Viajar Porque Sim #12 | Lugares para conhecer em Portugal em tempos de pandemia
Acho que já todos percebemos que o coronavírus não desaparecerá tão depressa quanto se calhar julgávamos, e que a vacina ainda vem longe. A nossa vida mudou, não forçosamente para melhor, e precisamos de nos adaptar às “novidades” a um ritmo quase diário, porque o que hoje é assim, amanhã poderá já ser de outra maneira. Estamos a viver um dia de cada vez.
Mas viver um dia de cada vez não é deixar de viver. É, isso sim, aproveitar com bom senso o que temos e as oportunidades que surgem, sem descuidar as regras e restrições que nos são impostas. Como é costume dizer-se, quando se fecha uma porta abre-se uma janela, e isto é o que sucede também actualmente em relação às viagens. Se por um lado estamos muito limitados no que toca a destinos seguros e é praticamente impossível fazer planos de viagem com grande antecedência, por outro temos agora a oportunidade de conhecer muitos locais sem sofrer os efeitos da pressão turística e das multidões que habitualmente os invadem. É tudo uma questão de pesquisar informação fidedigna, ponderar os prós e os contras, e depois decidir – antes que a situação mude.
Esta é também a altura ideal para conhecer melhor o nosso país, já que aqui temos a certeza de que não vamos de repente ficar retidos num qualquer aeroporto ou fronteira. Durante este Verão notou-se bem que a maioria dos portugueses decidiu ficar por cá, mas sempre com aquela tendência de irem todos para os mesmos sítios. Agora que o período convencional de férias já terminou, está na hora de começar a fazer umas “escapadinhas” neste nosso jardim à beira-mar plantado, onde não faltam lugares para explorar com calma e sem nos vermos metidos em confusões de gente.
Do norte ao sul de Portugal continental, fica aqui a sugestão de algumas vilas e cidades menos “concorridas” que merecem – mesmo! – uma visita.
Melgaço
Vila raiana encostada ao rio Minho, rodeada de vinhas de Alvarinho (o meu vinho preferido), Melgaço consegue a proeza de reunir história, paisagem e boa mesa em poucos quilómetros quadrados.
A não perder: as maravilhosas Termas e o seu Parque, a cerca de 3 km da vila.
Ver também: Castelo de Melgaço; Igreja Matriz; Igreja da Misericórdia; Museu do Cinema; Espaço Memória e Fronteira; Capela da Orada (a 1 km); percursos marginais do rio Minho (trilho pedestre).
Festas e eventos: Festa do Alvarinho e do Fumeiro (Abril); Melgaço em Festa (Agosto); Festa do Espumante (Novembro); Marchas de São João (Junho); festas do Corpo de Deus.
Chaves
Carregadinha de vestígios históricos que remontam a períodos ainda anteriores à ocupação romana e se estendem ao longo de vários séculos, Chaves é uma das cidades portuguesas mais curiosas e interessantes para conhecer.
A não perder: as varandas das casas na Rua Direita e outras ruas do centro histórico.
Ver também: Ponte de Trajano; Igreja de Santa Maria Maior (Igreja Matriz); Igreja da Misericórdia; Castelo e Torre de Menagem (museu histórico-militar); parque termal e poldras no rio Tâmega; Museu Nadir Afonso; bairro da Madalena.
Festas e eventos: Festividades em honra de Nª Senhora das Graças (Abril); Festas da Cidade (Julho); Festa dos Povos (Agosto).
Bragança
No interior transmontano e a dois passos das fronteiras norte e este com Espanha, Bragança consegue manter o espírito e o charme de uma cidade tradicional com raízes culturais muito próprias, ao mesmo tempo que se reinventa para acompanhar o progresso.
A não perder: o Museu Ibérico da Máscara e do Traje.
Ver também: o castelo e a Torre de Menagem (museu militar); Igreja de Santa Maria; pelourinho; Domus Municipalis; Igreja de São João Batista (antiga Sé de Bragança); Paço Episcopal de Bragança (Museu Abade de Baçal); Igreja da Misericórdia; Igreja de São Vicente; Centro de Arte Contemporânea Graça Morais; Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano; Centro de Fotografia Georges Dussaud.
Festas e eventos: Festival do Butelo e das Casulas & Carnaval dos Caretos (coincide com o Carnaval); Festa da Nossa Senhora das Graças (Agosto).
Amarante
Chamam-lhe Princesa do Tâmega e com razão, porque esta cidade tem algo de majestático. Mas não é uma nobreza com pretensões, antes a dignidade serena de uma cidade que sabe o que vale. Doce e romântica, Amarante é uma cidade para conhecer a pé e com calma.
A não perder: a praia fluvial Aurora e o parque de merendas.
Ver também: Igreja de São Gonçalo de Amarante; Ponte de São Gonçalo; Museu Amadeo de Sousa-Cardoso; Parque da Costa Grande; Rua 31 de Janeiro (pedonal); ruínas do Solar de Magalhães; Igreja de São Pedro; Igreja de Nosso Senhor dos Aflitos ou de São Domingos.
