considero que tem evoluído muito bem, com excelentes profissionais, com pessoas autênticas, mega talentosas e a parte melhor de todas é que cada uma tem o seu próprio cunho bem vincado!! O que dá uma riqueza enorme à modalidade!!
6. Já dançaste várias vezes em vários bares árabes e eventos privados no Norte do país. Alguma vez sentiste algum tipo de desvalorização para com a Dança Oriental nalgum desses espaços?
Sem dúvida que sim, o que me deixava e deixa muito triste e zangada para ser honesta… mas também faz parte da nossa função, "educar" a comunidade (contratantes, espectadores, apreciadores e pseudo-críticos) e tem de ser algo unânime. Contudo, sabemos que a arte em geral ainda luta por um lugarzinho ao sol, não somos só nós… ainda assim sinto que as coisas estão a melhorar!!! E se tive experiências más, também já tive experiências do melhor que há! E sou muito grata por isso!
7. O ano passado abraçaste um novo desafio pessoal: a maternidade. Que alterações tens sentido enquanto profissional de dança ao longo destes meses após teres recebido esta notícia?
Houve alterações brutais, seja do lado emocional/mental, físico - como é lógico - e claro houve uma quebra muito grande em termos de trabalho/espectáculos... não só pela gravidez mas também pela situação pandémica e, sinceramente, o meu foco também estava e ainda está muito virado para o lado “maternidade".
Falando mais pormenorizadamente acerca das alterações que senti: a nível físico, claro está, comecei desde muito cedo (mais ou menos 9 semanas de gestação) a sentir que o meu corpo estava a preparar-se para algo grande. Desde essa altura que me deu a sensação de começar a "alargar" (é difícil descrever por palavras), pois sentia como que se as articulações e músculos estivessem a ficar mais frouxas (devido à relaxina). Senti algumas dores de costas mas (graças a deus) nada impeditivo de dançar, e mais tarde as dores desapareceram (quem me conhece sabe os problemas que tenho de coluna) e foi espantoso o meu corpo ter feito o contrário do esperado (pensei que ia sofrer horrores da coluna, só que não! Passou tudo, espantem-se! Mas agora voltei às crises "normais". Enfim, não caminho para nova não é? (Risos). Claro que alguns movimentos deixei de parte, como giros com cabeça, e giros com inclinações (fora do eixo), cambrets e shimmies muito poderosos; afinal tinha de preservar o meu tesourinho (e se ela já é louca por movimento agora, imagino se tivesse feito mais esforços...) , portanto os impactos, evitei. Mas nunca me senti "demasiado limitada", o que foi maravilhoso! Então fazer movimentos sinuosos como "oitos" , círculos e camelos era muito prazeroso, porque para além de sentir o meu corpo (corpo esse que desconhecia nesta nova forma) sentia também a bebé lá dentro... E ela à sua maneira também dançava e era giro de ver e sentir... Ainda hoje luto com o cambret, porque esse foi-se, perdeu -se algures (risos).
Para terminar esta parte, sinceramente senti-me com uma elegância diferente a dançar. Muito honestamente senti-me especial, e agora entro na outra faceta, a psicológica/mental/emocional. Eu sempre fui muito emotiva, muito sensível e chorona até, mas com as hormonas aos "pinchos" então aí é que eu estava... se por um lado me sentia especial por estar no chamado "estado de graça" e ainda por cima a fazer o que mais amo, feliz da vida, por outro lado todos os medos me cercavam. E ainda cercam, como os de nao ser capaz, os de rever prioridades... O estar incerta em relação a espectáculos em horas tardias e o medo de o meu corpo não voltar ao "normal" rapidamente: essa ainda é a minha luta pois após a Camila nascer perdi muito peso, e se com a gravidez ganhei 17 quilos, logo após o parto perdi os 17 e mais 10. Para mim isso provoca um stress psicológico medonho mas estou na batalha para contrariar. Contudo e apesar de tudo tive e tenho muito apoio, isso é importante!! Uma bailarina normalmente já tem as suas inseguranças, agora imaginem uma bailarina GRÁVIDA e agora mãe (já não dependo só de mim, não sou só eu; tenho uma responsabilidade para a vida), ora está lá em cima, ora no fundo... Mas é importante tentar manter o equilíbrio - tarefa difícil, diga-se de passagem. Pelo menos para mim foi e é. Mas hoje olho para ela e penso que tudo vale a pena. E ainda estou a trabalhar na parte do "Eu também existo"; eu pessoa, mulher, ser individual e bailarina. Bom, a ver vamos os novos capítulos!
