Duplo Clique | "Talento às Cegas"
Competição ao rubro, espetáculo em direto. Got Talent superou o desafio “em cima do acontecimento” e mostrou-se capaz de produzir grandes momentos de televisão. Com os talentos à prova e uma resposta entusiasta por parte das audiências, o concurso da RTP afirmou-se, mais do que uma alternativa à concorrência, como um marco na oferta televisiva do serviço público.
Got Talent não seria, à partida, mais um vulgar concurso de talentos. Talvez não prometesse, também, ser tão irrecusável de ver na hora em que o espetador decide fazer zapping. Definindo a sua identidade, de facto tornou-se uma paragem obrigatória na programação, como quem diz “nós, RTP, estamos a fazer um programa que merece o seu tempo”. E assim vingou no horário, mostrando que os jovens não apenas cantam e dançam, que o malabarismo não começa a acaba no circo e que a magia não acontece somente nos grandes palcos.
É precisamente em palco que Marco Horário ouve a plateia gritar por si (normalmente demasiado histérica). De voz colocada, postura divertida e casacos que aparentam estar-lhe curtos, o apresentador tem assegurado a melhor condução das noites, ao mediar a comunicação entre os concorrentes e os jurados com o seu bom humor típico. Mantendo um registo coerente e diverso no que respeita o tom das apreciações, também o painel de jurados deixa transparecer o entusiasmo de fazer parte do Got Talent. Sofia Escobar consegue equilibrar as emoções com a exigida apreciação crítica e contribui para a harmonia da mesa, na qual Manuel Moura dos Santos continua a afirmar-se como o mais frontal e impaciente dos comentadores. E se Pedro Tochas não poupa elogios, Rui Massena modera bem as palavras: o contraste criado anima a conversa e impede o espetador de se aborrecer.
A dimensão visual é um dos pontos mais bem explorados nas emissões do programa. Ao dispor de um palco de grandes dimensões e tecnologicamente bem equipado, a produção tem apresentado soluções engenhosas e impulsionadoras da prestação dos concorrentes. O sincronismo do ecrã e a iluminação traduzem o aparato sofisticado e moderno, o que torna o palco de Got Talent um dos melhores já utilizados na televisão portuguesa. Tudo o que é exigido a um bom programa de entretenimento encontra lugar no formato da RTP. A Realização é perita na escolha dos melhores planos, colocando no ar as imagens que mais impressionam o espetador. Por esse motivo e não só, a dinâmica das atuações fica assegurada (incluindo as dos talentos cujas performances são menos dadas à espetacularidade), graças à genialidade criativa de quem elabora os números, um trabalho fundado no talento de cada um dos participantes.
Got Talent só peca pela reviravolta que tem sofrido semanalmente no período de votações, muito devido aos portugueses que se têm equivocado acerca dos concorrentes que merecem passar à Final. Apesar de o balanço se traduzir em satisfação para uns e desilusão para outros, o espetáculo justifica por si o visionamento, pelo menos para quem não alimenta a competição.
Na RTP, aos domingos à noite, Portugal tem talento até de olhos fechados. A terceira semifinal do programa, a melhor e mais justa até agora, foi a prova disso mesmo.
Got Talent, para ver aos domingos, às 21h20, na RTP.
Got Talent, para ver aos domingos, às 21h20, na RTP.
Comente esta notícia