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Segunda Opinião | "O que se passa na TVI?"

 

O que se passa com a programação da TVI? Esta é uma boa pergunta, tendo em conta as "novidades"que a estação apresentou nos últimos dias. É certo que estamos na silly season, uma época de menor consumo, mas seria necessário desfigurar a grelha do canal para poupar os formatos inéditos? As apostas surpreendentes não param de surgir, começando pela mais recente novela do horário nobre.

Depois de estrear Fascínios no horário das 14h45, a TVI decidiu agora recomeçar a reposição da novela, cerca de um mês e meio depois, em horário nobre. Assim, depois de cerca de 40 capítulos emitidos ao início da tarde, a telenovela portuguesa re-estreou no horário das 23h45. A medida foi tomada depois de Mulheres ter sido “chutada” do horário e passar a dar apenas ao sábado (ou ao domingo) à noite na TVI. Tirou-se uma novela inédita para dar a repetição de uma repetição. Os resultados foram claros: a audiência à noite conseguiu ser inferior à das tardes e Fascínios registou números que há muito não se viam na TVI, com um produto nacional, naquele horário.

Ao fim-de-semana as “novidades” também continuam a surgir. O último sábado foi invadido por uma dose ainda maior de Inspector Max. Se até agora o público já assistia a três episódios, entre as 10h e as 13h, o que dizer de quatro episódios seguidos a ocuparem a grelha da TVI a partir das 8h30? Pois bem, foi o que aconteceu neste fim-de-semana. E claro, o público agradeceu com bons resultados.

Mas não foi só nas manhãs que as reposições voltaram em força à estação de Queluz. Com a notícia do adiamento de Pequenos Gigantes, a TVI prometeu noites de domingo alternativas. Até agora, nada de novo: novelas. Ao sábado, a história não é diferente e a aposta é simples: novelas. E juntando a esta pouca variedade, surgem ao final da noite de sábado e domingo as primeiras temporadas de Rising Star e Dança com as Estrelas, respetivamente. A ideia principal é combater a concorrência de Cante se Puder (em reposição na SIC) e o final da gala do Ídolos (este, inédito, também na SIC). A questão que se impõe é: valerá a pena? Quererá realmente o público (re)ver dois programas emitidos anteriormente ao fim-de-semana? Qual a lógica de uma estação líder apostar neste tipo de produtos naquele horário?

Apesar de ser um formato diferente, nem mesmo The Money Drop se livra de estar envolvido em alguma polémica. O concurso de Teresa Guilherme foi emitido, na passada quinta-feira, em reposição. Conclusão: não houve continuidade em relação ao dia anterior e o Facebook do formato foi invadido com comentários negativos. Afinal, as pessoas não querem “mais do mesmo”, ainda por cima numa altura em que o programa se aproxima a passos largos do final.

A pergunta poderia ser colocada de novo e certamente não haveria uma resposta concreta. O que se passa com a programação da TVI, afinal? Passa-se que a liderança do canal, ao longo dos últimos anos, tem feito com que a estação acabe por ganhar um excesso de confiança nas suas apostas. Mas será que o público português vai continuar a ser fiel à sua televisão para sempre? Será que, mesmo com estas incoerências na grelha televisiva, com estas apostas sem qualquer interesse, as audiências irão manter-se elevadas?

Enquanto isso, a RTP1 vai apostando em novidades inéditas para o seu verão e a SIC mantém-se inerte a todas estas tentativas da TVI de agradar ao público sem gastar muito dinheiro. Para já, e em traços gerais, resta-nos uma TVI repleta de reposições, informação, 760, telenovelas e dois talk-shows diários no daytime. É que se pensarmos bem, esta é realmente a constituição atual da grelha, longe do que seria ideal e expetável de uma televisão que se diz líder e sempre perto do telespetador.

Segunda Opinião - 38ª Edição

Uma crónica escrita em parceira pelo Fantastic e o Diário da TV

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