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Fantastic Entrevista - António Camelier: "Poder partilhar o meu trabalho com um público além fronteiras é uma sensação incrível"

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Foto: Direitos Reservados

Foi em Morangos Com Açúcar que António Camelier se estreou em televisão como ator. Ao longo da sua carreira também tem dado cartas no cinema e no mundo da música, onde é conhecido por DJ Camelier. Recentemente juntou a arte da representação à música no concurso A Máscara, da SIC, no qual terminou em 2º lugar, com a personagem do Coelho. O Fantastic esteve à conversa com o ator e DJ para ficar a conhecer melhor o seu percurso.

Terminaste há pouco tempo a tua participação no programa "A Máscara" onde eras o coelho. Que balanço fazes desta experiência?

Foi uma experiência muito positiva e enriquecedora, não só em termos artísticos, como também em termos pessoais. Foi um projeto que me "obrigou" a sair da minha zona de conforto e me colocou em check em várias áreas. Foi uma experiência de mão cheia!

Ao longo desta participação e até ao momento em que a identidade do coelho foi desvendada, tiveste de manter todo um secretismo perante um público ansioso por saber quem estava dentro daquela máscara. Este secretismo foi um desafio para ti? Os teus fãs já desconfiavam? Como é que reagias quando te abordavam sobre esse tema?

O desafio foi maior com a família e amigos, porque são pessoas que conhecem melhor o lado divertido e brincalhão do António. Na minha opinião acho que o público estava tão à nora como os jurados.

Qual foi a tua reação quando ainda estavas dentro da máscara do coelho e ouviste o investigador Jorge Corrula afirmar que eras tu quem estava por detrás daquele disfarce?

No fundo, não foi uma grande surpresa porque as pistas que dei na semifinal foram demasiado óbvias. Estavam tão longe, que eu pensei que necessitasse de uma pequena "ajudinha".

 Foto: SIC / Divulgação

No fundo, cada concorrente que se apresenta no programa tem de criar uma identidade diferente para não ser descoberto. Enquanto ator, que ferramentas utilizaste nesta tua participação?

Tentei criar uma forma de andar, de estar e de me expressar. Quis, nas várias histórias que contei ao longo do programa, mostrar um lado brincalhão e romântico, mas ao mesmo tempo malandreco e enigmático! Foi um trabalho muito exigente, principalmente a nível físico.

E esta ligação entre a representação e a música que nos apresentaste em A Máscara leva-nos à nossa próxima questão. Consideras que a tua vertente de ator e DJ se complementam?

Claro que sim. A música e a representação andam de mãos dadas e falam a mesma linguagem. É um espaço comum de partilha de emoções, histórias e estados de espírito. O sucesso de ambas é diretamente proporcional à dedicação e ao amor que sentimos por elas.

Estreias-te em televisão em 2006 com a série juvenil Morangos Com Açúcar, onde interpretas o Gonçalo Pimentel. O que é que recordas dessa experiência e que te fez ter vontade de continuar nos ecrãs nacionais até aos dias de hoje?

Os Morangos Com Açúcar foram o "ensino secundário" do meu percurso como ator. Foi uma experiência muito intensa, que me obrigou a crescer muito rápido. Fui bombardeado com imensa informação e tive ali uma oportunidade de ouro para a processar e usar como ferramenta de trabalho no futuro. Esse primeiro projeto, despertou em mim uma curiosidade muito grande, uma imensa vontade de conhecer e aprender mais sobre esta arte.

Em 2012 fazes pela primeira vez cinema, com o filme O Homem da Gabardine. Contudo, a sétima arte ainda não é a área com maior expressividade na tua carreira. Trata-se de falta de oportunidades ou não te identificas tanto com o trabalho que é feito nessa vertente da representação?

Também, mas não só. Tem de haver trabalho e vontade. As oportunidades acabam por ser consequência disso. Acredito que tudo acontece a seu tempo.

 Foto: Curta-metragem "À Vida" (Direitos Reservados)

Integraste o elenco da curta-metragem À Vida, no âmbito do The 48 Hour Film Project, onde em dois dias se fez nascer uma produção cinematográfica. Como foi esta experiência, que podemos descrever, como desafiante?

