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Crónica: FORA DO AR - UM PESADELO CHAMADO... AUDIÊNCIAS!

Certamente já pensaram porque será que aquele ou aqueles horários cronicamente problemáticos nas audiências de uma estação não têm fim à vista!? Quando aparentemente a solução parece ser óbvia, simples e imediata. No entanto, nada é feito nesse sentido acabando por causar grande surpresa e admiração!

Naturalmente nenhum canal escapa a uma dor de cabeça deste tipo possuindo um ou vários exemplos.

Nesta crónica vou começar por identificar as fragilidades da programação da TVI, a estação líder de audiências e apontar um dos caminhos possíveis para a sua ressolução.

Na TVI temos o fim-de-semana, o latenight e o horário das 17 horas que continuam a marcar passo nas audiências, penalizando seriamente o desempenho global da estação.

E como todos os pontos negros das estações, estes deverão continuar a existir nos meses vindouros pois nada foi anunciado que pudesse inverter esta tendência.

Neste grupo destaca-se claramente o fim-de-semana pelo peso que tem na média mensal e pelo nível de gravidade que tem atingido. Pois, quando vemos a estação líder ser ameaçada nestes dois dias pelo conjunto de canais cabo, como aconteceu recentemente e a arriscar cair para o 4º lugar, percebemos a dimensão da situação.

É fácil perceber como se chegou até aqui quando vemos o histórico dos últimos quatro meses e verificamos que não houve investimento em novos programas nestes dois dias, sendo tratados como mais um dia normal, exibindo-se a habitual dose de telenovelas em horário nobre quando claramente existe um perfil de consumo diferente.

Mais não seja, o fim-de-semana deveria ter na programação das estações de televisão a mesma função que tem no calendário, ou seja, o descanso e a saída da rotina!

Para além dessa ausência de investimento em conteúdos distintos devo criticar a aposta feita em séries de curta duração para os domingos e mesmo na série do latenight de sábado, “Ele é Ela” visto não passarem de mais do mesmo no primeiro caso e no segundo de estar claramente num horário inapropriado. E os resultados não deixam enganar ninguém reflectindo isso mesmo.

Dentro do fim-de-semana percebemos que são as manhãs as que sofrem mais pela falta de investimento e de audiências. É neste período que a TVI obtém alguns dos seus piores resultados da semana.

É evidente a falta de estratégia para as manhãs de fim-de-semana. Parece até que o Director de Programas não sabe muito bem como utilizar este espaço da grelha de programação. O que seria no mínimo verdadeiramente estranho!?

Na minha opinião, devido à falta de espaços na programação dedicadas ao público infantil, este deveria ser o alvo principal deste período, preenchendo-se esta lacuna.

Por isso, deveria ser feito algum esforço em criar uma oferta decente para este público alvo, ao contrário do que acontece actualmente.

Seria bem-vindo um espaço infantil entre as 7h00 e as 11h00 com novos desenhos animados e séries juvenis para os sábados e domingos. Sugeria entre outras as seguintes aquisições: Avatar, Fanboy and Chum Chum, Drake and Josh, X-Men Evolution.
Poderiam ser criados parcerias com geradores deste tipo de conteúdo, como por exemplo a Nickelodeon.

Para preencher o resto da manhã de sábado, poderia apostar-se num programa de entretenimento desportivo substituindo o actual Contra-ataque cuja fórmula está ultrapassada e mais que explorada pelos canais cabo. Este novo programa também teria uma vertente informativa sobre o mundo do desporto, em particular do futebol, mas essencialmente seria para divertir e entreter o espectador com quadros de entrevistas, quiz show, curiosidades, apanhados, entre outras conteúdos.

No domingo, este bloco continuaria a ser ocupado em parte pela Eucaristia Dominical mas no fim da manhã, pela sua importância e pelo seu impacto no Jornal da Uma seria importante ter outro tipo de oferta.

Não faz sentido que o Jornal da Uma seja antecedido neste dia por um intervalo.

Na última meia-hora (12h30-13h00) poderia ser colocado um programa de tops/listas, fazendo-se a cada emissão uma contagem decrescente. Este tipo de programa é sempre bem recebido pelo espectador e seria uma aposta leve e barata com resultados certamente animadores, dando um bom impulso ao informativo das 13 horas e restante tarde.

Seguem-se as TARDES...

O prato principal tem sido uma maratona de filmes, a grande maioria repetidos e muitas vezes sem critério, chegando a repassarem filmes com pouquissimo tempo entre exibições.

