Fantastic Entrevista - Ana Marta Ferreira: "Fazer cinema é um processo muito diferente"
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Ana Marta Ferreira começou o seu percurso no mundo da televisão quando, em 2004, integrou a série juvenil “Morangos com Açúcar” no papel de Anita. Soma já mais de duas dezenas de projetos, entre eles formatos infanto-juvenis, telenovelas, séries, filmes ou peças de teatro e, neste momento, faz parte do elenco fixo da telenovela "A Serra", da SIC. Recentemente, pudemos vê-la na longa-metragem Bem Bom, que apresentou aos portugueses os bastidores de uma das maiores girls bands nacionais, as Doce. O Fantastic esteve à conversa com a atriz para conhecer mais sobre si e o seu percurso.
Em 2004, as portas do
pequeno ecrã abriram-se para ti e integraste a série juvenil “Morangos com
Açúcar” no papel de Anita. Como encaras hoje esta oportunidade de fazer parte
de uma série que é vista como uma escola de atores?
Era muito miúda, via muito como um hobby, claro que hoje em dia penso que foi
um privilégio ter feito parte de um projeto tão grande, embora a minha
personagem fosse muito pequena, era apenas figuração especial, apesar de estar
a gravar quase todos os dias no verão, só tinha intervenções muito de vez em
quando.
Sentes que o facto de teres começado
muito cedo foi determinante para a mulher e atriz em que te tornaste? Achas que
isso te privou de viveres mais a tua infância/adolescência?
Foi certamente determinante, mas nunca me privou de nada! Sempre trabalhei
com muito gosto e quando gostamos de alguma coisa não parece trabalho.
Como foi para ti, enquanto criança,
trabalhar com conceituados atores, nomeadamente em Mistura Fina, onde tiveste o
privilégio de contracenar com consagrados atores e atrizes como Eunice Muñoz,
São José Lapa, Fernando Gomes e Virgílio Castelo?
É sempre um privilégio enorme trabalhar com os Grandes! Aprendi muito! Mas, na
verdade, eu nunca me deslumbrei muito com as pessoas conhecidas pelo público. Claro
que ficava nervosa porque só via aquelas pessoas através do ecrã, mas somos
todos humanos … Apesar disso, gostei muito, e na Mistura Fina tive a sorte de
trabalhar com muitos atores e atrizes fantásticos!
Participaste em alguns formatos infantojuvenis, como é o caso de “Clube das
Chaves”, “Mini Malucos do Riso”, “Floribella” e “Rebelde Way”. Todos eles
tiveram impacto junto do público mais novo. Achas que fazem faltam formatos do
género atualmente, em Portugal?
Acho que cada coisa tem o seu tempo! Hoje em dia os jovens consomem mais
facilmente canais de streaming do que assistem a séries juvenis… estamos muito
tecnológicos! Na altura, toda a gente vibrava com os episódios do ‘’Clube das Chaves’’
no sábado de manhã, ou com ‘’Uma Aventura’’. Hoje em dia há muito mais coisas e
os miúdos dispersam mais.
Desde o teu início no pequeno ecrã, em
2004, tens feito já vários projetos distintos em diferentes canais. Em que
momento sentiste que o que querias realmente era representar?
Acho que foi com o passar do tempo, e com os projetos que ia fazendo, que fui
sentindo que cada vez fazia mais sentido isto na minha vida e que me dava um
enorme prazer!
Que importância achas que a formação tem
no teu trabalho? Pretendes continuar a apostar na formação?
A formação é MUITO importante. Mesmo eu não tendo feito curso profissional
completo ou mesmo o conservatório, vou-me cultivando com workshops e felizmente
tenho tido projetos na minha vida que me têm dado ferramentas para fazer um bom
trabalho! Acho super importante termos as ferramentas certas. Podemos ter talento mas se não o soubermos aproveitar e usá-lo
estamos a desperdiçá-lo.
Além de telenovelas, fizeste também
algumas séries como “Bem-vindos a Beirais” e “Sim Chef!”. Quais foram as
principais diferenças que encontraste entre o formato de telenovela e o de
série?
Cada projeto é diferente, há séries gravadas como novela e há séries
filmadas com o modo de cinema! É muito diferente gravar com três câmaras ou
gravar só com uma. Eu gosto de todos os métodos na verdade.
No cinema, contas
também com vários projetos, desde as curtas-metragens “Reflexos”, “Post-it” e
“A Chamada” a longas-metragens como “'O Fim da Inocência”, “Gabriel” e o filme “Bem Bom”. No futuro pretendes continuar a apostar na sétima
arte?
Gostava muito! Fazer cinema é um processo muito diferente e de certa forma aprofundamos
melhor as personagens! Embora em novela isso também seja muito importante, mas é
diferente.
Em 2019 fizeste parte da peça de teatro
“Beginners” de Tim Crouch. É importante para ti, enquanto atriz, abrir os teus
horizontes para o teatro?
Amei fazer teatro, quero muito muito voltar a fazer! É uma adrenalina
enorme, e ter o público ali a assistir em primeira mão é uma sensação magica.
Além dos vários trabalhos de publicidade
de áudio para spots publicitários de rádio e televisão que fizeste desde 2008,
participaste também na dobragem do filme “'A Casa da Magia”. De que forma
encaraste esta oportunidade de trabalhar apenas com a voz?
Foi muito desafiante! É mais difícil do que esperava porque de repente a
nossa voz tem que transmitir emoções. mas adorei!
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As séries e o streaming são duas das
grandes apostas a nível mundial, que Portugal tem vindo a acompanhar. Tendo tu
participado em projetos da RTP Play, como “#CasaDoCais” e “It’s a Date”, como
vês esta evolução na forma de fazer e de ver ficção?
Temos que evoluir, fazer coisas novas! Ter projetos que são ‘’fora da
caixa’’ é uma ótima forma de renovar e de chegar a todos os tipos de público. Nem
toda a gente gosta das mesmas coisas e, como já disse, o público mais jovem
está mais ligado ao streaming e a projetos diferentes do que estamos
habituados.
Um dos grandes desafios de “A Serra” foi
o facto de iniciarem gravações com todas as medidas de segurança devido à
COVID-19. Como foi trabalhar desta forma inédita?
Temos uma nova realidade, temos uma nova forma de viver! Tivemos que nos
adaptar a tudo e no trabalho foi igual. É diferente, é estranho mas é como tem
de ser … sinto falta de poder abraçar mais, tocar mais mas, lá está, o ser
humano acaba por se habituar e adapta-se.
Como avalias a tua evolução enquanto
atriz desde a participação na tua primeira novela até agora?
Acho que evoluí bastante e, com 9 anos, a perceção das coisas é completamente
diferente de com 26 anos. Já aprendi muito, e claro que a evolução é
significativa.
Quais são as tuas maiores inspirações
nacionais e internacionais?
Acho que tanto nacionais como internacionais, são várias as inspirações, gosto
de apreciar o trabalho de muitos atores e atrizes e retirar e aprender modos de
fazer as coisas. Não consigo dizer só um nome para cada, porque admiro muitos.
Se te voltássemos a entrevistar daqui a
10 anos, o que gostarias de estar a fazer nessa altura?
Gostava de estar a fazer o que mais gosto: representar! Tenho muitos objetivos,
mas se estiver a fazer o que mais gosto serei muito feliz.
Fantastic Entrevista - Ana Marta Ferreira
Por Joana Sousa
abril de 2021
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