Viajar Porque Sim #11 | Minas, da superfície às profundezas
À procura de um programa
diferente para o fim-de-semana ou as férias? As sugestões que vos trago hoje
resumem-se numa palavra: minas. Uma palavra pequenina, mas que no entanto
consegue congregar entretenimento para todos: para quem gosta de ruínas, para
quem viaja com crianças, para quem quer ser surpreendido, para quem
simplesmente quer conhecer um pouco mais do nosso mundo. Prontos para partir
nesta aventura?
Mina do Lousal
Fica perto de Ermidas do Sado, a
meio caminho entre Santiago do Cacém e Ferreira do Alentejo – duas localidades
que só por si merecem uma visita. Descoberto o jazigo em 1892, foi explorado entre
1900 e 1988
tanto a céu aberto como no subsolo. O minério retirado tinha sobretudo
enxofre, mas também cobre, chumbo e zinco, e valores residuais de ouro e prata.
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Depois do encerramento, o local
foi alvo de uma cuidadosa e bem-sucedida revitalização e é hoje um museu a céu
aberto com três núcleos visitáveis: o Centro de Ciência Viva, espaço expositivo
e de divulgação científica e tecnológica, que inclui várias áreas específicas
para os mais pequenos; o Museu Mineiro, instalado no edifício onde funcionou a
central eléctrica; e a galeria subterrânea da Mina do Lousal, com 300 metros de
comprimento, onde ficamos a conhecer alguns pormenores do trabalho mineiro
desenvolvido debaixo de terra.
Centro de Ciência Viva do Lousal
Avenida Frédéric Velge
Lousal, Lousal
Horário (de terça a domingo, incluindo feriados):
10h-18h; encerra nos
dias 24, 25 e 31 de Dezembro e 1 de Janeiro
Informações / Marcações de visitas guiadas: telefone 269 750 520
e-mail: info@lousal.cienciaviva.pt
Mina de São Domingos
Fica no concelho de Mértola o
lugar onde entre 1858 e 1965 existiu uma exploração mineira de pirites de cobre,
e que hoje nos oferece uma paisagem de ficção científica ímpar no nosso país.
Edifícios em ruínas, equipamentos abandonados, lençóis de água parada e vastas
áreas pedregosas com cores acobreadas ou acinzentadas, um cenário pós-apocalíptico
surpreendentemente atraente e fonte inesgotável para quem gosta de fotografar.
São vários os locais a visitar: a Casa do Mineiro –
Centro de Documentação, com um espaço museológico onde se recria a casa de uma
família mineira e um núcleo de arquivo e estudo de documentos de vários tipos,
que permitem reconstruir e preservar a história do extinto
complexo mineiro; as ruínas das oficinas ferroviárias e metalúrgicas, lugar de
produção e manutenção de grande parte do equipamento metalomecânico utilizado
na operação da mina; a corta, uma espécie de lago com água colorida que resulta da exploração
que foi feita a céu aberto; e os locais da Moitinha e da Achada do Gamo, onde
encontramos as ruínas do que foram os dois centros principais da actividade de
mineração aqui desenvolvida.
Cerca de 20 km a sul da Mina de São Domingos há que visitar a
aldeia fluvial do Pomarão, onde foi construído o porto que apoiava a logística
de transportes da mina, estando na altura as duas localidades ligadas por uma
via férrea.
Casa do Mineiro – Centro de Documentação
Rua de Santa Isabel
nº 30/31, Mina de São Domingos, 7750-146 Corte do Pinto
Horário (todos os dias): 9h-12h30 e 14h-17h30
Informações: telefone 286647534 e-mail: fserraomartins@gmail.com
Mina de sal-gema de Loulé
Explorada actualmente pela
empresa Tech Salt, é possível desde Outubro de 2019 visitar a mina Campina de
Cima, em Loulé, local onde há mais de 50 anos se extrai sal-gema numa área de
cerca de 1200 hectares que já tem mais de 35 km de galerias. O sal (cloreto de
sódio) extraído desta mina destina-se sobretudo à alimentação animal, à
segurança rodoviária (limpeza de neve) e ao controlo da vegetação infestante
nos espaços públicos, entre algumas outras aplicações.
