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Miúdos que já são Graúdos | Francisco Garcia


Francisco Garcia é o convidado deste Miúdos Que Já São Graúdos. Junta-te à conversa com o apresentador e ator que ficou conhecido pela sua participação em programas como Médico de Família e Os Principais.

ENTREVISTA

Começas a tua carreira em televisão aos cinco anos, ao participar em vários anúncios publicitários. Mas foi com seis que entraste pela primeira vez num programa de televisão, no Mini Chuva de Estrelas. Como é que tudo começou?
Na verdade, nunca cheguei a participar no Mini Chuva de Estrelas. Tentei, mas só queria fazer a interpretação da música "Esta Vida de Marinheiro", dos Sitiados. Era eu e mais algumas dezenas de crianças que queriam interpretar esta música e acabei por não ser escolhido (o primeiro de muitos 'nãos' que iria também aprender a ouvir). Mas foi entre os castings para o Mini Chuva de Estrelas e no dia da participação do meu irmão André - ele sim, foi escolhido - que verem que eu era tão irrequieto e extrovertido, falaram com a minha mãe para que eu começasse a fazer castings para anúncios. Foi verdadeiramente assim que tudo começou!

Seguiram-se participações em programas como Os Principais, Furor ou Bueréré, na SIC, ainda antes de 1998. Sempre sonhaste seguir uma carreira em televisão? 
Antes de 1998, ou seja, antes do Médico de Família, participei em Os Principais (1996) como chefe do Júri, e no Tinoni & Companhia (1997). Para o primeiro, fui escolhido pelo José Nuno Martins, quando me viu no decorrer de uma publicidade. Acabou por ser uma sorte e muito importante para todo o desenrolar do meu percurso. Naquela altura, queria era aproveitar as oportunidades, enquanto criança vivia muito o momento sem pensar nas consequências futuras, acho que aquilo com que sonhava era mesmo com o bem que me sabia, com o gosto que tinha em fazer aquilo e só queria mais e mais.
 

É precisamente com 10 anos que a tua carreira muda para sempre. Ao longo de 118 episódios foste o pequeno Pedro da série da SIC Médicos de Família, uma das produções nacionais de maior sucesso de sempre na televisão. Ainda hoje és abordado por este papel?
Sem dúvida. O Médico de Família e cada uma das suas personagens e atores marcaram todos quantos viram e seguiram a série e isso tem um reflexo também nos dias de hoje. Há muitos tipos de abordagem, mas seja qual for é sempre bom relembrar aquela série mítica, que marcou o público e a minha carreira. 

Este foi o momento mais importante da tua carreira? Como recordas o Médico de Família, agora que passaram 16 anos desde o final da série?
Não posso considerar o Médico de Família o momento mais importante, mas foi um dos momentos mais importantes e que me trouxe mais notoriedade e reconhecimento público. Recordo muitas vezes a série, era mesmo gira, para toda a família e com uma dinâmica nos textos muito moderna e bem construída. Assumo uma nostalgia! Não mantenho um contacto com o elenco, mas tenho um enorme carinho e respeito por grande parte do elenco e de toda a equipa que fez parte deste projeto, que invariavelmente vou encontrando.

Em 2013 voltas a participar numa produção com um papel de grande visibilidade, pela primeira vez, desde o Médico de Família. Até aí tinham sido apenas participações especiais em séries e telenovelas. O que fizeste durante este período?
Enquanto ator fiz, por exemplo, a Estação da Minha Vida, dirigido pelo Nicolau Breyner e com colegas como o Diogo Morgado, Paula Neves, Anabela Teixeira, Guilherme Leite. Também estive vários anos dedicado à apresentação de programas, tanto em Portugal, como quando vivi em Espanha. Todas elas foram produções com boas audiências nos países e canais onde foram emitidos e que, obviamente, limitavam muito a disponibilidade. Não chegou a existir um afastamento, apesar de existir, ao longo dos anos, períodos com mais ou menos trabalho. Não escondo que, por vezes, existiu uma diminuição de propostas, mas em mais de 20 anos penso que faz parte.



