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Miúdos que já são Graúdos | Ruben Leonardo


Ruben Leonardo é o convidado desta edição de Miúdos Que Já São Graúdos. Junta-te à conversa com o ator que ficou conhecido do grande público pela participação em Mistura Fina, da TVI. 

Esta entrevista faz um balanço do percurso artístico do jovem talento, desde os seus tempos de 'miúdo' até à atualidade.

ENTREVISTA

Um dos primeiros grandes papéis que desempenhaste em televisão foi a personagem Marco Lampreia, na telenovela Mistura Fina, da TVI, em 2004. Como é que tudo começou? 
Tudo começou alguns anos antes. Eu era muito jovem e umas amigas da minha mãe, que iam abrir uma agência, perguntaram se eu não queria tirar umas fotografias. Então lá fui eu, e acabei por gostar imenso da experiência. Fiz uma primeira sessão fotográfica com a Carolina Castelinho para a revista Burda. Desde aí, fui fazendo algumas produções fotográficas e anúncios para a televisão. Até que um dia fui ao casting para a série Inspector Max. Correu muito bem, melhor do que eu esperava, e disseram-me que tinha algum jeito. Meses mais tarde, comecei na Mistura Fina.

Dois anos depois participaste em Aqui Não Há Quem Viva, da SIC, considerada por muitos uma das melhores séries de humor feitas em Portugal. Concordas com isso? Como foi integrar um projeto com grandes nomes da ficção, como Nicolau Breyner, que nos deixou recentemente?
A experiência em Aqui Não Há Quem Viva foi fantástica. Foi um projeto adaptado feito de forma exemplar. Apesar de os anos passarem e de eu ter mudado de "look", as pessoas recordam-se daquele "prédio". Trabalhar com o Nicolau Breyner, Maria João Abreu, Rosa Lobato Faria, Carlos Areia e todos os outros colegas foi para mim uma aprendizagem enorme. Todos os dias ia aprendendo mais e todos me tratavam como um colega adulto e experiente. 


Apesar das fracas audiências iniciais, a produção acabou por ser reposta várias vezes na SIC. Em 2010, curiosamente, obteve mais sucesso em horário-nobre que a transmissão original. Como é continuar a ser associado ao “terrível” Nuno Miguel?  
Infelizmente, o horário que foi dado à série na primeira vez que estreou não foi o mais adequado, mas penso que foi marcante tanto para os atores, como para o público. O Nuno Miguel foi uma personagem que eu adorei fazer. Senti que me era pedido para encarnar uma personagem que queria fazer parte do grupo dos homens, mas que, ao mesmo tempo, já os ensinava também. Sou ainda reconhecido pelo Nuno Miguel e isso dá-me um gosto tremendo, pois sinto que as pessoas estavam atentas e que, de uma forma ou de outra, as marquei.

Protagonizaste ainda o filme Atrás das Nuvens, em 2007. Que recordações tens desta tua primeira experiência no cinema? 
O Atrás das Nuvens foi o meu auge. Na verdade, fiz o filme antes do Aqui Não Há Quem Viva, o que me deu outras capacidades para ser o Nuno Miguel. Trabalhar com o Nicolau Breyner foi um privilégio enorme. É do que mais me orgulho na vida. Para além de ser talentoso e profissional, era exigente tanto com ele, como comigo. E isso, além de me fazer melhorar como ator, fez-me crescer como pessoa. Toda a equipa foi fantástica. Como filmávamos no Alentejo e por vezes os meus pais não me conseguiam acompanhar, todos perdiam algum tempo para me dar atenção e carinho. Foi a melhor experiência em cinema que eu poderia ter.


Seguiu-se uma outra participação tua na novela Chiquititas, com um elenco jovem e feita a pensar no público infantil. O que destacas deste trabalho? 
As Chiquititas foi um fenómeno, sinto que marcámos uma geração. É curioso que, mesmo com o passar dos anos, ainda sou reconhecido como o "rapaz dos caracóis". Fiz amigos para a vida nesse projeto. Tínhamos uma equipa excelente, também jovem e empenhada. Foi um grande orgulho poder fazer parte desse elenco. Penso que se pode destacar o sucesso nacional das Chiquititas, pois tanto eu como os meus colegas vimos o projeto ter a capacidade de atrair jovens e adultos e isso deixa-me muito feliz.