Festas e eventos: Festas do Junho ou de São Gonçalo (1º fim-de-semana de Junho); Feira à Moda Antiga (finais de Junho).
Salzedas
Esta vila pequena e meio adormecida, de origens medievais e intimamente ligada à Ordem de Cister, esconde algumas das preciosidades menos conhecidas do nosso país e é um encantador segredo a descobrir.
A não perder: o Bairro do Quelho (conjunto de casas da época medieval).
Ver também: Mosteiro de Santa Maria de Salzedas; Ponte Românica de Vila Pouca de Salzedas.
Festas e eventos: Festas em Honra de Nossa Senhora da Piedade e Santa Bárbara (Agosto).
São Pedro do Sul
É impossível dissociar São Pedro do Sul da sua vocação termal e do rio Vouga. Conhecidas desde o tempo da ocupação romana da Península Ibérica, muitos foram os ilustres de Portugal que beneficiaram das águas termais desta região – a começar pelo próprio Dom Afonso Henriques. O sítio ideal para usufruir das delícias do dolce far niente.
A não perder: a localidade das Termas de São Pedro do Sul (a 4 km da vila).
Ver também: Palácio dos Marqueses de Reriz; Igreja de Santo António; Igreja Matriz; Paços do Concelho (Convento Franciscano de S. José); Lenteiro do Rio.
Festas e eventos: Festas da Cidade (Junho); Festas da Nª Srª da Saúde (Maio).
Almeida
Desde que passou a fazer parte integrante de Portugal, no século XIII, Almeida foi sempre um dos nossos mais importantes pontos defensivos, e ainda hoje se define sobretudo pela sua estrutura fortificada, uma das que se manteve em melhor estado de conservação no nosso país até aos dias de hoje.
A não perder: a Praça-Forte.
Ver também: Museu Histórico Militar de Almeida; Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes; Paços do Concelho; Casa Brasonada – Brigadeiro Vicente Delgado Freire; Casa dos Vedores Gerais; Corpo da Guarda Principal; Palácio dos Leitões; Casa João Dantas da Cunha.
Festas e eventos: Comemorações do Cerco de Almeida (Agosto); Festa de Nossa Senhora das Neves (Agosto); Feira Nova (Setembro); Festa do Senhor da Barca (domingo de Pentecostes).
Nisa
Esta harmoniosa vila do Alto Alentejo foi agraciada por D. João I com o título de “Notável”, mas ainda assim permanece uma ilustre desconhecida da maioria dos portugueses. Nisa surpreende pela sua vida e pelos esforços que dedica à preservação da sua identidade cultural.
A não perder: Museu do Bordado e do Barro (dois núcleos).
Ver também: Castelo; Jardim; Câmara Municipal e pelourinho; Porta da Vila; Capela do Calvário.
Festas e eventos: Mártir Santo (Janeiro); Nossa Senhora da Graça (Páscoa); Nossa Senhora dos Prazeres (Pascoela); Santo António (Junho); Nisa em Festa (Agosto).
Castelo de Vide
Não há como escapar ao sortilégio de Castelo de Vide, com o seu casario branco estendendo-se pela encosta, rodeado pelo verde da Serra de São Mamede. Bonita quando vista de fora, ainda o é mais quando entramos, e em passeio pelas suas ruas as horas passam sem darmos por isso.
A não perder: o bairro da Judiaria.
Ver também: Castelo; Igreja Matriz Santa Maria da Devesa; Casa Amarela, o solar da família Torres; Igreja de São João; Fonte da Vila; Ermida de Nossa Senhora da Penha.
Festas e eventos: Carnaval Trapalhão; festas da Semana Santa; Romaria à Nª Srª da Penha (Agosto); Festas de Santa Maria (Agosto); Feira Medieval (Setembro); Festival Andanças, na Barragem de Póvoa e Meadas (Agosto).
Caldas da Rainha
Fundada no século XV pela Rainha D. Leonor, que ali instalou um Hospital Termal, a cidade é hoje em dia conhecida sobretudo pela sua vocação artística (cerâmica, mas não só) e por nela se realizar desde finais do século XIX, o único mercado hortofrutícula diário do país.
A não perder: o Parque Dom Carlos I.
Ver também: o mercado da fruta, na Praça da República; Hospital Termal; Igreja Nossa Senhora do Pópulo; Chafariz das Cinco Bicas; Museu José Malhoa; Casa Museu San Raphael (casa da família Bordallo Pinheiro); Museu da Cerâmica; Largo D. Manuel I; Centro de Artes; Museu Barata Feyo; Mata D. Leonor.