Pelo meio, apresentaste o Disney Kids entre 2004 e 2008, ao lado de Carolina Patrocínio. Qual a importância que o Disney Kids teve junto do público mais novo?
Uma grande importância, porque era um produto de enorme qualidade, com uma estrutura muito cuidada e isso era premiado pelo público e pela audiência. Claro que quatro anos a apresentar um projeto desses tem impacto, ainda nos dias de hoje. Algumas crianças são já jovens ou adultos.


Sabemos que estiveste a estudar no curso de Gestão para Economia na Universidade Complutense de Madrid. Porquê esta área?
Sempre quis ter formação numa área diferente da artística e a gestão e economia enquadravam-se perfeitamente nos alicerces que procurava para mim.

Já publicaste um livro em Portugal, chamado Verdades e Mentiras de Uma Vida Quotidiana. A literatura é outra paixão?
Claro que sim. A literatura é uma fonte de informação de valor muito elevado e por isso uma paixão. Escrever o Verdades e Mentiras de Uma Vida Quotidiana foi, de forma despretensiosa, com o claro objetivo de me desvincular de uma série de textos e poder, assim, amadurecer a minha escrita e aprender com os erros. Foi uma experiência muito boa e que espero repetir.
 
Regressaste à televisão portuguesa, como foi referido, em 2013, na série I Love It. Como surgiu o convite e porque aceitaste participar?
Já tinha voltado para Portugal e tinha uma enorme vontade de voltar à representação. Comecei a falar com o mercado para informar que estava de volta, fiz os castings normais nesse sentido e foi assim que surgiu o desafio de fazer o Tomás!
 


Apesar da mudança de horário e de ser transmitida nas manhãs de sábado, a série continua a ter muitos fãs nas redes sociais, que acompanham os episódios online e através das gravações automáticas. Achas que o conceito de 'ver televisão' está a mudar?
Sem dúvida! Com a evolução tecnológica e também devido à gestão de tempo das famílias, temos hoje um telespetador que é capaz de construir a sua própria grelha de programação, que escolhe quando e o que quer ver. Claro que isso não se aplica ainda a toda a população e ainda há muitas pessoas que seguem normalmente os programas nos dias e horários estipulados, uma realidade que me é muito próxima até porque o programa que apresento é emitido em mais de 150 países e em muito através de satélite.
 
Apresentaste o programa Giro na TV Record. Como correu este regresso à apresentação?
Correu muito bem. Foi muito desafiante apresentar um programa num formato de puro entretenimento, seguindo também o que de melhor se faz no Brasil nesta linguagem, mas com uma vertente também cultural, de turismo e lifestyle. Foi um projeto em constante mutação e com uma dimensão enorme, ao ser emitido em mais de 150 países.

Em 2015, deste os primeiros passos no stand up comedy com o Ri-te Ri-te. A comédia é uma vertente que queres continuar a explorar?
Essa experiência na comédia foi feita de uma forma muito despretensiosa e aquilo que procurei foi experimentar e aproveitar ao máximo. Correu muito bem, a crítica foi boa, e estou sempre aberto a novos desafios. É muito bom enquanto artista e ator ter oportunidade de explorar novos géneros e ir crescendo nas mais diversas áreas.
 

Em 2015, foste pai pela primeira vez. De que forma o nascimento da pequena Teresa mudou a tua vida?
Tentando não utilizar todos os clichés que fazem parte, a verdade é que ser pai muda-nos sempre, dá um novo sentido à responsabilidade, à estabilidade que queremos e procuramos e acrescenta-nos uma parte emocional de amor sem medida que nos torna melhores pessoas!

Qual a principal diferença o Francisco de há dez anos e o de hoje?

As maiores diferenças são provavelmente a maturidade, que me trouxe mais serenidade, calma e um compromisso com a minha profissão e com os trabalhos que tenho tido oportunidade de desenvolver.

Entrevista realizada em junho de 2016

Miúdos que já são Graúdos
Convidado: Francisco Garcia
Entrevista: André Pereira
Revisão: André Rosa