Fantastic Entrevista [Especial Porto Canal] - 5ª edição
Esta semana no Fantastic Entrevista num Especial Porto Canal vamos receber duas caras da estação da Senhora da Hora para todo o país, mas principalmente para o norte.
Vanda Balieiro é chefe de redação no Porto Canal e Joel Cleto é apresentador de programas como ''Caminhos da História''. Entre nesta conversa com dois convidados que fazem o Porto Canal.
Entrevista a Vanda Balieiro
1-É jornalista no Porto Canal, mas como percebeu que queria seguir esta área?
O jornalismo sempre foi uma paixão. Aos 18 anos decidi bater à porta de umarádio local da minha cidade, em Viana do Castelo (a Rádio GEICE), eofereci-me para um estágio durante as férias de verão. Desde então nuncamais deixei de fazer jornalismo. Passei por outra rádio, por jornais, e tivedepois a oportunidade de integrar a equipa da extinta NTV. Nessa altura tivea certeza de que a televisão seria o meu futuro.
2-Sempre quis seguir jornalismo?
Desde criança. Lembro-me de dizer aos meus pais, quando tinha cerca de seisanos, que queria ser jornalista da televisão. Recordo-me de num Natal terrecebido de presente um gravador e um microfone. Nunca mais o larguei.Acho que entrevistei todas as pessoas que iam lá a casa de visita.
3-É atualmente chefe de redação no Porto Canal. É difícil por uma equipa a trabalhar?
Não. De todo. Tenho, isso sim, de ser muito organizada para conseguir geriruma equipa de produtores, jornalistas, apresentadores e coordenadores. Ofundamental é criar motivação, ouvir toda a gente, e dar-lhes a oportunidadede fazerem aquilo de que gostam. A nossa equipa é jovem, ambiciosa e determinada.
4-Em que consiste realmente o seu trabalho?
Ser chefe de redacção do Porto Canal é fazer de tudo um pouco. Tenho a sorte de ter a confiança do Director de Informação do Porto Canal, Domingos de Andrade, que me dá total liberdade para gerir a redacção. Sou responsávelpela agenda, seleccionando as reportagens a ser feitas para os blocosnoticiosos. E isso implica seleccionar serviços na sede e nas oitoDelegações do Porto Canal. Defino as equipas de jornalistas e repórteres deimagem para cada reportagem. Oriento os produtores nos convites paraentrevistados dos jornais ou programas de Informação. Ajudo na coordenação e, por isso, de vez em quando estou na régie durante os jornais. Sou, ainda, responsável pelos estágios no Porto Canal. Somos um canal de formação e, por isso, acolhemos estagiários de todo o país.
5-O Porto Canal é um canal com clube. Como viu a entrada do FCP para o canal?
De uma forma natural. Como veria a entrada de qualquer outro investidor. Averdade é que o FC Porto veio trazer mais visibilidade ao nosso trabalho… E mais audiências, que bem são precisas…
6-Para si o espirito e o trabalho em equipa são importantes para se chegaràs diferentes peças?
Não são importantes. São fundamentais.
7-E esse espirito reflete-se concerteza em fotografias como esta ao lado:
A ''diversão no trabalho'' faz o Porto Canal trabalhar bem?
É óptimo divertirmo-nos enquanto trabalhamos. Nem sempre é possível, porque a equipa trabalha sempre em “contra-relógio”. Mas quando podemos, lá surgeuma brincadeira.
8-O Porto Canal é voltado mais para o norte do país. Acha importante que haja um canal para cada região do país?
Sim. Acho que quanto maior for a oferta, melhor. Acredito que os portuguesesmerecem saber o que se passa na sua região, no seu território. Sabemos que os três canais nacionais concentram a Informação e a produção nos grandescentros. Acabamos por saber o que se passa na nossa terra, apenas, através dos jornais e das rádios locais.E por isso, porque não mais televisões locais?
9-É facil fazer um canal fora de Lisboa?
