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Fantastic Entrevista - Luís Osório



Luís Osório nasceu em 1971, é jornalista e escritor, autor de diversos livros, entre os quais “Mãe, Promete-me que Lês e o romance A Queda de Um Homem”. Foi diretor de jornais e de uma estação de rádio. É autor de programas de televisão e rádio, encenador, consultor empresarial e comentador político. Ganhou o Sete de Ouro, o Gazeta Revelação e o Prémio Inovação Manuel Pinto Azevedo. Foi nomeado três vezes para os Globos de Ouro pela autoria de Portugalmente e Zapping. Tem três filhos, todos rapazes. 

Neste “30 Portugueses, 1 País”, Luís Osório convidou 30 portugueses, empresários, políticos, escritores, pensadores, artistas, jornalistas, chefs, cantores, cómicos e perguntou-lhes o que pensam, o querem, de Portugal. Mais ainda, o que fazem por Portugal. São trinta conversas que compõem um retracto colectivo deste país à beira-mar plantado. 

De António Costa a Paula Amorim e Miguel Sousa Tavares; de António Barreto a Joana Vasconcelos e Fernando Medina; de Maria Filomena Mónica a Catarina Martins e Assunção Cristas, trinta portugueses confessam-se com franqueza, intimidade em muitos casos, e ajudam-nos a compreender Portugal, o nosso passado e as expectativas de futuro. Gonçalo Rosa da Silva fotografou, de forma soberba, cada um destes 30 portugueses notáveis.

Depois de um registo tão intimista como o “Mãe, Promete-me que Lês”, eis que surge agora um novo livro teu que é, inequivocamente um trabalho jornalístico. Temos neste “30 Portugueses 1 País”, exatamente trinta entrevistas a personalidades da nossa praça, que de alguma maneira são marcantes. Que revelações inesperadas podemos encontrar no teu livro?
O livro não foi feito com o objetivo de ter revelações. Na verdade, de alguma maneira, é a antítese disso. O objetivo passa por conversar sem rede, deixar as palavras fluírem sem tempo e perceber onde é que isso nos poderá levar. Este é um tempo em que os discursos públicos são formatados, “30 portugueses, 1 País” é o meu contributo para que o ato de conversar, um ato hoje quase subversivo, possa ser resgatado.


Sentes que o jornalismo é algo que te vai acompanhar toda a vida?
 É inevitável. Foram muitos anos a habitar redações, muitos anos a ler jornais, a pensar sobre jornalismo. Acompanhar-me-á toda a vida, sim. Mas com uma intensidade suportável, o jornalismo em mim nunca foi um sacerdócio. 

Qual foi a entrevista que te deu mais gozo fazer?
Mais gozo foi a de Tiago Rodrigues. Trabalhámos juntos vários anos. Fizemos projetos marcantes de televisão, como o Portugalmente ou o Zapping, e hoje é a figura mais importante do teatro português, com Joana Vasconcelos o artista português mais internacional. Foi, como calculas, uma conversa especial.

Quem é que tu achas que é mais fácil de entrevistar? Um político ou um artista?
Não separo as coisas dessa maneira. Depende dos políticos e depende dos artistas. Há artistas muito difíceis e políticos muito fáceis. E o contrário também.


Achas que os nossos políticos devem dar a conhecer melhor o que são e quem são quando não há câmaras por perto?
Espero que se deem a conhecer quando não há câmaras por perto. Mas também penso que o devem fazer na sua relação com os media. A autenticidade é uma arma importante, gosto de pessoas autênticas que não sejam apenas especialistas na arte da dissimulação. Mas atenção que não falo apenas nos políticos. 

Entre um Presidente da República aberto, espontâneo e, aparentemente, popular como Marcelo Rebelo de Sousa e um outro fechado em si mesmo e firmemente agarrado ao pedestal que lhe confere o cargo de Chefe de Estado, como por exemplo, Cavaco Silva, qual das posturas preferes?
Há políticos institucionalistas que admiro muito, como Jorge Sampaio. E há políticos abertos e espontâneos, como Marcelo, que também admiro. Mas também me acontece o contrário. Não gosto de Santana Lopes, que é aberto e espontâneo. E abomino Cavaco Silva que é institucionalista. Se me perguntares que tipo de pessoas gosto mais, que tipo de pessoas escolho como amigas, diria que prefiro as pessoas abertas. 


Falemos agora sobre a tua carreira no mundo da literatura: Estás em paz com este caminho ou, como muitos escritores em Portugal, sentes algum nível de frustração?
- Talvez se fosse um escritor a tempo inteiro, se vivesse para a escrita, pudesse sentir alguma frustração. Estando numa outra posição, não dependendo da escrita para viver, não sinto isso. Limito-me a escrever o que me apetece escrever em cada momento, a contar as histórias que quero contar e para mim está bem.

O que é que gostavas de escrever que ainda não escreveste?
Tenho 48 anos e se tudo correr bem, a partir de determinada altura, serei um romancista. É isso que quero fazer. Escrever livros que não deixem os leitores indiferentes, o que infelizmente acontece muito.

O teu “Mãe, Promete-me que Lês” é tão comovente e visceral, que acredito que todas as mães que o leram passaram por momentos em que sentiram o coração apertadinho. Se um dos teus filhos, um dia escreve-se um “Pai, Promete-me que Lês”, o que é que gostarias que ele te dissesse?
Não sei, não há resposta para isso. Mas acredito que não sentirão vontade de escrever um a carta ao seu pai. Entre mim e os meus filhos tudo será dito em vida.

O que os teus leitores podem esperar de ti num futuro próximo?
Podem esperar o compromisso de que farei o melhor possível para que os meus livros possam ser uma viagem de onde se chega diferente.

Fantastic Entrevista Luís Osório
Por Ana Cristina Pinto
Dezembro de 2019