Segunda Opinião | Sim, Chef!

De registo cómico, Sim, Chef! estreou no canal público no dia 4 de janeiro de 2017, assumindo as noites de quarta-feira. Esta é uma série leve, divertida e com ingredientes simples, mas que juntos resultam e conseguem torná-la única.

Antes de estrear, a direção do canal prometia mudanças no paradigma da ficção com Sim, Chef! e isso parece verificar-se. A RTP continua a apostar em ficção diferenciadora, única e de registo cómico - registo esse que se perdeu quando Bem-vindos a Beirais chegou ao fim. No último ano, apenas Os Boys trouxe algum humor às noites da estação, embora a aposta não tenha sido bem aceite pelo público.

Sim, Chef! fez regressar a ficção que o canal público transmitia antes mas com mais qualidade e num horário apropriado, o das 21h. A Mãe do Senhor Ministro, Os Compadres ou Hotel 5 Estrelas são algumas das sitcoms mais recentes que foram aposta da RTP1. Séries que podiam ter resultado se fossem transmitidas às 21h, horário que “foge” àquele em que as privadas transmitem as suas telenovelas de maior audiência.

O resultado está à vista. Sim, Chef! tem alcançado, ao longo das semanas, uma audiência aproximada de meio milhão de espetadores, mais do dobro do que foi conseguido pelas suas antecessoras emitidas em 2016. Com espaço para subir ainda mais, esta série poderá conseguir ainda melhores resultados e, quem sabe, fazer frente às privadas - como já aconteceu com Bem-vindos a Beirais.

Para esta receita de sucesso, o horário não é o único ingrediente secreto. Nesta produção, podemos contar com grandes nomes da ficção. Miguel Guilherme, Benedita Pereira e Diogo Martins assumem o protagonismo e conseguem representar diferentes gerações de atores de enorme talento. Eric Santos, Pedro Giestas, Luís Barros, Tiago Retré, Tiago Costa, Grace Mendes, Ivo Lucas, Marta Faial, Jani Zhao e Rute Miranda compõem este “prato principal”.

A história de Sim, Chef! passa-se num restaurante, onde são contadas as aventuras do pessoal da cozinha. À mistura, juntam-se convidados especiais, que encarnam o papel de clientes. Sem a típica história de amor, com as traições, uma personagem má e outros estereótipos habituais, a diferença conseguiu impor o sucesso da produção.  Os efeitos sonoros adequados, divertidos e inovadores em Portugal, são outro dos pontos-chave para um excelente resultado final.

Sim, Chef! sai a ganhar por ser um produto que não é demasiado popularucho, mas também não é elitista no que respeita ao tipo de humor. É a sitcom que faltava à televisão portuguesa. No fundo, está mesmo “no ponto” e pronta a ser degustada todas as semanas na RTP1.

Segunda Opinião -  72ª Edição

Por Filipe Vilhena

Uma rubrica em parceria com o Diário da TV