Crónica - FORA DO AR: REPLAY!
O último dia do mês anterior ficou marcado pela estreia na SIC e TVI de novas telenovelas em horário nobre. Quer dizer, na TVI ao contrário do anunciado “Espírito Indomável” viu a sua estreia antecipada para domingo, naquilo que a estação apelidou por ante-estreia. O que não foi mais do que uma triste manobra de contraprogramação, ao mais baixo nível, agravado pelo facto de a estação de Queluz de Baixo apresentar um novo Director de Programas, que pelos vistos dará seguimento aos maus vícios dos seus antecessores.
Felizmente, pois este tipo de comportamento não pode ser incentivado, o tiro saiu pela culatra, e a nova coqueluche da estação estreou com um dos piores índices de sempre. Outra coisa não seria de esperar atendendo à época do ano, em que o consumo está em baixo, sobretudo às 21 horas, normalmente o horário de maior consumo, e depois colocar num domingo, o pior dia da TVI, e logo às 21 horas , tendo que subir a baixa audiência do Jornal Nacional e ainda por cima saida do nada, pois a estreia estava anunciada para o dia seguinte, e não é com dois ou três dias de aviso que se vai fazer um trabalho de divulgação que precisa de pelo menos duas semanas.
E para terminar, naturalmente que o termo “ante-estreia” não é aplicável a este tipo de produto, pois se é exibido um primeiro capítulo, este é logicamente a estreia e pronto.
No dia seguinte, foi a vez da SIC estrear a sua telenovela, que pelo que me apercebi nunca teve o horário anunciado até o dia de estreia, outro mau exemplo de contraprogramação. Mais uma vez repetem os erros do passado, e pelos vistos o espectador que deveria ser o alvo da estação e que deveria estar o mais informado possível sobre os programas emitidos acaba por ser o último a saber.
Mas o pior, no caso da SIC ainda estava para vir, quando vemos que na primeira semana de exibição “Passione” não repetiu uma única vez o mesmo horário.
Se a televisão é hábito e fidelização como é que os responsáveis das estações privadas querem que os seus produtos resultem?
Isto leva-nos a outro caso.
Esta semana, “Perfeito Coração” terminará a sua exibição claramente em alta, no entanto, todo este esforço da telenovela portuguesa da SIC terá sido em vão, pois não terá substituta!?? Pelos vistos o modelo da SIC será produzir uma telenovela por ano, fazendo umas férias no verão, preenchendo o horário com uma tapa-buracos qualquer. Obrigando a que a nova telenovela que estreie em Outubro tenha que repetir todo o caminho da sua antecessora, o que dificulta qualquer trajetória de sucesso e evolução da estação na consolidação de telenovelas próprias.
Na TVI, “Espírito Indomável” estreou, mas supostamente a telenovela que vinha substituir, “Sentimentos” continua a ser emitido, e sem data anunciada para terminar, quando está a poucos dias de completar um ano de exibição. O que constituirá algum tipo de recorde, pois estamos a falar da telenovela com o pior desempenho de sempre e como recompensa terá a sua exibição prolongada ao extremo, quando qualquer lógica racional e de mercado apontaria no sentido contrário.
Mas como sabemos, lógica e televisão portuguesa são dois conceitos que não se cruzam!
E não esqueçamos como na TVI uma telenovela começa por estrear às 21 horas e termina à meia-noite, num claro sinal de respeito por quem decide prestigiar os produtos da estação!??
Portanto, chegamos ao absurdo de ver na (ainda) estação líder de Portugal 4 telenovelas em simultâneo, uma das quais inteiramente exibida após a meia-noite.
Seria assim tão díficil para as televisões nacionais não emitir telenovelas após as 00h00? Parece-me que não, no entanto, estas continuam a fazê-lo!
Se até a estação pública que deveria ser uma referência já o fez recentemente, quase que ficamos sem moral para exigir algo deste tipo às televisões privadas.
