Duplo Clique | Especial "Let's Dance - Vamos Dançar"
O verdadeiro calcanhar de Aquiles do “novo” formato da TVI/Endemol foi a sua natureza híbrida. Ao que parece, as conversas tidas pelos jovens, entre os 18 aos 30 anos, não tinham sal nem pimenta. Eles só conversavam sobre dança, e que aborrecido é ver como o sucesso se constrói com sangue, suor e lágrimas.
Let’s Dance – Vamos Dançar. A TVI lançou o convite aos portugueses, mas ao que parece eles não quiseram ser um par totalmente comprometido na dança do novo programa de sábado à noite.
Let’s Dance atraiu as atenções de um milhão e 41 mil espectadores na emissão de estreia e a partir daí começou a medir forças contra a ficção portuguesa da SIC emitida no mesmo horário de sábado. À segunda semana, para estancar uma perda súbita de audiências, eis que a TVI toma uma decisão inédita e inesperada: cancelar a componente reality do concurso (emitida sobretudo no canal TVIReality, disponível na operadora NOS). À terceira semana, Fátima Lopes fala à imprensa negando estar a “liderar um fracasso”. Alguma coisa não correu de feição com esta nova aposta da TVI e o público tem uma quota-parte de responsabilidade nisso.
É fácil perceber que o verdadeiro calcanhar de Aquiles do “novo” formato da TVI/Endemol foi a sua natureza híbrida. Apesar de nunca ter sido apresentado como um reality-show, era-o com todas as letras – caso contrário nem teria honras de transmissão no canal TVIReality. Senão vejamos o que o distinguia de outros talent-shows do género em que o objetivo é descobrir “o melhor bailarino de Portugal”: tinha uma academia – leia-se casa vigiada 24h por dia por dezenas de câmaras e microfones – para os concorrentes ensaiarem e aprenderem individual e coletivamente vários estilos de dança.
Let’s Dance – Vamos Dançar. A TVI lançou o convite aos portugueses, mas ao que parece eles não quiseram ser um par totalmente comprometido na dança do novo programa de sábado à noite.
Let’s Dance atraiu as atenções de um milhão e 41 mil espectadores na emissão de estreia e a partir daí começou a medir forças contra a ficção portuguesa da SIC emitida no mesmo horário de sábado. À segunda semana, para estancar uma perda súbita de audiências, eis que a TVI toma uma decisão inédita e inesperada: cancelar a componente reality do concurso (emitida sobretudo no canal TVIReality, disponível na operadora NOS). À terceira semana, Fátima Lopes fala à imprensa negando estar a “liderar um fracasso”. Alguma coisa não correu de feição com esta nova aposta da TVI e o público tem uma quota-parte de responsabilidade nisso.
É fácil perceber que o verdadeiro calcanhar de Aquiles do “novo” formato da TVI/Endemol foi a sua natureza híbrida. Apesar de nunca ter sido apresentado como um reality-show, era-o com todas as letras – caso contrário nem teria honras de transmissão no canal TVIReality. Senão vejamos o que o distinguia de outros talent-shows do género em que o objetivo é descobrir “o melhor bailarino de Portugal”: tinha uma academia – leia-se casa vigiada 24h por dia por dezenas de câmaras e microfones – para os concorrentes ensaiarem e aprenderem individual e coletivamente vários estilos de dança.
Cifrão anunciou com visível entusiasmo que seria através do acompanhamento do que se passava na academia que os espetadores poderiam ver como o talento se aperfeiçoa, como os bailarinos trabalham, como os desafios são ultrapassados rumo ao sucesso. Mas essa academia, apresentada pelo canal, apresentadora e jurados como o elemento inovador que diferenciava o concurso dos outros, foi o que deitou por terra a componente reality de Let’s Dance – Vamos Dançar, comprometendo os resultados das galas semanais a partir do momento em que deixa de haver um canal de comunicação direto para os espetadores se ligarem emocionalmente aos concorrentes.
Os portugueses rejeitaram a oportunidade de acompanhar a evolução diária dos bailarinos (fosse através do TVI Reality ou dos blocos diários emitidos ao final da tarde e de madrugada na TVI generalista), e mostraram sem rodeios como preferem mergulhar de novo no universo pseudo-amoroso e sexual dos reality-shows emitidos nos últimos anos. Ao que parece, as conversas tidas pelos jovens, entre os 18 aos 30 anos, não tinham sal nem pimenta. Eles só conversavam sobre dança, e que aborrecido é ver como o sucesso se constrói com sangue, suor e lágrimas. É mais divertido aplaudir subidas na horizontal. Fracassou um conteúdo interessante e diferente; triunfou a vulgaridade.
Os portugueses rejeitaram a oportunidade de acompanhar a evolução diária dos bailarinos (fosse através do TVI Reality ou dos blocos diários emitidos ao final da tarde e de madrugada na TVI generalista), e mostraram sem rodeios como preferem mergulhar de novo no universo pseudo-amoroso e sexual dos reality-shows emitidos nos últimos anos. Ao que parece, as conversas tidas pelos jovens, entre os 18 aos 30 anos, não tinham sal nem pimenta. Eles só conversavam sobre dança, e que aborrecido é ver como o sucesso se constrói com sangue, suor e lágrimas. É mais divertido aplaudir subidas na horizontal. Fracassou um conteúdo interessante e diferente; triunfou a vulgaridade.
Let’s Dance – Vamos Dançar ajusta-se assim ao tipo de exibição que deveria ter tido originalmente: galas em direto aos sábados com VTs para que todos vejam como decorreram os ensaios, e mantendo ainda um Extra à noite. Produzido assim, mostra como a TVI podia ter optado por não o transformar num reality, e ainda por cima negando essa categorização.
O cancelamento surpresa da componente nevrálgica de um programa como este foi um episódio inédito na TVI e é a prova viva de como as televisões privadas reagem ao comportamento das audiências: com medo de arriscar em formatos novos e dando-lhes aquilo que é um sucesso (à partida) garantido. A ver vamos se os portugueses sobem de novo para a pista ao som da música que a TVI lhes propõe.
Duplo Clique - 92ª Edição
Por André Rosa
Comente esta notícia