Academia estende lista de pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional
Num ano que será em tudo diferente, a mais badalada entrega de prémios terá mais uma alteração. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas avançou com uma alteração na escolha dos pré-indicados à estatueta de Melhor Filme Internacional, alargando a lista de dez para quinze longas-metragens que serão vistas pelos elementos do comité preliminar responsável pela seleção final dos cinco nomeados. Vitalina Varela, longa-metragem de Pedro Costa, foi a escolha da Academia Portuguesa de Cinema, para representar o nosso país na cerimónia e tem ganho destaque entre a crítica especializada e várias figuras importantes da cena artística em Hollywood.
Pelo segundo ano consecutivo a organização responsável pelos Academy Awards, conhecidos internacionalmente como Oscars, volta a alterar a categoria que pretende premiar projetos fora dos Estados Unidos da América. Depois de em 2020 adaptar a denominação de Melhor Filme em Língua Estrangeira para Melhor Filme Internacional, de forma a garantir uma maior inclusão e representatividade, em 2021 a mudança acontece no processo de seleção e como resposta à pandemia do novo coronavírus. Com diversas condicionantes trazidas pela COVID-19, neste ano o comité responsável pela seleção dos nomeados ao galardão de Melhor Filme Internacional poderão escolher cinco filmes de uma lista de quinze projetos pré-indicados.
Em anos anteriores, os votantes tinham à disposição uma lista de dez títulos dos quais poderiam eleger sete. A esta lista juntar-se-iam, ainda, três produções escolhidas pelo comité internacional composto por várias centenas de argumentistas, realizadores, atores, produtores e técnicos em todo o mundo. Ampliar as opções de voto e o número de lugares entre os nomeados ao Oscar de Melhor Filme Internacional é a resposta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas aos tempos difíceis que vivemos, justificando, em nota oficial, a escolha como uma garantia de iguais oportunidades a todos os países a concurso.
Depois de numa primeira fase Listen ter sido o projeto escolhido para representar Portugal na seleção de filmes, a película de Ana Rocha de Sousa foi rejeitada por não cumprir um dos requisitos do regulamento, que implica que a produção tenha uma maioria de diálogos na língua materna. Vitalina Varela assumiu o lugar da obra e concorre à premiação defendendo a cinematografia nacional que tem somado elogios relevantes lá fora. William Dafoe e o realizador Spike Lee são alguns dos nomes de destaque em Hollywood que já manifestaram o apoio ao candidato português.
“Assim como a história e a fotografia são negras, a humanização acontece graças à simplicidade, nobreza e elegância da cinematografia”, destaca William Dafoe num comentário citado pelo jornal Expresso. Além do reconhecimento dos pares, a Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos deu conta na Rede Social Twitter que a história escrita e realizada por Pedro Costa ocupa o quarto lugar na lista de melhores filmes internacionais, de acordo com a opinião dos membros que compõem a NSFC, sigla original da Sociedade. Na lista, além de Vitalina Varela, figuram ainda os títulos Collective, originário da Roménia, Beanpole, do realizador Russo Kantemir Balagov, e, também, Bacurau, película que representa o Brasil na corrida ao Oscar de Melhor Filme Internacional.
Vencedor de três troféus no Festival de Cinema de Locarno, Vitalina Varela narra história de vida de Vitalina Varela serve de base à película que se apropria do nome da protagonista como título do filme. Três dias depois da morte do marido, Vitalina, uma mulher Cabo Verdiana, viaja até Portugal para refazer os passos do seu esposo, que vários anos antes partiu para o nosso país em busca de melhores oportunidades de trabalho com a promessa de regressar à ilha e trazer a sua mulher consigo. O contacto perdeu-se e depois de todo este tempo, Vitalina descobre a vida ilícita do marido, Joaquim, ao mesmo tempo que luta para se integrar e sustentar.
A 93ª entrega dos Academy Awards está prevista para o próximo dia 25 de abril de 2021, com o Dolby Theatre como habitualmente a servir de palco à cerimónia. Com data pré-agendada para o dia 28 de fevereiro, a organização optou por alterar o calendário do certame como medida de prevenção ao novo coronavírus, esperando que na nova data a pandemia se encontrasse numa fase mais estável. Contudo, e ainda sem nenhum pronunciamento oficial, é possível que os Oscars voltem a sofrer um novo adiamento ou que enveredem pela já normalizada via digital para a entrega daqueles que são considerados por muitos os mais importantes galardões do cinema.
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