Festas e eventos: Carnaval;
Exposição Canina (Março/Abril); Festas da Cidade (Maio); Caldas Anima (Julho e
Agosto); festas em honra da Nossa Senhora da Conceição (Agosto); FRUTOS – Feira
Nacional de Hortofruticultura (Agosto); Caldas Nice Jazz (Outubro e Novembro);
Exposição Ornitológica (Novembro/Dezembro).
Santarém
Na planura do Ribatejo, Santarém ergue-se num planalto junto ao rio Tejo, vigiando a lezíria. É conhecida como a “capital do Gótico”, pelo elevado número de igrejas que a cidade tem neste estilo arquitectónico. Além do património construído que preserva, Santarém surpreende também pela gastronomia, com vários doces típicos da região e um número razoável de restaurantes de grande qualidade.
A não perder: o jardim-miradouro das Portas do Sol.
Ver também: Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Sé); Convento de São Francisco; Igreja da Graça; Igreja da Assunção De Marvila; Torre das Cabaças; Convento e Igreja de São João do Alporão; Igreja da Misericórdia; Igreja de S. Nicolau; Igreja de St.ª Clara; Igreja de Santo Estevão (do Santo Milagre); Igreja da Piedade; Janela Manuelina na Praça Sá da Bandeira; Mercado Municipal; Capela da Sr.ª do Monte.
Festas e eventos: Festas de São José (Março): Festas do Santíssimo Milagre (Pascoela); Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo (Junho); Verão In. Str… é um Espanto! (Julho e Agosto); Festival Nacional de Gastronomia (Novembro).
Alcácer do Sal
Aninhada numa curva do Sado, Alcácer vive virada para o rio do qual tem dependido ao longo dos tempos. Foi território mouro conquistado por D. Afonso Henriques, depois perdido e mais tarde reconquistado, sede da Ordem Militar de Santiago e terra-mãe de várias figuras notáveis de Portugal. Da sua história ainda permanecem muitos vestígios, mas são a sua ligação íntima com o Sado e a sua cozinha tradicional que hoje mais nos seduzem.
A não perder: entre Janeiro e Fevereiro, ver flamingos na zona da Amieira da Reserva Natural do Estuário do Sado.
Ver também: Castelo; Cripta Arqueológica do Castelo; Igreja de Santa Maria do Castelo; Convento e Igreja de Nossa Senhora de Aracoelli; Igreja de Santiago; Igreja de Santo António e Capela 11 Mil Virgens; Museu Municipal Pedro Nunes; Santuário do Senhor dos Mártires; ponte pedonal sobre o Sado.
Festas e eventos: Ruas de São João (Junho); PIMEL-Feira do Turismo e das Actividades Económicas (Junho); Festival Sabores do Sado (Julho); Feira Nova de Outubro.
Mértola
Cadinho de muitas culturas, esta miscigenação deu a Mértola características únicas no nosso país, e a sua sedução é disso um reflexo. Pendurada sobre o Guadiana, esta vila-museu saboreia-se com calma passeando pelas ruas empedradas, com o odor das laranjeiras a acompanhar-nos e o branco do casario a refulgir ao sol.
A não perder: a Igreja Matriz.
Ver também: Castelo; Oficina de Tecelagem do Museu de Mértola; Torre do Relógio; ponte de Mértola; Alcáçova; Basílica Paleocristã; Forja do Ferreiro; Cine-Teatro Marques Duque.
Festas e eventos: Festas da Vila (Junho); Festival Islâmico (Setembro); Festival da Túbera (Março); Feira da Caça (Outubro).
Tavira
Com uma história que se perde no tempo, Tavira oferece-nos uma outra visão do Algarve, muito diferente da imagem de turismo massificado que está associada à região. Atravessada por dois rios, o Gilão e o Séqua, estende-se da Ria Formosa para o interior e oferece-nos uma variedade de paisagens e ambientes que condizem bem com a diversidade do seu património cultural.
A não perder: o Coreto do jardim.
Ver também: Praça da República; Paços do Concelho; Núcleo Museológico Islâmico; Porta de D. Manuel I; Igreja da Misericórdia; muralha fenícia; Palácio da Galeria; Castelo; Igreja de Santa Maria do Castelo; antigo Convento de Nossa Senhora da Graça; Igreja Matriz de Santiago; Ermida de São Sebastião; Ermida de São Brás; antigo Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade (ou das Bernardas); Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; Ermida de Santa Ana; Mercado da Ribeira; ponte sobre o rio Gilão; salinas.
Festas e eventos: Festas de São João (Julho); Festival de Gastronomia Serrana (Março/ Abril); Festival de Gastronomia do Mar (Maio); Cenas na Rua-Festival Internacional de Teatro e Artes de Rua (Julho); Verão em Tavira (Julho e Agosto); Feira da Dieta Mediterrânica (Setembro).
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E pronto, aqui têm uma mão-cheia de ideias para partirem à descoberta de mais alguns recantos do nosso fantástico país – sempre sem esquecer que é preciso ter os devidos cuidados para não pôr em risco a nossa saúde e a dos outros.
Boas viagens!
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