E a RTP1 não se livra de críticas no que a telenovelas diz respeito, não por as exibir, mas pela forma como tem apostado neste género. Alguém consegue perceber porque razão são emitidas duas telenovelas a seguir ao Jornal da Tarde, sendo que a segunda tem uma duração a roçar o rídiculo, e sobretudo porque se trata de uma repetição de uma telenovela que tinha sido exibido há menos de um ano? Felizmente, os resultados, mais uma vez, estão ao nível da qualidade de tal medida. Deveria fazer pensar o responsável por tal escolha, mas como é normal em Portugal, isto continuará a passar completamente ao lado e ninguém ficará surpreendido se daqui a alguns meses algo do género se repetir.
E ainda o que dizer da estratégia da SIC de exibir duas horas de “Caras e Bocas” ao longo dos meses de verão? Mais uma vez Nuno Santos repete-se, o que não abona a seu favor, já que com quase dois anos e meio de casa seria de esperar que os problemas que encontrou na SIC quando entrou alguns, como este já tivessem sido resolvidos. Não se pode queixar de falta de oportunidades, porque essas foram muitas, mas sempre desperdiçadas, como aconteceu recentemente com a decisão de colocar “A Armadilha”, uma telenovela inédita, num horário onde reposições faziam o mesmo e com um custo menor, quando esta poderia ter ido para as 18 horas e Caras e Bocas assim ficaria somente às 19 horas. Com certeza uma estratégia que traria melhores resultados e com um horizonte maior do que a opção actual.
Sem esquecer que o que acontecerá no acesso ao primetime na rentrée permanece uma incógnita não sabendo-se se as telenovelas regressarão às 19 horas, ou se o Nós Por Cá voltará, mantendo-se uma estratégia que muito tem penalizado o desempenho da SIC.
Perante este cenário ninguém deverá ficar surpreendido pelos cada vez piores resultados das televisões generalistas, que em vez de tentarem inverter esta situação, preferem continuar a repetir as estratégias que as conduzam ao precipício.
Para terminar, como devem ter reparado a palavra “ repetição” e similares foram referidas inúmeros vezes ao longo desta crónica, pois, é a palavra certa para descrever a televisão nacional. Esta é uma repetição contínua de mais do mesmo, e como é natural e espectável a repetição seguinte faz pior que a anterior. Costuma-se dizer que devemos aprender com a experiência e sobretudo com os erros, mas pelos vistos isto é algo que claramente os directores de programas não são capazes de fazer. E por isso, continuaremos com uma televisão cada vez mais sofrível em qualidade e audiências!
Fiquem em boa companhia,
Até à próxima semana!
Por Paulo Andrade
Felizmente, pois este tipo de comportamento não pode ser incentivado, o tiro saiu pela culatra, e a nova coqueluche da estação estreou com um dos piores índices de sempre. Outra coisa não seria de esperar atendendo à época do ano, em que o consumo está em baixo, sobretudo às 21 horas, normalmente o horário de maior consumo, e depois colocar num domingo, o pior dia da TVI, e logo às 21 horas , tendo que subir a baixa audiência do Jornal Nacional e ainda por cima saida do nada, pois a estreia estava anunciada para o dia seguinte, e não é com dois ou três dias de aviso que se vai fazer um trabalho de divulgação que precisa de pelo menos duas semanas.
E para terminar, naturalmente que o termo “ante-estreia” não é aplicável a este tipo de produto, pois se é exibido um primeiro capítulo, este é logicamente a estreia e pronto.
No dia seguinte, foi a vez da SIC estrear a sua telenovela, que pelo que me apercebi nunca teve o horário anunciado até o dia de estreia, outro mau exemplo de contraprogramação. Mais uma vez repetem os erros do passado, e pelos vistos o espectador que deveria ser o alvo da estação e que deveria estar o mais informado possível sobre os programas emitidos acaba por ser o último a saber.
Mas o pior, no caso da SIC ainda estava para vir, quando vemos que na primeira semana de exibição “Passione” não repetiu uma única vez o mesmo horário.
Se a televisão é hábito e fidelização como é que os responsáveis das estações privadas querem que os seus produtos resultem?
Isto leva-nos a outro caso.
