COMING UP | Manifest
Todas as séries
que acompanha estão em pausa? É hora de embarcar numa nova aventura, mas com
cuidado porque nunca sabemos quanto tempo passou desde a última vez que viu a
sua família. Os protagonistas de Manifest, a nova série da NBC, são
exemplo de como o tempo pode ser traiçoeiro. Cinco anos depois de terem
embarcado no Voo 828, os passageiros que até então estavam dados como mortos
aterram em segurança nos EUA. Sem razões aparentes ou sem que eles tivessem
noção disso, tudo mudou à sua volta. Todos seguiram em frente menos eles que
ficaram presos no passado. Confuso? É este o novo quebra-cabeças que promete
explodir os fãs de Ficção Científica e abraçar os amantes de Lost e
outras do género.
Na verdade, o
conteúdo é original, mas toca pontos comuns de uma infindável lista de séries.
Além da já citada Lost, a trama parece seguir um percurso parecido com a
extinta Resurrection da ABC, em que várias pessoas que morreram voltam a
aparecer nas suas terras natais sem explicações. Os paralelos não ficam por aí,
e os autores ainda entregaram a “chave-mestra” da equação nas mãos de uma
criança, tal como na série de 2014. Tudo é um mistério que aconteceu a partir
de um pequeno nicho, mas que depressa se espalha pela sociedade, que além de
ter de aprender a lidar com a ocorrência bizarra ainda vê outros humanos
escaparem de morte certa sem que tenham qualquer ligação com passageiros do
voo.
Todos os
“retornados” parecem ter apenas uma coisa em comum: os Chamamentos. Pequenos
vislumbres de acontecimentos que devem evitar, ou mensagens do futuro que
chegam em forma de charada. Uma espécie de releitura do plot de
FlashForward. A narrativa parece deixar no ar a ideia de que a função
destes sobreviventes é salvar o planeta ou pelo menos evitar que certas coisas
aconteçam. Algo que a própria série deixa dúbio nesta temporada, para conseguir
aumentar o hype em torno do mistério dos Chamamentos.
Estas “visões”
tornam-se em algo bem mais interessante à medida que a season vai avançando.
Até porque o argumento consegue aliar de forma quase perfeita o sobrenatural e
lado científico. Tudo é encarado como uma espécie de Código Da Vinci, em que
todos querem por a mão. Desde médicos a governo, cruzando caminho com
organizações bem perigosas que deixam no ar a possibilidade de assistirmos a
algo inspirado em sociedades como os Illuminati.
Com uma intriga
bem colocada, a NBC reúne ainda um elenco bem competente com Josh Dallas no
comando da ação. Depois de terminar a sua cruzada em Once Upon a Time, o
eterno Prince Charming continua a manter-se no estereótipo de herói. Nesta nova
história ele é o homem que fica sem a família e que vê alguém assumir o papel
de pai na educação da filha “sobrevivente”. Talvez a escolha do ator como
protagonista peque apenas por tornar demasiado óbvio o desenvolvimento e
densidade da personagem, mas nada que afete em grande escala o ritmo da ação.
Apesar da narrativa ser fluída, há espaço para alguns “enrolanços”
desnecessários que parecem servir apenas para aumentar o número de episódios e
que pouco acrescentam na construção da maioria dos personagens, à exceção do
romance de Michaela e Jared que ganham um destaque absurdo num romance algo
enfadonho e arrastado.
Em Manifest tudo
funciona melhor quando é visto em maratona, talvez seja um bom indício de que a
trama podia ganhar muito mais se fosse realizada como uma produção de streaming.
Não só para evitar fillers, mas para melhorar alguns pontos. Falta-lhe
um pequeno boost, para a tornar em algo emblemático, mas não deixa de
ser uma produção cheia de potencial e sobre a qual muitas teorias podem ser
feitas. É uma excelente opção para quem gosta de ficar preso ao ecrã.
Comente esta notícia