Ocasionalmente as séries também tem sido uma aposta, a mais recente foi Glee.

No entanto, as séries são de mais difícil implantação nas tardes de fim-de-semana que o cinema e acabam por ter resultados fracos e penalizadores.

Seria bom ver outro tipo de programas nas tardes de sábado e domingo.

Porque não, um programa de variedades? Sobretudo entre Outubro e Março quando o consumo é bastante elevado e certamente seria compensador do ponto de vista financeiro.

É essa mesma a minha sugestão para as tardes, a criação de um programa de variedades para as 18 horas de Sábado e de domingo, horários onde geralmente os filmes tem um pior desempenho, e acabam por penalizar mais a estação pois o Jornal Nacional acaba por ir de arrasto!

Por fim chegamos ao HORÁRIO NOBRE...

É preciso colocar algo para além das telenovelas, para quebrar a rotina e também porque é mais atractivo em termos de audiências (melhores perfis de espectador) e receitas de publicidade.

Na minha opinião, a TVI deveria voltar a apostar no género reality que tantas alegrias deu no passado à estação.

Eu sugeria um reality do género Big Brother para as noites de domingo. Por exemplo, The Biggest Loser VIP, Survivor Famosos ou um da minha autoria chamado “Mãos à Obra”, que numa próxima oportunidade sobre novos formatos explicarei o seu conceito. Ccada um com uma emissão anual para não saturar e poder renovar a oferta dentro do género a cada três meses, criando assim uma oferta ciclíca mas segura.

Estes programas são duplamente atractivos pois para além de puderem ocupar as 3 horas do horário nobre de domingo (podendo abrir um espaço de 30 minutos para um humorístico – sitcom ou programa de humor - ou um programa curto de entretenimento ligeiro), poderem ser rentabilizados por emissões diárias às 21 horas com resumos do dia e os desafios e provas de cada semana.

Para o sábado à noite, a minha aposta seria uma série de humor às 21 horas e um programa de entretenimento entre as 22h00 e 00h00. Existem várias opções para cada um dos horários, e mais uma vez o ideal seria criar um ciclo de programas para alternarem entre si e manter a oferta fresca e dinâmica.

Passemos agora ao LATENIGHT da semana e fim-de-semana.

Curiosamente é um horário um pouco desprezado pelas generalistas, pois apesar de pesar na média-dia o mesmo ou até mais que os horários dos talk-shows das manhãs e tardes, e tendo um perfil de público mais atractivo para os anunciantes acaba por não receber o mesmo tipo de tratamento.

No caso da TVI, a aposta no cinema tem tido resultados pouco satisfatórios, a que não será indiferente a qualidade dos filmes, geralmente de categoria “B” e/ou bastante repetidos.

A meu ver, é preciso diversificar a oferta, e isso pode ser feito através da aposta em séries com potencial audimétrico e em programas próprios do latenight.

Este é um bloco na programação que pode ser bastante lucrativo para as televisões nacionais mas primeiro é preciso tornar a programação numa opção viável para o espectador que tem migrado em massa para os canais por cabo.

Por fim, chegamos ao horário das 17 horas e poderia incluir aqui também o horário das 18 horas.

É verdade que às 17 horas passa um programa essencialmente de call-tv e que as audiências até serão o menos importante, mas também não será menos verdade que poderia ser emitido um programa de call-tv capaz de atrair melhores audiências, até porque assim angariava maiores receitas pela participação do espectador. Depois temos o horário das 18 horas ocupado por uma repetição dos “Morangos com Açúcar” do episódio do dia anterior. É certamente um caso singular pelo insólito da situação e sobretudo pelos resultados que consegue obter.

A meu ver, esta repetição até poderia ser dispensada, podendo ser ocupado pelo mesmo programa das 17 horas. É possível criar um programa diário de auditório com uma vertente de call-tv capaz de conseguir bons resultados entre as 17 e 19 horas, ficando a estação a ganhar e o espectador.


Concluindo, os problemas são conhecidos, as soluções são várias, e um dos caminhos a seguir poderia ser o que apresentei nesta crónica e como é claro não seria assim tão difícil de executar.

Portanto voltamos à questão inicial, o porquê da inércia da TVI na resolução destes horários com fraco desempenho nas audiências?

Pode ser que esta crónica até ajudea em alguma coisa nesta matéria.

Fiquem em boa companhia!

Por Paulo Andrade