Não. Basta dizer que os grupos financeiros (potenciaisinvestidores) estão em Lisboa. O que o Porto Canal tem feito é criar novos protagonistas, potenciando mais massa crítica. Tem dado voz ao Norte.
Entrevista a Joel Cleto
1-É uma das caras mais visíveis do Porto Canal e dado os programas em que participa, as pessoas vêem-no como uma pessoa culta. Sente muito isso?
De forma nenhuma! Sinto perfeitamente – e cada vez mais - o princípio socrático de que quanto mais sei mais percebo o quanto sou ignorante e o quanto necessito ainda e sempre de aprender. Tenho é o privilégio de estar no topo, bem na pontinha, de uma pirâmide. Isto é: num local de grande visibilidade, de onde sou visto por muita gente. Contudo, para estar nesse local há todo o resto da pirâmide. Ou seja, os temas que abordo e os conhecimentos que transmito nos meus programas não resultam de qualquer suposta cultura exímia e profunda da minha parte, mas sim do trabalho – tantas vezes injustamente ignorado – de muita gente. E por isso fiz questão, quando no início deste ano a Sociedade Portuguesa de Autores indicou o “Caminhos da História” como um dos três melhores programas televisivos de entretenimento em 2012,fiz questão – dizia – de partilhar a nomeação e agradecer a todos os meus colegas historiadores, arqueólogos, museólogos, técnicos de Património que, todos os dias, por todo o país, com grande e empenhado profissionalismo asseguram um trabalho qualificado em torno da investigação e valorização da nossa História. Sem o seu trabalho e esforço, na maior parte das vezes silencioso e sem impacto mediático, não seriam possíveis programas de divulgação como os “Caminhos da História”. E foi também por isso que fizemos questão, ao longo da última temporada, de trazer a estúdio, em conversa comigo, muitos dessas outras caras.
2-Caminhos de História leva-o pelo norte do pais. Como pode falar deste projecto?
Exige muito trabalho?Desde logo, e como toda a gente sabe, um programa de televisão não se faz sozinho. Para lá do Joel há toda uma equipa (não muito vasta, mas muito empenhada e entusiasta) que torna possível o programa. Do realizador à maquilhadora. Da produtora aos responsáveis pela imagem. Dos contactos prévios às filmagens em estúdio. Da idealização à edição. Dos trabalhos no terreno aos fascinantes e stressantes momentos na reggie. Uma vez mais sou, também neste caso, o privilegiado que está no topo visível da pirâmide… Idealizar um programa e o seu tema de fundo, estudar o seu conteúdo, atualizar conhecimentos em bibliografia dispersa, selecionar o que penso ser mais relevante num “mundo” que parece sempre que daria para vários episódios, gravar o documentário nos locais e gravar uma conversa em estúdio com convidados relacionados com o tema… tudo isto, e muito mais, numa semana… não é fácil. Mas também não é difícil. O desafio e o “trabalhoso” está em consegui-lo fazer todas as semanas… E a verdade é que já lá vão mais de seis anos… semanalmente… Mas quem corre por gosto… E eu faço-o com todo o gosto!
3-O Porto Canal leva-o aos mais belos locais do norte. Sente-se um privilegiado?
Claro que sim. O programa não só me permite viajar por muitos dos mais belos e extraordinários monumentos do nosso país, como não raras vezes acabo por aceder a espaços e objetos aos quais, em condições normais, nem sempre é possível. Do interior de frágeis ruínas de estações arqueológicas a subterrâneos desconhecidos e vedados ao público, das sacristias e criptas de velhas igrejas e mosteiros ao manuseamento de relíquias e outros objectos salvaguardados em museus… tudo isso só me é possível graças ao programa. Sinto, por isso, uma responsabilidade acrescida em fazer chegar esse privilégio a todos, através das câmaras de televisão. Uma responsabilidade tanto maior quanto, para mim, a História e o Património só fazem sentido em função do Presente e do Futuro. Muito mais importante do que o mero ou “muito culto” conhecimento do Passado, o que verdadeiramente interessa é o que a História e a Memória podem fazer pela atual qualidade de vida das nossas comunidades. Quais as potencialidades que elas oferecem para as gerações futuras. E são muitas! Divulgar, e promover o nosso Património é, por isso, crucial nos nossos dias e nos que se aproximam. E não estou a falar apenas da valorização da auto-estima das populações, ou das potencialidades turísticas da nossa História e dos nossos monumentos. Há muito mais… mas isso são já… “outros factos, outras histórias, outras… entrevistas da Fantastic TV”
4-Como é o Joel atrás das câmaras?
