Header Ads

COMING UP | The Last Summer


O fim do ensino secundário é sem dúvida um dos pontos de maior viragem na vida de todos nós, é o momento de se delinearem projetos para o futuro e de definirmos quem queremos ser dentro da sociedade. The Last Summer retrata isso mesmo com o “último verão sem preocupações” de um grupo de jovens bem diferentes. Sem deixar de ser clichê, o plot aborda a influência dos pais nas escolhas académicas, o sexo e a ostentação.

Com a assinatura da Netflix, o projeto tem no elenco vários atores de séries juvenis que dão o hype perfeito para o marketing da longa-metragem. E grande parte do sucesso da narrativa deve-se à boa química entre as personagens de KJ Apa e Maia Mitchell. No bom estilo de uma telenovela, todos as figuras da história parecem ter alguma ligação inusitada. No caso do casal sensação Griffin tem uma admiração antiga por Phoebe. Ele é um jovem que luta pela aceitação do seu pai escolhendo a segurança de um curso de Gestão ao invés do mundo das Artes. Enquanto isso, a personagem principal feminina está a desenvolver um documentário para conseguir candidatar-se a um curso de Cinema sem sobrecarregar a sua mãe. A paixão entre os dois acontece de forma bem coerente com a sociedade de hoje em dia, tudo é rápido e apressado, contudo acaba por ser um dos pontos melhor explorados pelo argumento.


Ponto negativo para a escolha de KJ Apa para interpretar Griffin. Não que o ator tenha uma má prestação, aliás pelo contrário, simplesmente o papel parece seguir uma linha demasiado semelhante às características de Archie em Riverdale. Faltou talvez uma escolha mais ousada e desafiante para que pudéssemos ver o talento do ator em pleno. Assim como Maia Mitchell que interpreta uma perspetiva menos sofrida de Callie de The Fosters. É um exercício de repetição que convence pela boa conexão dos atores, mas não deixa de nos fazer desejar algo fora da caixa.

Como num livro de Nicholas Sparks ou John Green, a vida dos jovens da trama navega entre o êxtase absoluto e a depressão de qualquer Young Adult, sobretudo com questões relacionadas com a vida sexual e amorosa. Há espaço para a critica à maneira como tudo se baseia no aspecto físico, uma mudança de paradigma bem presente pela forma como a trama encara a lista de mulheres com quem Foster pretende dormir antes de ir para a faculdade. Mesmo assim, e sendo este um filme virado para uma camada mais jovem era necessário um foco maior e consequências um pouco mais drásticas para algo tão errado como a objetificação da mulher.


Por outro lado, o diretor William Bindley acertou o ponto da abordagem sobre a urgência e pressão social para a escolha de um curso. Audrey é a típica rapariga que não tem grande aproveitamento escolar, mas que mesmo assim procura ganhar dinheiro para conseguir fazer face às despesas que a vida universitária exige. A jovem acaba por conseguir emprego como ama. Sierra, a filha da patroa, é uma menina prodígio que está a ser criada e educada para vingar no mundo da fama e do espetáculo, deixando de parte as brincadeiras habituais de uma criança e lidando com a desatenção da mãe. A ligação entre as duas personagens passa uma moral bem interessante sobre os pais projetarem as suas próprias vontades num filho, sendo este um dos núcleos que merecia maior espaço no grande ecrã.

O alívio cómico está entregue a Reece e Chad, dois nerds bem ao estilo do que já foi visto noutras franquias como em American Pie, que procuram ter sucesso com as mulheres depois de uma vida inteira a serem colocados de lado pela sua aparência e gostos. Este é arco mais fraco de toda a produção e também o mais previsível pela sua influência de histórias old fashion.

No final das contas, The Last Summer representa uma sociedade problemática, com dicotomias entre uma ostentação ao género de Dinasty e Pretty Little Liars e o trabalho árduo para garantir a realização profissional. É a busca pelos sonhos, num ponto de vista de filme de domingo à tarde que não se compromete a ser mais do que é. Sobretudo existe coerência, algo a ressaltar em histórias para este tipo de público, com reações bem lógicas e conectadas. É superficial em alguns dos seus ingredientes, no entanto provou que consegue ser um bom passatempo.