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Segunda Opinião | 1986: Rebobinar ainda é fixe!


Chegou a 13 de março, aos ecrãs da RTP, uma das produções portuguesas mais esperadas dos últimos tempos. 1986 é a nova série da autoria de Nuno Markl, que é muito mais do que “uma história que se passa na década de 80”. Trata-se de uma revisitação autobiográfica de uma época, feita com um visível entusiasmo e dedicação.

Os textos de Nuno Markl, Ana Markl e Filipe Homem Fonseca são do melhor que se viu na televisão portuguesa nos últimos anos. A linguagem tão própria de Markl está lá e as expressões que nos remetem àquela época também. E é isso que faz com que criemos empatia imediata com as personagens e com o que nos é dito.

A realização de Henrique Oliveira é também muito competente e diferente do que estamos habituados a ver. A narrativa é, por isso, muito visual. As divagações do protagonista Tiago (Miguel Moura e Silva) são também muito bem conseguidas. E a direção artística de Hugo Almeida e da sua equipa dá também uma preciosa ajuda na reconstrução de um universo que sai da cabeça de Nuno Markl e que nos remete para uma época muito específica da nossa história.


As músicas, os filmes, as marcas, os livros ou as ideologias políticas de 1986 estão lá todas e isso é fundamental para que a história se torne tão especial. As referências reais surgem de forma natural e estão envolvidas num mundo ficcional, que se torna tão credível para quem assiste. 

Também a banda sonora original de 1986 é um dos grandes trunfos da série. João Só, Nuno Rafael e Helder Godinho são os responsáveis pela produção musical, que conta com vozes como David Fonseca, Lena D’Água ou Samuel Úria, entre muitos outros. E cada uma das canções é pensada especificamente para uma personagem, não esquecendo o contexto da década de 80 e as influências musicais da época.

Do leque de atores de 1986, fazem parte caras mais experientes - como é o caso de Adriano Carvalho, Teresa Tavares ou Gustavo Vargas – mas, sobretudo, um elenco jovem com nomes como Miguel Moura Silva, Laura Dutra, Miguel Partidário, Eva Fishahn ou Henrique Gil, que parecem ter sido a escolha acertada para interpretar cada uma das personagens.


1986 estreou com uma audiência discreta. Com 2,6% de audiência e 5,6% de share, o primeiro episódio emitido pela RTP1 foi visto por 255 mil espectadores. Um resultado muito abaixo do que a concorrência obtém no horário e na linha do que outras séries da estação pública têm conseguido à mesma hora. Mas é inevitável perceber o impacto que 1986 já conseguiu fora do pequeno ecrã. É que para os mais fanáticos, os 13 episódios já estão disponíveis na íntegra, na RTP Play.  

Neste caso, o sucesso de 1986 não se pode resumir ao número de espectadores que assistiu à série na sua emissão televisiva. Os fãs que já assistiram aos capítulos na RTP Play, o sucesso de vendas do CD da banda sonora em poucos dias e o concerto solidário que irá acontecer em Maio no Altice Arena são provas disso mesmo. 

Nuno Markl e a sua equipa estão de parabéns pela concretização de um projeto tão especial e pela forma como o fizeram chegar aos telespectadores – sobretudo através da sua promoção nas redes sociais. 1986 é daquelas séries que, se hoje é falada junto do público, no futuro será ainda mais apreciada. Muitos serão aqueles que quererão ver e rever esta produção sobre o ano em que se ouvia “The Boy With The Thorn In His Side” dos The Smith, enquanto Mário Soares e Freitas do Amaral se defrontavam nas míticas presidenciais de 1986. Afinal, rebobinar é (e será sempre) fixe!
Por André Pereira

Segunda Opinião - 115ª Edição 
Uma rubrica em parceria com o
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