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O Agora Escolha regressou à RTP. A nova versão do mítico programa da estação pública, emitido nos anos 80 e 90 com Vera Roquette na apresentação, alimenta o saudosismo do público que ainda se lembra daquele que foi um dos primeiros programas interativos entre a televisão e as audiências. Atualmente, porém, a dita interatividade não é sinónimo de espanto – e a repetição de programas muito menos.
Parece ter sido essa a escolha da RTP: vasculhar o arquivo e oferecer aos espetadores uma hora e meia diária de revivalismo televisivo. Tem mais piada que as reposições avulsas dos canais privados? Provavelmente. Mas redunda no mesmo sintoma de uma programação generalista sem ideias, a estalar ao sol, como se não houvesse nada mais fresco para ver.
A versão moderna do Agora Escolha serve-se da sua plataforma online para permitir ao público a votação no programa que quer (re)ver. É a lógica do B-A BA, tão simples quanto isso. Durante o programa – desta vez apresentado por Marta Leite Castro – a primeira meia-hora é dedicada à votação, enquanto um painel de decisores tido como “focus group”, obviamente disfuncional, tenta “ajudar” o espectador a escolher, antes de o programa ser exibido. Aqui reside a nova vertente ficcional do formato e algum do entretenimento se pode extrair do Agora Escolha. Se à mesa da apresentadora não se sentassem as personagens carismáticas e divertidas interpretadas por Eduardo Madeira, Manuel Marques, Maria Vieira, Raimundo Cosme, Rui Unas, Victor Espadinha e Joana Pais de Brito, a aposta da RTP não teria razão de existir.
Os vox-pop promocionais que passam em antena, nos quais os atores emitem uma espécie de opinião pública televisiva, conseguem ser, às vezes, até mais divertidos que a troca de argumentações na mesa de Marta Leite Castro. Pouco divertido é o estado atual da programação portuguesa, minada de repetições, programas clonados e más decisões estratégicas, face aos quais o público responde com desagrado e baixos índices de audiência.
A imagem do Agora Escolha de 2015 nada tem a ver com a do programa de sucesso dos anos 90, acarinhado por muito do público nostálgico. O grafismo e música pop conferem um ar leve e moderno aos conteúdos, e a votação online permite evitar o massacre gráfico e auditivo das linhas telefónicas. Do mal, o menos: se pouco resta à RTP, de momento, senão repor os seus produtos de ficção, ao menos é o espetador que decide.
Agora Escolha (temporada atual), para ver de segunda a sexta, no horário das 23h, na RTP.
Duplo Clique - 57ª Edição
Uma crónica de André Rosa
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