Contudo, tenho a dizer que foi muito prazeroso dar aulas até ao finalzinho do tempo, ser professora no Festival Internacional Almería Oriental Dance Festival organizado pela minha querida Carmen Bel (com viagem de avião pelo meio) e atuar em palco gravidíssima! Foi memorável mesmo com todas as alterações que sofri por estar grávida. Por outro lado, “calhou bem" esta “pausa” pelos dois motivos em simultâneo, pois deu tempo para preparar tudo com a cabeça virada apenas para um lado, o que tornou as coisas menos stressantes. Acredito que se tivesse sido em alturas de muito trabalho, a pressão seria muito maior. Agora que ela está cá fora dar aulas na presença dela é o melhor do mundo, e ver como ela fica atenta e participativa enche-me o coração de orgulho!
8. Em 2018, participaste no programa Got Talent Portugal na RTP1. Podes falar-nos das razões pelas quais decidiste participar e de como foi a tua experiência?
A minha participação/candidatura no Got Talent não foi espontânea, ou seja, (acho que não é segredo para ninguém), a produção entrou em contacto comigo (assim como com outras colegas) e eu decidi aceitar o desafio como forma de divulgação do meu trabalho, sem qualquer ambição de atingir algum nível dentro do programa. Fui apenas e só pela divulgação pessoal e para aproveitar mais uma oportunidade para trazer a público e à televisão nacional a nossa arte que tanto merece ser partilhada e (bem) apreciada. Por esse motivo, qualquer comentário depreciativo e sem qualquer tipo de intenção construtiva por parte de alguém que não “entenda da poda" entra a 100 sai a mil!
Em relação à experiência televisiva não era de todo novidade para mim, portanto o estar à frente de câmaras não me incomoda minimamente (quando é para falar já é outro assunto…). Em relação ao formato de programa em si, era algo que eu já estava a espera de encontrar no backstage… e fui super bem tratada, adorei!!! Saímos sempre mais crescidos de qualquer experiência, seja ela qual for, por isso é tudo positivo…
9. Consideras que estes programas de talentos televisivos têm ajudado a melhorar a imagem da Dança Oriental ou, por outro lado, a reforçar o estereótipo orientalista que lhe está associado?
Sinceramente, enquanto estiverem determinadas pessoas à frente, a dar a cara e a palavra em alguns destes programas, a ideologia dificilmente se alterará pois ainda há o peso da “credibilidade" por parte de quem fala em televisão, muitas vezes erroneamente. No entanto, tenho visto outras participações, noutros programas com formatos diferentes no nosso país onde se dignifica mais, se dá mais valor e onde há mais respeito, por isso acredito que estamos no bom caminho!
10. Ao longo do teu percurso, já participaste em vários concursos de Dança Oriental nacionais e internacionais. Qual é a tua opinião sobre os concursos nos festivais de Dança Oriental?
Mais uma vez, para mim funciona como divulgação, e, de certa forma, validação daquilo que andamos a fazer durante tanto tempo. É bom pelo desafio, porque nos obriga a trabalhar duro e a evoluir. Contudo, não passam de opiniões subjetivas, porque a nossa modalidade não é avaliada como outras modalidades, portanto torna-se difícil de definir e avaliar… Por isso gosto pelo lado de me dar a conhecer e, mais uma vez, sem grandes expectativas de prémios. Se acontecer, ótimo; se não acontecer, pelo menos mais pessoas ficam a saber que existo e a conhecer o meu “estilo" .
Não concordo com algumas coisas que se passam em concursos; não concordo com o facto de umas valências terem mais peso avaliativo do que outras, quando muitas vezes não passam de questões estéticas a sobreporem-se à questão expressividade e interpretação, por exemplo. Não gosto do stress - por vezes negativo - que me traz, em algumas competições… daí escolher e pensar bem antes de me meter. Isto é apenas a minha visão.
11. Que características achas indispensáveis numa professora de Dança Oriental?
Paixão, entrega, “Síndrome da eterna aluna", capacidade de comunicação e passagem de conhecimento, paciência (muita paciência), criatividade, ser boa gestora de conflitos e muito boa improvisadora em imprevistos de última hora!!! (risos)
12. Qual a tua visão sobre o nível de dança das bailarinas nacionais que se dedicam à Dança Oriental?
Sinceramente neste momento em Portugal está a atingir-se um nível bastante alto (sinto-me a ficar para trás, para ser honesta), mas fico super feliz por isso… há cada vez um maior interesse em formação de qualidade, o que leva as pessoas/praticantes/professoras a trabalhar mais, melhor, com mais seriedade e respeito pela modalidade. Creio que o nome de Portugal está cada vez mais e melhor falado lá fora… o que, quer queiramos, quer não, é sempre bom!! Só é pena sermos um país pequeno (em termos populacionais e de território).
13. O que achas que se pode fazer para a Dança Oriental se desenvolver mais em Portugal?
Acredito que com mais iniciativas de formação, divulgação e informação. Como tudo em arte…
14. Podes dar algumas dicas às bailarinas que querem seguir a área da Dança Oriental de forma profissional?
Posso sim!! Apostem em formação de qualidade, se possível façam formação noutras modalidades também, frequentem festivais/atividades/iniciativas/espectáculos da área, promovam essas mesmas iniciativas, sejam generosas convosco e com as outras profissionais (há espaço para toda a gente), divulguem e (esta deixei para último porque para mim é a mais importante e a mais difícil mas possível) sejam autênticas, criando o vosso próprio cunho, mostrando a vossa identidade, encontrem-se, conheçam-se e aceitem-se.
