COMING UP | Avengers: End Game
Este não é simplesmente
um filme de super-heróis, End Game
vai ficar marcado na história do cinema como a masterpiece deste género. Sem se seguir pelas regras da construção
habitual de uma narrativa, o longa-metragem torna-se num produto de culto em
que pouco falha. Num momento em que as expectativas poderiam atraiçoar a
aceitação do projeto, o Marvel Studios não deixou nada de fora. São 11 anos, mais
de 20 filmes que se unem para terminar em glória a trajetória do MCU como o
conhecemos até agora.
É a verdadeira
celebração à cultura nerd, num estilo catártico que revisita tudo o que este
universo nos mostrou até à data dos acontecimentos, ao mesmo tempo que trama consegue
navegar entre as gargalhadas e as lágrimas. Muito mais que em qualquer outra obra
cinematográfica do estúdio, em Avengers 4
o humor está no lugar certo, no tempo exato em que deve estar. Kevin Feige e a
restante equipa mostram que conhecem tão bem o seu público, que no momento em
que quem assiste pensa em sussurrar a piada, já algum personagem a está a dizer
no grande ecrã. É como uma antevisão de todos os memes que poderiam surgir de cada uma das cenas. Do lado do público
está ainda a capacidade da gestão de spoilers. Com a dimensão da franquia é
impensável que alguma vez chegássemos ao cinema sem sabermos pormenores tão básicos
como a nova forma física de Thor.
E já que referimos
o nome do Deus do Trovão, falemos de personagens. Depois de Infinity War já ninguém duvidava que os argumentistas conseguiam
gerir bem a concentração de um grande número de super-heróis. No entanto, End Game vem reforçar tudo isso com um
protagonismo espartilhado em que cada um tem um lugar essencial. Thor e Hulk
assumem o vértice cómico do plot. Ambos
sofreram mudanças drásticas nos últimos cinco anos, facto que faz deles os
instrumentos perfeitos para que se tornem no alívio da dor que a “morte” dos
seus companheiros causou. E se no começo temos Captain América no centro da
piada, da ação e do drama, o desenvolvimento confirma explicando o porquê de
todo o destaque. Ao lado de Tony Stark, os dois representam a cara deste
Universo no grande ecrã e juntos dividem atenção naquele que é o ponto final dos
seus arcos.
Black Widow, Ronin,
Nebula, Rocket e Ant-Man acompanham em paralelo a jornada. Saltando entre pepéis
principais e coadjuvantes, mas nunca sem deixarem de ser um interesse da
narrativa. Nebula enfrenta o seu passado, num lembrete do que foi o seu início
e fim dentro desta lógica. É a representação física do encontro entre o passado
e presente da obra enquanto piscamos o olho ao futuro com Captian Marvel.
Encarregada de assumir o manto de figura principal do estúdio, Carol Denvers
tem pequenos apontamentos dentro do filme, contudo não deixa de entregar uma prestação
muito mais madura de Brie Larson. A escolha dos produtores em deixar a
personagem em segundo plano é feita pela proximidade com o sucesso da sua película
solo e também por este não ser o momento ideal para fazer a jovem brilhar. Afinal
estamos a falar de uma celebração e do encerramento de um percurso no qual as
histórias de Black Panther, Spiderman, Captain Marvel e Doctor Strange não
foram as maiores contribuições.
Repetindo o conceito
do seu antecessor, os heróis sobreviventes dividem-se em equipas para
encontrarem as joias do infinito, promovendo verdadeiros fan services e comprovando a maestria da direção dos irmãos Russo com a
recriação de algumas cenas emblemáticas de várias fitas que compõem o MCU. É fan service mas bem colocado, não é
gratuito, é o apontamento perfeito para a consistência da história e um dos
pontos fulcrais para que que possamos chamar o filme de épico. Passamos a dicotomia
entre a personalidade do Professor Hulk com o Hulk de Avengers: Era de Ultron, presenciamos uma ultima conversa entre
Thor e a mãe, Frigga, antes de ser morta em
Thor: Dark World e, ainda, um duelo perfeito entre o Steve Rogers de Captain America: The Winter Soldier e o
da atualidade que usa a experiência do passado para conseguir o que precisa.
Os “mimos” para
os fãs não se ficam por aqui. Aliás, Avengers:
End Game está repleto deles. Quase ninguém que tenha participado em algum
dos projetos que compõem a epopeia cinematográfica foi esquecido, quer durante as
viagens no tempo quer na batalha final, há espaço para praticamente todos os
personagens relevantes tomarem parte ativa da ação. É no último confronto que surgem
os momentos que empolgam qualquer fã deste género. Em alusão ao que já tinha
acontecido na Banda Desenhada, Captain America consegue empunhar o mjolnir, o martelo do Deus do Trovão,
mostrando ser digno e ter uma causa suficiente forte para lutar. O herói dos
anos 40 é protagonista ainda de um dos diálogos mais impactantes: “Avengers, assemble”, ou em português “Avancem,
vingadores”. Para os fãs dos comic books,
esta é uma das frases mais emblemáticas e foram precisos 11 anos para a
ouvirmos pela primeira vez na boca de Chris Evans.
Em pleno campo
de batalha há ainda espaço para o humor do novo Peter Parker, para o reencontro
entre o Spiderman e o seu mentor Tony Stark, e o vislumbre do poder feminino da
Marvel com todas as integrantes da equipa a unirem-se para enfrentar Thanos.
Por fim, o “presente envenenado”, o sacrifício do Iron Man. Robert Downey Jr.
diz adeus à sua carreira como superherói para salvar toda a humanidade sem antes deixar de
dizer “I’m Iron Man”, uma referência
ao seu discurso no primeiro filme solo do vingador, e um daqueles easter eggs que possivelmente só alguém
que maratonou recentemente os mais de 20 filmes vai entender à primeira.
A composição técnica,
num produto que necessita de tantos efeitos especiais, é praticamente
irrepreensível, com alguns bónus perfeitos como o envelhecimento ou
rejuvenescimento de alguns personagens. É um trabalho notável neste ponto. A
juntar a isto, há a lista galática de figuras de primeiro escalão de Hollywood
que completam o elenco do filme. Michael Douglas, Michelle Pfeiffer, Robert
Redford, Natalie Portman, Angela Basset, Rene Russo, Marisa Tomei, Tilda
Swinton, além claro dos integrantes do grupo principal.
Depois do precedente aberto no ano passado para Black Panther, tudo parece apontar para uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. É o enlace que qualquer jovem que tenha crescido com este tipo de história sempre sonhou. O sonho tornou-se realidade, e a única lamentação é que Stan Lee não tenha assistido a tudo isto.
Depois do precedente aberto no ano passado para Black Panther, tudo parece apontar para uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. É o enlace que qualquer jovem que tenha crescido com este tipo de história sempre sonhou. O sonho tornou-se realidade, e a única lamentação é que Stan Lee não tenha assistido a tudo isto.
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