Esta semana, “Perfeito Coração” terminará a sua exibição claramente em alta, no entanto, todo este esforço da telenovela portuguesa da SIC terá sido em vão, pois não terá substituta!?? Pelos vistos o modelo da SIC será produzir uma telenovela por ano, fazendo umas férias no verão, preenchendo o horário com uma tapa-buracos qualquer. Obrigando a que a nova telenovela que estreie em Outubro tenha que repetir todo o caminho da sua antecessora, o que dificulta qualquer trajetória de sucesso e evolução da estação na consolidação de telenovelas próprias.
Na TVI, “Espírito Indomável” estreou, mas supostamente a telenovela que vinha substituir, “Sentimentos” continua a ser emitido, e sem data anunciada para terminar, quando está a poucos dias de completar um ano de exibição. O que constituirá algum tipo de recorde, pois estamos a falar da telenovela com o pior desempenho de sempre e como recompensa terá a sua exibição prolongada ao extremo, quando qualquer lógica racional e de mercado apontaria no sentido contrário.
Mas como sabemos, lógica e televisão portuguesa são dois conceitos que não se cruzam!
E não esqueçamos como na TVI uma telenovela começa por estrear às 21 horas e termina à meia-noite, num claro sinal de respeito por quem decide prestigiar os produtos da estação!??
Portanto, chegamos ao absurdo de ver na (ainda) estação líder de Portugal 4 telenovelas em simultâneo, uma das quais inteiramente exibida após a meia-noite.
Seria assim tão díficil para as televisões nacionais não emitir telenovelas após as 00h00? Parece-me que não, no entanto, estas continuam a fazê-lo!
Se até a estação pública que deveria ser uma referência já o fez recentemente, quase que ficamos sem moral para exigir algo deste tipo às televisões privadas.
E a RTP1 não se livra de críticas no que a telenovelas diz respeito, não por as exibir, mas pela forma como tem apostado neste género. Alguém consegue perceber porque razão são emitidas duas telenovelas a seguir ao Jornal da Tarde, sendo que a segunda tem uma duração a roçar o rídiculo, e sobretudo porque se trata de uma repetição de uma telenovela que tinha sido exibido há menos de um ano? Felizmente, os resultados, mais uma vez, estão ao nível da qualidade de tal medida. Deveria fazer pensar o responsável por tal escolha, mas como é normal em Portugal, isto continuará a passar completamente ao lado e ninguém ficará surpreendido se daqui a alguns meses algo do género se repetir.
E ainda o que dizer da estratégia da SIC de exibir duas horas de “Caras e Bocas” ao longo dos meses de verão? Mais uma vez Nuno Santos repete-se, o que não abona a seu favor, já que com quase dois anos e meio de casa seria de esperar que os problemas que encontrou na SIC quando entrou alguns, como este já tivessem sido resolvidos. Não se pode queixar de falta de oportunidades, porque essas foram muitas, mas sempre desperdiçadas, como aconteceu recentemente com a decisão de colocar “A Armadilha”, uma telenovela inédita, num horário onde reposições faziam o mesmo e com um custo menor, quando esta poderia ter ido para as 18 horas e Caras e Bocas assim ficaria somente às 19 horas. Com certeza uma estratégia que traria melhores resultados e com um horizonte maior do que a opção actual.
Sem esquecer que o que acontecerá no acesso ao primetime na rentrée permanece uma incógnita não sabendo-se se as telenovelas regressarão às 19 horas, ou se o Nós Por Cá voltará, mantendo-se uma estratégia que muito tem penalizado o desempenho da SIC.
Perante este cenário ninguém deverá ficar surpreendido pelos cada vez piores resultados das televisões generalistas, que em vez de tentarem inverter esta situação, preferem continuar a repetir as estratégias que as conduzam ao precipício.
Para terminar, como devem ter reparado a palavra “ repetição” e similares foram referidas inúmeros vezes ao longo desta crónica, pois, é a palavra certa para descrever a televisão nacional. Esta é uma repetição contínua de mais do mesmo, e como é natural e espectável a repetição seguinte faz pior que a anterior. Costuma-se dizer que devemos aprender com a experiência e sobretudo com os erros, mas pelos vistos isto é algo que claramente os directores de programas não são capazes de fazer. E por isso, continuaremos com uma televisão cada vez mais sofrível em qualidade e audiências!
Fiquem em boa companhia,
Até à próxima semana!
Por Paulo Andrade
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