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Ukbar Filmes revela novos títulos da série “Contado por Mulheres”


Contado por Mulheres é uma das apostas para o futuro da ficção nacional da RTP. Com a produção da Ukbar Filmes, o projeto pretende colocar mulheres na realização e na escrita do argumento que adapta obras clássicas para televisão numa série de dez telefilmes. Até agora, a produtora responsável por projetos como a série A Espia ou a longa-metragem Florbela, anunciou a garantia dos direitos de adaptação de seis obras que vão compor este novo projeto inovador na antena do canal público. Ainda sem  uma data de estreia definida, fique a conhecer as histórias por detrás dos livros que compõem a nova parceria entre a produtora e o canal estatal.

Pequenos Burgueses assinado por Carlos de Oliveira lança-nos o isco de entrarmos numa viagem por dramas familiares num tom de sátira e sarcasmo que promete não nos deixar indiferentes. Num texto que tem sido corrigido ao longo do tempo, Pequenos Burgueses tem uma versão original publicada em 1984 e outra, a definitiva, lançada pela Livraria Sá da Costa Editora em 1981. Entre manias e traumas de uma família da burguesia nacional, no livro acompanhamos a duplicidade do carácter dos membros que compõem este clã na tentativa de fazerem parecer algo que não são com esquemas que tentam impedir que o bom nome da família seja manchado. 

Num universo que conta com o drama habitual nas histórias de Mário de Carvalho, chega Quando o Diabo Reza, onde a ambição humana fala mais alto na hora de burlar um velho endinheirado. Abreu, um galdério lembra-se, um certo dia, de espalhar a ideia de ganhar dinheiro fácil através de um assalto a um homem da terra que tem muitas posses. A ideia dissemina-se como um vírus e nem as filhas do pobre homem escapam à ambição de ter para si a fortuna do pai. Numa ideia que não lembra ao Diabo, é o próprio belzebu que paira na história a rezar pelo sucesso do roubo da suposta riqueza deste velho. Uma história com uma moral que promete ser transposta com a aparente leveza que caracteriza as personagens das obras de Mário Carvalho.

Na primeira metade do século XX, Maria Archer ganhou, de forma subtil, espaço para uma literatura que abra as portas às mulheres, com um retrato da diferenciação de papéis na sociedade. Com livros censurados, e histórias que grande parte da população pouco conhece chega Há-de Haver Uma Lei, que volta a ter mensagens subliminares sobre o papel da mulher subjugado ao do homem, num enredo que apela ao romance sem deixar para trás o drama. 

Com introdução à cena política, Contos Vermelhos e Outros Escritos relata um pouco mais da vida do autor Soeiro Pereira Gomes, filiado do Partido Comunista Português. Da vida clandestina na noite até ao início da vida partidária, a obra acompanha alguns dos chamados heróis que fundamentaram o Partido, numa guerra de classes que se opõem e que traz à tona diferentes ideologias. Uma vida marcada pela mudança, que compõe um retrato pejado de referências à vida dos intelectuais na primeira metade do século XX. Contos Vermelhos é conjugação dos títulos Refúgio Perdido, O Pio dos Mochos e Mais um Herói.

Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, Os Armários Vazios embarca num dos temas prediletos da autora Maria Judite de Carvalho, a solidão da mulher na cidade. Manuela é a narradora desta história que partilha com a amiga Dora numa jornada em que descobrem que durante a vida se apegaram a bens materiais e tesouros que no fim das contas não são o melhor que têm na vida. Numa literatura virada para a aprendizagem adulta numa forte perspetiva feminina, Os Armários Vazios são descritos como a maior obra da autora em que somos levados, pela mão de Dora, a entender um pouco mais sobre a vida de quem se deu a um casamento e que procura descobrir-se depois da morte deste homem com uma filha ainda jovem.

A Traição do Padre Martinho, da autoria de Bernardo Santareno, encerra a lista de títulos até agora revelados pela produtora. Na história original que tem agora os direitos de adaptação cedidos, o autor português apresenta-nos um drama que pretende expor o conflito entre classes sociais. Na disputa entre um lavrador e um engenheiro, surge o Padre Martinho, que procura ajudar todos os seus paroquianos a encontrar um bom caminho profissional e garantir que não sejam explorados pelos patrões ricos. A partir daí, e depois de uma sequência de paralisações e greves,  o engenheiro ameaça deixar de contribuir com os seus atos de beneficência para a igreja, colocando a postura do pároco em causa e obrigando-o a escolher entre os seus ideais e a estabilidade da sua instituição.