Um vulgaríssimo cidadão. Com família e amigos. Com quem gosto muito de estar. E aos quais a minha aventura televisiva me tem retirado muito tempo…
5-"Caminho das Estrelas", "Porto de Historias" e "Crónicas" foram alguns dos programas da sua autoria. Que memórias trás deste tempo?
Participar desde o início no projeto do “Porto Canal” tem sido uma experiência de vida fabulosa. Tenho conhecido muita gente, aprendi muita coisa, trabalho com profissionais mais novos do que eu (coisa de que sempre gostei bastante)… E, tal como o canal, acho que tenho crescido ao longo destes anos. Ao rever os primeiros episódios do “Crónicas” acho gritante as diferenças. E não me estou a referir às brancas que me vêm invadindo o cabelo! Acho, sem falsas modéstias, que houve um caminho e um progresso. Mas tenho consciência que há ainda muito para melhorar.
Dos pouco mais de 10 minutos do “Crónicas” inicial até chegar aos 60 minutos do atual “Caminhos da História” foram, com efeito, decorrendo programas e “modelos” muito interessantes. Provavelmente
não serão muitos os que se recordam, mas o “Verdadeiro ou Falso” foi uma experiência muito gira. Diariamente, antes do noticiário da noite, eu contava em dois/três minutos um episódio histórico. Só que poderia ser verdadeiro… ou não. Só depois do noticiário é que eu voltava ao ecrã para explicar se a história do dia era verdadeira ou falsa e porquê. O “Viagens na Minha Terra”, numa parceria com a STCP, foi também interessante. Percorrer e narrar a história e o património da região através dos autocarros públicos… Mas é claro que guardo um carinho muito especial do “Caminho das Estrelas”. A temática dos Caminhos de Santiago é uma das minhas preferidas. Temos vindo a estudar a hipótese de produzir uma segunda série deste programa, através de um outro percurso. Mas precisamos de um mecenas… Fazer televisão não é barato. Ainda mais quando implica a disponibilidade de uma equipa permanentemente no exterior durante vários dias…
6-Costuma acompanhar as audiências dos seus programas?
Mentiria se dissesse que não me preocupo com o impacto público que os programas têm. Mas confesso que não vejo obsessivamente as audiências. Ao longo do último ano terei pedido à Ana Pinto (a minha competentíssima produtora) para me mostrar as audiências no máximo umas duas ou três vezes. Para mim acaba por ser mais importante outro tipo de reações, que nos permitem medir a real adesão e interesse que os programas suscitam. A forma, inegavelmente crescente, como somos abordados e acarinhados na rua. As mensagens que nos enviam. Privadas umas. Através do facebook e de outras formas públicas, muitas outras. As avaliações muito positivas que temos recebido de alguma da mais relevante crítica televisiva publicada na imprensa periódica. A nomeação que já referi da Sociedade Portuguesa de Autores… É um outro tipo de audiências, mas que nos permite, também, perceber que o Porto Canal continua a crescer. E que, no caso do “Caminhos da História”, tem valido a pena a teimosia, mas também a sagacidade, do Júlio Magalhães e do Domingos Andrade, em fazer deste o único programa de História, em toda a televisão generalista portuguesa, que é transmitido em prime-time.
Produção: António
Convidados: Vanda Balieiro e Joel Cleto
Fantastic Entrevista 2013
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