Saídos da Rádio | Ivan Pedreira
Seja bem-vindo a mais uma edição do Saídos da Rádio, a rubrica do
Fantastic onde damos a conhecer novos talentos da música portuguesa.
Na entrevista desta semana, Ivan Pedreira é o nosso convidado.
O Ivan Pedreira conta já com uma vasta carreira no mundo da música, como baixista, compositor, cantor e produtor. Como surgiu a paixão por este mundo?
O bichinho da música entrou em mim através do meu pai. Em novo, ainda em Luanda, ele tinha uma banda - os “Brukutus” -, e apesar de não ter seguido a música como carreira, todos os dias que eu lembre, ele pegava na viola, tocava e cantava para e com todos nós. Somos uma família grande, somos sete irmãos e a música teve sempre um papel importante no juntar pessoas em nossa casa, em forma de convívio e partilha.
Essa paixão alguma vez deu origem a um projeto familiar?
Eu e os meus irmãos acabámos por criar uma banda de originais. Um dos meus irmãos tocava guitarra e cantava, outro tocava bateria e eu, por necessidade do projecto, comecei a tocar baixo. Foi aqui que o Baixo entrou na minha vida e me conquistou. Apesar deste projecto com os meus irmãos ter terminado e cada um ter seguido o seu caminho a solo, despertou em mim a necessidade de compor, de pôr sentimentos cá para fora e de partilhar a minha mensagem. A minha paixão pela música é na realidade a minha essência.
Foi baixista de Paulo Gonzo, tendo ainda trabalhado no programa Operação Triunfo e no Casino Estoril. Que importância tiveram estes trabalhos no seu percurso?
Aprendi e cresci muito enquanto músico por ter tido a oportunidade de ter tocado nestes projectos. São vivências que não estão ao alcance de todos. Infelizmente em Portugal não há muitas oportunidades para que um músico profissional chegue a grandes palcos, em organizações de grande dimensão, e principalmente com regularidade. O espectáculo “Visions” no Casino Estoril marcou-me muito, foi uma experiência inesquecível: tocar diariamente ao vivo durante um ano para uma casa cheia é algo raríssimo no nosso país. Para além de ter evoluído imenso em técnica e performance, foi como ter um “emprego como todas as outras pessoas” mas na nossa área profissional.
“Fuzamiura” é o seu álbum de estreia, produzido, composto, tocado e cantado por si. Em que consiste este projeto?
“Ivan Pedreira” como projecto a solo surgiu da minha necessidade de mostrar ao mundo a minha mensagem como músico, em todas as dimensões e não apenas no instrumento. O meu percurso como baixista profissional não me completava nesta área. Precisava de um formato em que a essência da ideia não se perdesse, e desta forma é importante esta minha presença em todos os passos de construção e apresentação da música. Tive a sorte de me cruzar com o Nozes, guitarrista, que compreende a forma como trabalho, percebe a minha mensagem na música e complementa-a com o seu contributo. Aconteceu o mesmo com os restantes músicos que hoje constituem a banda, dentro da minha mensagem e sonoridade, todos encontram espaço para darem o seu contributo pessoal.
Porquê a aposta no formato digital?
O formato digital faz todo o sentido nos dias de hoje. Estamos numa era tecnológica, de acesso fácil e aquisição rápida. O formato digital permite a aquisição imediata e é uma forma de chegar a mais pessoas de uma forma mais eficaz. O grande objectivo é levar todos a irem ver o projecto ao vivo, está mesmo muito bom! É no palco que todas as valências se juntam e materializam. É no tocar ao vivo que se justificam os milhares de horas de empenho e dedicação, e do muito trabalho que está por trás de uma edição de um álbum. Na venda e distribuição em formato digital tenho a parceria com a Editora “Farol Música”, que me tem apoiado muito na divulgação deste meu primeiro álbum. A edição física mantenho-a como Edição de Autor e também ela faz todo o sentido para quem me quer acompanhar nesta viagem.
Bruno Nogueira e Carla Entrudo são dois dos artistas que se juntam a si nesta caminhada. De que forma estas duas colaborações foram importantes para o projeto?
Este meu lançamento a solo chegou até aqui porque houve pessoas que acreditaram e me apoiaram desde o início e ao longo de todo o processo.”FuzaMiura” é o resultado desta caminhada conjunta. A Carla Entrudo teve uma grande influência na construção do projecto desde o seu início. A junção das letras da Carla com a música que eu compus foi um processo muito giro, criativo e envolvente para ambas as partes. Costumo dizer que eu criei a estrada e a Carla traçou o caminho. O Nozes acabou por se cruzar connosco e também ele influenciou o resultado final. Eu sou um músico compositor que dentro do que crio dou espaço criativo a quem quer tocar comigo, quero que os músicos se revejam na música que tocam, que sintam o meu projecto como o seu projecto. E o Nozes abraçou este álbum como seu, foi quem manteve o projecto vivo, sempre persistente e motivado, mesmo nas alturas mais difíceis desta caminhada. Se chegámos até aqui foi porque ele nunca desistiu de me acompanhar!
O nome “Fuzamiura” relaciona-se com a “dualidade masculino/feminino que reside no interior de cada um e no centro de todos os relacionamentos”. Explique-nos um pouco mais acerca desta designação.
Este conceito está directamente relacionado com o equilíbrio e com a harmonia. O contraste e a convivência dos e entre os opostos, da e com a diferença, no ganho e na cedência, é muito importante para se alcançar um equilíbrio saudável dentro do nosso interior e nos relacionamentos com o outro. Relaciona-se também com o aprendermos os nossos limites dentro do respeito pelos do próximo. É aprendermos a respeitarmo-nos, e a respeitarmos quem nos rodeia.
No seu single de estreia, “Ser Alguém”, refere que “sempre foi alguém, mesmo sem saber”. Este projeto é, também, uma redescoberta pessoal e artística?
Não diria que é uma redescoberta pessoal e artística, mas sim uma aceitação! Assumir-me a solo e editar o meu 1º álbum acabou por ser um acto de coragem e de auto-confiança, uma aceitação interior das minhas capacidades. Por vezes só nos apercebemos do que realmente somos capazes de fazer ou ser quando nos auto-desafiamos e elevamos a nossa própria fasquia!
Quais as perspetivas para o futuro próximo?
Neste momento estou em fase de promoção e divulgação do disco nos vários meios de comunicação. A banda está pronta, temos trabalhado arduamente para fazermos uma excelente apresentação ao vivo.
As perspectivas para um futuro próximo são tocar, tocar e tocar! Chegar ao máximo número de pessoas possível e conquistá-las, tanto ao vivo como através da venda do álbum nas plataformas digitais e em CD.
O grande objectivo é partilhar com todos a minha arte. E a seguir editar o segundo álbum!
Saídos da Rádio - T3 | Edição 3
Dezembro de 2016
Entrevista: André Pereira
Agradecimentos: Farol Música
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