Já tinha participado em edições anteriores, mas este ano foi uma experiência diferente, especial. Encontrei um grupo maravilhoso, muito focado e talentoso, onde todos os envolvidos deram tudo o que tinham e o que não tinham ao longo destas 48 horas. Esse esforço conjunto resultou em 9 prémios nacionais (48h Film Festival Lisboa) e 3 internacionais (Festival Internacional Filmapalooza), incluindo melhor atriz, melhor uso de frase e prémio do público. Este último deu acesso ao Festival de Cannes.

O projeto representou Lisboa no Filmapalooza. O reconhecimento internacional é algo que é importante para ti?

Estaria a mentir se dissesse que não. O reconhecimento sabe sempre bem, seja nacional ou internacional. A oportunidade de poder partilhar o meu trabalho com um público além fronteiras é uma sensação incrível. Ter ganho o prémio de melhor ator em Lisboa e voltar a ser nomeado no Festival de Filmapalooza teve um significado muito especial para mim. Ser premiado fez-me acreditar que quando as coisas são feitas com amor, dedicação e trabalho, não devemos impor limites aos nossos sonhos.

Entre 2006 e 2011 recorreste a vários workshops e cursos intensivos na área da interpretação e representação lecionados por vários atores de renome como Maria Henrique, Rui de Sá, João Cayatte e Marco António Del Carlo. Em que medida estas formações te moldaram enquanto ator?

Numa altura em que somos praticamente tábuas rasas, essas formações/cursos têm um impacto muito grande no nosso trabalho. São muitas as dúvidas e as questões que se levantam. E isso é ótimo! Com a experiência, vamos tendo a capacidade de filtrar, adaptar e aplicar a informação que nos chega. A reciclagem de informação é importantíssima e faz parte do processo de crescimento de qualquer ator. Quando essa curiosidade deixa de existir, a magia desta profissão acaba por se perder.

 https://images.impresa.pt/sic/2016-10-21-D3N_3402.jpg/original/mw-1240Foto: SIC / Divulgação

No teu percurso já participaste em novelas de muito sucesso como Laços de Sangue, Mar Salgado, Coração D'Ouro e mais recentemente Golpe de Sorte. Qual a personagem que sentiste que teve mais impacto no público e porquê?

Apesar de ter participado em diversos projetos, sinto que a personagem que teve mais impacto no público, foi a do Henrique na Lua Vermelha. Foi há 12 anos e ainda hoje recebo mensagens de pessoas que acompanham a série no Youtube! É incrível! Foi um projeto ambicioso, onde se elevou a fasquia a vários níveis.

Quais são as várias fases pelas quais passas durante o processo de construção de uma personagem?

Depende do projeto e do tempo que temos para preparar a personagem. Por norma, começo sempre por responder a algumas perguntas, desenvolvo os seus medos, motivações e segredos. Observo muito, leio e tento falar/conviver com pessoas que se encaixam nesse perfil. No fundo, tento reunir a maior quantidade de informação, para depois começar a  limpar e limar a personagem.

Agora interpretas o Tozé Grilo na nova produção da SIC, A Serra. Como está a ser esta nova aventura?

Até agora tem estado a correr super bem. Tenho muita sorte com o grupo de trabalho. O Tozé tem muitas parecenças com a minha pessoa, nomeadamente no gosto pelo treino e no estilo de vida saudável. No entanto, isto é uma novela e nunca sabemos o que irá acontecer. As coisas mudam muito rápido. Há sempre uma grande construção e procura, o que torna este tipo de projetos um grande desafio.

O que significa para ti a possibilidade de continuar a proporcionar entretenimento e grandes histórias ao público num momento tão incerto como este que vivemos atualmente?

Sinto-me um privilegiado! Ter a oportunidade de estar a trabalhar e ainda por cima a fazer uma coisa de que gosto, é realmente uma benção.

Qual foi a maior alegria que a profissão de ator te deu?

Deu e continua a dar. Um sorriso nos lábios cada vez que encaro um novo dia de trabalho.

Se te voltássemos a entrevistar daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?

Se estiver a trabalhar como ator, já me dou por feliz. É bom sinal. Significa que estou a fazer aquilo que amo.

Fantastic Entrevista - António Camelier
Por Miguel Frazão

abril de 2021