Na visita à mina, que é
obviamente sempre feita com guia e dura cerca de 2 horas, descemos até 230
metros de profundidade num elevador com um sistema de guiamento flexível (sem
carris e com cabos), inovador na altura da sua instalação e que oferece maior
segurança. Num percurso de quase 1,5 km ficamos a conhecer as particularidades
geológicas da mina e a forma como é operada, muito diferente da ideia clássica
que temos do trabalho mineiro. Além disso, ao contrário da maior parte das
explorações mineiras subterrâneas, trabalhar nesta mina não acarreta problemas
pulmonares, antes pelo contrário: são requisitadas com frequência para
tratamentos de haloterapia, sobretudo para quem sofre de asma.
Tech Salt, S.A.
Rua Betunes, 27
r/c, 8100-616 Loulé
Localização da
mina: 37°08'05.6"N 8°00'28.7"W
Horário: dias úteis às 9h30, 11h, 14h30 e 16h
As visitas
podem ser marcadas online, por e-mail ou por telefone
Informações / Marcações:
telefone 925 969 369 e-mail:
turismo@techsalt.pt
Área mineira de Argozelo
Situadas na freguesia com o mesmo
nome, concelho de Vimioso, as Minas de Argozelo começaram a ser exploradas em
inícios do século XX. Aqui se extraiu estanho e tungsténio, sobretudo a partir
de 1958 e até 1993, ano em que foi declarada a sua falência. Nos anos 80, antes
do colapso do poço principal devido a problemas geotécnicos, a exploração desta
mina atingia já sete pisos, com uma profundidade máxima de 170 metros.
A área inclui vários locais de
interesse que podem ser visitados: o Centro Interpretativo, onde estão expostos
materiais e documentos diversos que contam a história da exploração da mina; a
entrada do acesso inicial à mina, visitável apenas mediante pedido e com
acompanhamento; o parque mineiro, antigo local da exploração e onde
encontramos, ao ar livre e em estado de degradação, partes do equipamento usado
para a mineração; e a ponte do mineiro, uma ponte suspensa sobre o rio Sabor,
construída com madeira e cabos de aço, que muitos mineiros cruzavam quando se
dirigiam para o trabalho.
A melhor forma de conhecer todos
estes locais é percorrendo a “Rota dos Mineiros de Argozelo”, percurso pedestre
que tem início no Centro Interpretativo e nos leva pelos caminhos usados pelos
mineiros.
Centro Interpretativo das Minas
de Argozelo
Cortinha do Calvário, 5230-027 Argozelo
Horário: dias úteis 9h-12h e 14h-17h; sábados, domingos e feriados 10h-12h e 14h-17h
Informações / Marcações: telefone 273 588 004 e-mail: sofiadiz@cm-vimioso.pt
Conhal do Arneiro
No artigo “À volta do Tejo” que
já aqui publiquei (http://www.fantastictv.pt/2019/12/viajar-porque-sim-3-volta-do-tejo.html)
falei de um percurso pedestre que passa pelo local onde existiu uma exploração mineira
de ouro de aluvião que os Romanos desenvolveram até à Idade Média. O conhal fica
no Monte do Arneiro, concelho de Nisa, e ocupa uma área superior a 70 hectares.
Ali encontramos inúmeras pilhas
de calhaus rolados (conhos), amontoados por entre as árvores e arbustos que hoje
ocupam os canais (a Levada da Vala dos Mouros) por onde em tempos circulava a
água utilizada na lavagem dos sedimentos,
transportada desde a Serra de S. Miguel e da Ribeira de Nisa até ao local da
exploração.
Para compreenderem
melhor este local e como era antigamente feita a mineração, aconselho que
visitem primeiro o Centro Interpretativo do Conhal, instalado na antiga Escola
Primária ao pé da igreja.
Centro Interpretativo do Conhal
http://www.cm-nisa.pt/centrointerpretativoconhal.html
Antiga Escola Primária do Duque,
Santana, Arneiro (Nisa)
Horário: terça a sexta 14h-18h / sábados, domingos
e feriados 9h30-12h30 e 14h-18h
(encerra às 2ª feiras e nos dias 25/12, 01/01, 2ª feira a seguir à Páscoa
(Feriado Municipal) e dia 01/05)
Informações: telefone 245 098 059 email (CM Nisa): geral@cm-nisa.pt
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Notem que nas galerias
subterrâneas da Mina do Lousal e da Mina de sal-gema de Loulé a visita é feita
respeitando todos os critérios de segurança e higiene necessários, como por
exemplo o uso de capacete (colocado sobre uma touca de protecção) e – nesta
altura específica – de máscara facial.
Boas viagens!
Ana CB / Agosto
2020
Visita o blog "Viajar porque Sim" em https://viajarporquesim.blogs.sapo.pt/
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