15. Podes nomear uma actuação de Dança Oriental/Fusão que te marcou? Quais as razões que te levaram a sugerir esta performance?
Sem dúvida que algumas performances são muito marcantes e, posto isto, irei nomear quatro artistas que me inspiram imenso por diferentes motivos:
Oscar Flores - para mim, o rei das sedas e o rei dos duetos. Foi com ele que me apaixonei pelos elementos de ar (véus asas e leques) pela sua elegância, originalidade, leveza, respeito pelo acessório! Desde sempre um ídolo para mim. Hoje em dia somos amigos (como o mundo é pequeno).
Como exemplo de performance posso referir:
Mahaila El Helwa, um furacão de mulher, a professora perfeita, aquela pessoa que põe a alma e o coração em tudo! Conheci-a em 2014, se não estou em erro, bom mais ano menos ano, no Porto (bem dita a hora que fui àquele workshop) e bem dita a hora que fiquei para o espectáculo… vi-a ao vivo e a cores pela primeira vez e de pertinho aquela mulher em palco, marcou-me, oh se me marcou. Não sei se existe vídeo daquele dia em específico mas se não estou em erro e se a minha memória não me falha ela voltou a dançar a mesma música neste vídeo… vejam e derretam:
Kahina, uma inspiração técnica para qualquer pessoa… tem um poder de quadril espetacular, e uma qualidade de movimentos inquestionável. Contudo a performance que me deu maior inspiração foi a de uma fusão que ela fez, utilizando uma música do filme Avatar: uma atuação simples, com uma música simples, mas que me abriu as "janelas" para as fusões:
David Abraham, um “Divo”!! Um exemplo de resiliência (na verdade todos são). Adoro a sua personalidade em palco, a sua força, o seu charme; é simplesmente lindo a dançar. A sua performance que mais me marcou foi no East Fest, festival organizado pelas minhas queridíssimas Cris Aysel e Filipa Nawar, onde dançou este tema impactante. Lembro-me que chorei ao vê-lo, foi como receber uma onda de energia cada vez que ele pisava, não sei explicar ao certo, apenas que me marcou muito:
Bom poderia citar muitos mais artistas por vários e diferentes motivos mas pra já acho que está bom! (risos)
E sem querer parecer presunçosa, irei nomear também três atuações minhas, pois foram marcos que definiram pontos de viragem na minha vida:
1. A minha primeira atuação de todas perante um público… lamentavelmente não tenho registo audiovisual desse momento mas independentemente de como tenha sido, fez com que eu tivesse vontade de fazer isso toda a vida.
2. Quando atuei a solo, na festa de abertura do Festival Egipto em Barcelona, realizado pela minha querida professora e “chefinha” do ballet internacional a fantástica Munique Neith… levando um tema Português (Amor a Portugal de Ennio Morricone e Dulce Pontes), foi tão emocional para mim, apesar do facto de olhar e a coreografia em si já não me dizer nada mas a música, o momento e aquilo que me proporcionou essa atuação foram sem dúvida marcantes e definiram mais ou menos o conceito que as pessoas têem de mim (as fusões), abrindo portas ao meu trabalho além fronteiras e fazendo com que as pessoas se interessassem de certa forma em mim. Essa atuação proporcionou-me outro grande momento e ponto de viragem na minha carreira que foi dar um workshop em Madrid no evento Ojos de Gata da minha querida Alba Morales, e ser assim pela primeira vez professora noutro país, levando lá uma música também portuguesa e que tanto me diz (Fala da Mulher Sozinha – versão da Raquel Tavares).
3. Para finalizar, atuar gravidíssima em palco e, pela primeira vez, não me importar minimamente com técnica, apenas sentir e transmitir a minha felicidade, chorar de amor e alegria em palco enquanto dançava, celebrando a vida!!! Apenas isso… deixar o corpo ir, sem preconceitos…. Sentir a genuinidade do momento. Mais um sonho cumprido! Com a música Melhor de Mim de Mariza.
16. Quais são os teus próximos projectos e objectivos profissionais?
Ainda estou meia a pairar na bolha da maternidade, acho que pra já seria insensato dar uma resposta definitiva. Apenas posso falar do projecto da Companhia Camila Alcover (Brasil), adiado para novembro de 2022 que, resumindo, passa por atuar - nada mais nada menos - que na Disney World em Orlando. E não vou sozinha, comigo irá também uma grande amiga, a Ana Luís Nogueira! Será sem dúvida o grande projeto dançante para o próximo ano e um duplo sonho realizado pois sou viciada em tudo o que seja mundo Disney!
Muito obrigada por me terem lido!!!
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