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Segunda Opinião | Massa Fresca


Depois dos eternos Morangos com Açúcar e da aposta falhada em I Love It, a TVI decidiu voltar a apostar numa série juvenil. Massa Fresca, que teve o nome provisório de Quatro Estações, estreou a 25 de abril no horário das 19h, tendo conquistado uma legião de fãs, desde os mais novos até aos mais crescidos.

Massa Fresca contou a história de Maria (Mafalda Marafusta), uma jovem que se atravessa por acaso na vida de cinco adolescentes - Catarina (Beatriz Barosa), Salvador (Artur Dinis), Leonor (Beatriz Leonardo), Simão (Gonçalo Oliveira) e Teresinha (Maria Eduarda) - e que fica com a missão de cuidar deles quando os seus pais, Vicente (Pedro Lima) e Inês (Sofia Alves), morrem num misterioso acidente de carro. Maria e Francisco (Duarte Gomes), o tio dos miúdos, ficam assim com a responsabilidade de manter uma casa e cinco jovens em ordem. A isto, acrescenta-se ainda o clima de romance que surgiu entre os responsáveis.

Apesar de a sinopse ser bastante interessante, à partida podemos achar que este é um tema recorrente entre as séries juvenis - a morte prematura dos pais. Contudo, a TVI conseguiu dar a volta a esse cliché e fazer algo novo. Massa Fresca abordou temas muito pertinentes, como a diabetes, a anorexia, a violência no namoro, o atual modelo de ensino, a corrupção e a importância que se deve dar às artes, todos eles de forma lúdica e responsável.

Também a construção das personagens acabou por ser diferente, principalmente dos núcleos jovens, pois conseguem representar de forma eficaz a maioria dos adolescentes. Esse fator foi notório, sobretudo, nos seis jovens protagonistas. Se Salvador é vaidoso e rebelde, Catarina é a típica menina certinha e sonhadora, enquanto Leonor é a vegan defensora do planeta. Já Simão é o craque das tecnologias, Teresinha é uma menina doce e muito inteligente e Constança (Mercês Borges) é arrogante e convencida. Papéis desempenhados de forma exemplar pelos respetivos atores, com destaque para Beatriz Leonardo, Maria Eduarda, Bruno Páscoa (Catita), Gonçalo Oliveira, Mercês Borges e Guilherme Rocha (Nando).

Mafalda Marafusta também está de parabéns pela sua interpretação e crescimento desde Água de Mar. A atriz que esteve brilhante neste papel de protagonista, conseguiu dar vida a uma personagem de um conto de fadas, mas sem esquecer que esta é real, tendo as suas fragilidades e defeitos. Este é um dos grandes fatores que distinguem Massa Fresca de produções como Floribella ou Chiquititas", em que a ficção e a fantasia superavam a realidade.

Ao mesmo tempo, Duarte Gomes conseguiu também trazer entusiasmo ao núcleo de protagonistas, enquanto Pedro Carvalho ficou responsável por dar vida a Artur, o típico “romântico e bonzinho”, que acabou por ter menos interesse do que os restantes. Destacam-se ainda Rita Ribeiro (Zezinha), Catarina Avelar (Avó Miquinhas), Dina Felix da Costa (Branca), Carlos Oliveira (Diamantino), Sara Barradas (Guida Afonso), Susana Sá (Antónia) e Ana Brito e Cunha (Tininha), cada uma em contextos diferentes, mas a surpreender no papel que interpretaram.

Massa Fresca foi uma série bem conseguida e a segunda temporada, apesar de não estar planeada, não é ainda uma hipótese excluída pela TVI. As audiências da série não foram as melhores, mas o sucesso que esta conseguiu junto do público, sobretudo nas redes sociais, demonstra que ainda existe muito para contar neste universo. Caso aconteça, esperemos que a TVI consiga manter a essência da série e não a descaracterize, tal como aconteceu com a última temporada de A Única Mulher ou com a sequela de Jardins Proibidos.

No fundo, a produção da plural veio mostrar o que o público quer ver, ao ser um produto leve, descontraído, mas diferente do habitual, trazendo ao espetador o fator novidade. Para além disso, foi ainda um dos poucos formatos dedicados aos mais novos que esteve no ar este ano na televisão portuguesa e só por isso já merece destaque.

 Segunda Opinião - Edição 65
Por Marco Filipe
Uma rubrica em parceria com o Diário da TV