A tua última grande participação em televisão foi a série Pai à Força, que esteve no ar ao longo de três anos na RTP1. Qual a importância desta série na tua carreira? 
Pai à Força foi o meu projeto mais longo. É graças ao Simão que me reconhecem na rua, hoje em dia. Das personagens que encarnei, é aquela que se aproxima mais de mim, apesar das tragédias que sucediam na vida do Simão. Fiz uma amizade muito especial com o Francisco Fernandez, a Beatriz Monteiro, a Leonor Vasconcelos e a Marta Peneda, e isso para mim é fantástico. Não é fácil ser ator quando se é jovem, porque são pedidas várias vivências e reações que nós, felizmente, nunca tivemos de sentir. Mas poder fazer com que os espetadores sintam o que nós queremos que eles sintam é muito satisfatório, e isso aconteceu comigo no Pai à Força.


Mais recentemente, em 2014, voltaste à ficção com uma participação especial em O Beijo do Escorpião, da TVI. Como foi voltar a representar para televisão? 
Foi muito bom voltar a representar. Tive a oportunidade de gravar fora do país, pude conhecer grandes atores, fiz vários amigos, mas, acima de tudo, aprendi bastante. Já era adulto e a minha forma de ver a representação era diferente. Foi uma sensação fantástica voltar a fazer o que gosto!

Já em 2016, participas em A Única Mulher, no papel de Hugo Costa, um jovem que morre numa peregrinação a Fátima. O que retiras desta experiência?
Gostei muito de voltar à televisão, numa produtora que sempre foi muito querida comigo, a Plural. Foi na TVI que comecei e, felizmente, dão-me a oportunidade de continuar. Espero em breve voltar mais forte e capaz de surpreender o público e, desta forma, ter mais personagens e com mais importância na televisão. 


Depois do Pai à Força, e para além dos projetos referidos, estiveste envolvido em outros trabalhos ou dedicado aos estudos? Qual a área que procuras seguir? 
Estive a estudar na área da Hotelaria, porque senti que precisava de ter bases, no caso de ser ator não correr bem. O conselho que posso deixar aos jovens que sonham seguir a representação é que o importante são os estudos. É possível conciliar tudo, mas sempre privilegiar a escola. Eu gostava de seguir a carreira de ator, mas só o tempo o dirá.

Atualmente, ainda és abordado na rua pelos papéis enquanto criança? És ainda reconhecido? 
Sim, sou ainda reconhecido várias vezes. É uma sensação fantástica, porque sentes que as pessoas não se esqueceram e que foste marcante pelo que fizeste. As abordagens deixam de ser tão comuns porque as pessoas reconhecem a cara, mas não associam aos projetos, mas os autógrafos e fotografias são sempre momentos bonitos para mim. Aproveito para agradecer aos leitores do Miúdos Que Já São Graúdos o carinho que demonstram para com os atores jovens portugueses, porque estes vivem do público. Sem o público, não somos nada. Obrigado pelo apoio ao longo de todos estes anos, e espero que continuem a ver-nos!


Apesar de já ser um jovem adulto, ainda te sentes um 'miúdo' ou já te consideras realmente um 'graúdo'? 
Penso que sempre fui um miúdo, provavelmente também devido à minha baixa estatura! Mas já me sinto um graúdo hoje em dia, apesar de continuar a ser muito brincalhão. Sou da opinião de que a vida é para viver com um sorriso na cara e isso faz-me ser muito feliz e brincar todos os dias.

O que gostarias de estar a fazer daqui a 10 anos, a nível pessoal e profissional? 
Daqui a 10 anos, a nível pessoal, pretendo ter a minha casa e começar uma família. A nível profissional, espero atingir os meus objetivos na televisão e, se possível, representar no estrangeiro.

Qual a principal diferença entre o Ruben de hoje e aquele que se estreou em 2004?
O Ruben de hoje já é mais maturo e consciente, e sabe representar. É um Ruben preocupado, atencioso e amigo. Mas a principal diferença é a forma de ver a vida. Aprendi a aproveitar e apreciar as coisas mais simples. E aprendi a ver que tudo exige esforço, dedicação e devoção para atingir a glória, seja em que situação for. A vida são dois dias, e não se pode desperdiçar nenhum momento. O segredo é, todos os dias, brincar e ser feliz.

Vê a mensagem, em vídeo, que o ator deixou aos leitores do Fantastic:


Miúdos que já são Graúdos
Convidado: Ruben Leonardo
Entrevista: André Pereira
Revisão: André Rosa

Entrevista realizada em maio de 2016