Filomena Cautela: "A televisão não pode ser sempre pertinente. O meu novo programa vai ser."
Foto: Filipa Bernardo/ Global Imagens
É uma das caras mais mediáticas da televisão portuguesa atual, mas a sua carreira vai muito para além do pequeno ecrã. Filomena Cautela, atriz e apresentadora, deixou a condução do 5 para a Meia-Noite em 2020 e, a par de uma temporada especial de Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão, a artista revelou que estava a preparar um novo projeto para televisão. Em entrevista ao podcast Teatra, Filomena Cautela revelou alguns pormenores sobre o programa que considera ser "pertinente e transformador".
“Eu demorei muito tempo até que me deixassem fazer o que eu quisesse em televisão. Demorei muito tempo porque sou mulher, porque era miúda, porque me expresso de uma forma histriónica. Demorei muito tempo a ganhar o respeito para que me dessem tempo e dinheiro, porque em televisão o tempo é dinheiro, para que eu pudesse pensar televisão com profundidade. E é isso que estou a fazer agora. Se vai resultar ou não? Vou tentar", revela a apresentadora ao podcast do Teatro Nacional D. Maria II.
Apesar de considerar que nunca teve "um fascínio particular pela televisão" e que o teatro foi, desde cedo, uma das suas maiores ambições, Filomena revela que era o lado mais insólito do pequeno ecrã que a fascinava, sobretudo depois do aparecimento das televisões privadas em Portugal. "O que achava, sim, era que a televisão era insólita e fascinante, por ser tão louca", explica.
Sobre esta diferença entre teatro e televisão, Filomena Cautela esclarece ainda que acha que os dois espaços têm propósitos completamente diferentes.“Eu só me
acho digna de me pôr num palco, em teatro, se tiver um texto muito bom, algo
muito pertinente e transformador para dizer. Já a televisão não é sempre pertinente. O meu novo programa vai ser. Mas o que fiz antigamente nem sempre foi. E nem pode ser. A televisão não pode ser sempre pertinente", considera.
Ainda sem revelar muito sobre o novo formato que estreará na RTP, Filomena Cautela confessa que será um projeto bem diferente e que tem como objetivo principal levar até aos telespectadores assuntos que de outra forma não seriam abordados dessa forma em televisão. “Parece-me que aquilo que está a
contaminar todas as crises que temos no mundo é a desinformação
generalizada. Muita gente vai buscar informação a locais que não são sérios. O que me interessa
neste novo programa é chegar a uma fação de pessoas que normalmente não se
interessaria pelos temas que eu vou abordar, mas que eu vou tentar ir lá buscá-las, explicando-lhes a verdade", garante a apresentadora.
Depois do formato televisivo, a Filomena Cautela confessa ainda que, "num futuro utópico", gostava muito de escrever um espetáculo, sobre o que a move para fazer o programa que vai fazer, confessando que já começou a escrevê-lo. “Eu acho que o programa que eu vou fazer é uma escadaria acima daquilo que eu acho que se pode fazer em televisão, porque engloba o pensar profundamente um assunto e comunicá-lo de uma forma transformadora, com pensamento crítico e de reflexão. Depois, se subirmos mais um bocadinho dessa escadaria, há ainda uma outra ideia, a do espetáculo sobre o programa".
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