Raquel Rocha Vieira e Ana Lopes em “Sombras Brancas”
Em 2021, Fernando Vendrell regressa ao cinema com Sombras Brancas, para nos apresentar a vida intima e pouco conhecida de José Cardoso Pires, um dos autores mais conhecidos da cena nacional. Num argumento trabalhado com base em De Profundis, Valsa Lenta, a obra autobiográfica que o escritor lançou depois de sofrer um AVC que alterou por completo a sua vida, a trama cinematográfica pretende apresentar um pouco mais sobre as vivências e experiências deste homem. Rui Morrison vai vestir a pele do protagonista da narrativa, num elenco em que se incluem Raquel Rocha Vieira e Ana Lopes. As duas atrizes contam ao nosso site um pouco da experiência com este novo filme que deverá chegar às salas nacionais este ano.
Depois de terem cruzado caminhos em Amadeo, de Vicente Alves do Ó, as duas intérpretes embarcam numa nova viagem histórica, que tem Fernando Vendrell como timoneiro. Habituado ao mundo das recriações do passado que já nos renderam projetos como Aparição ou 3 Mulheres, o produtor e realizador teve um papel fundamental em Sombras Brancas. “O Fernando Vendrell é um realizador de grande sensibilidade e cuidado. O trabalho em plateau foi exímio e os meus colegas facilitaram todo o processo”, refere Raquel Rocha Vieira, numa perspetiva que é partilhada, também, por Ana Lopes. “Foi maravilhoso ter tido a oportunidade de trabalhar com o Fernando Vendrell”, adianta Ana Lopes enaltecendo que a possibilidade de viajar entre épocas é algo que a “entusiasma muito”.
Na trama, Raquel Rocha Vieira veste a pele de Ana Cardoso Pires, um das filhas do autor. “Do meu trabalho de pesquisa, o que mais me orientou no processo de criação foi algo que li numa entrevista concedida por Ana Cardoso Pires e que, segundo julgo, resume a sua ligação e admiração pelo pai em que ela afirmava que ninguém na família achava que o pai era uma pessoa perfeita e ideal mas que todos sabiam que nas alturas em que era preciso estar, ele estava sempre e que se alguém lhes fizesse alguma coisa era como um leão protector. Falava também nos ensinamentos que o pai lhes deixou, no dever das pessoas procurarem a coerência todos os dias no sentido de atingirem o máximo da sua capacidade e para mim, o que mais me marcou, a convicção de que nunca se deve trair ou maltratar um amigo”, conta a atriz em conversa com o Fantastic, referindo que esta reunião de informação foi fundamental para que aquilo que vai chegar aos espectadores seja um testemunho fidedigno.
Edite será o desafio de Ana Lopes em Sombras Brancas. Na pele da versão mais jovem da esposa de José Cardoso Pires, a artista reflete que esta mulher tinha uma visão da realidade que estava para lá da consciência coletiva da sociedade no seu tempo. “A Edite Cardoso Pires, teve várias conversas com o Fernando sobre a sua história e vida com o escritor. Percebi que era uma mulher muito à frente da sua época, uma mulher resistente, firme, que acompanhou e ajudou o marido nas suas conquistas. Admirei-a e criei a minha versão pessoal dela”. Na longa-metragem teremos duas versões representativas de quem foi esta Edite, com Natália Luíza a vestir a pele desta mulher na fase adulta. “Eu e a Natália fizemos mais um trabalho de parecença entre nós duas como actrizes e não tanto com a Edite real”, afiança Ana Lopes.
Gonçalo Waddington, Maria João Bastos, Rogério Samora, Miguel Damião, Sandra Faleiro, António Fonseca, Soraia Chaves, Cleia Almeida, Margarida Moreira, João Craveiro ou Inês Sá Frias são alguns dos nomes que compõem o elenco desta narrativa, ao qual tanto Raquel Rocha Vieira quanto Ana Lopes não poupam elogios. “Foi um enorme privilégio ter tido a oportunidade de contracenar com actores tão dedicados e generosos. A Iris Cayatte, a Natália Luiza e o Rui Morrison”, enuncia a interprete de Ana Cardoso Pires, que ao lado destes atores dará vida à família central da película, numa ligação afetiva que tem um impacto maior na vida do escritor do que é, à primeira vista, expectável.
As gravações arrancaram no final do ano passado, numa altura em que a pandemia do novo coronavírus voltava a alastrar-se no nosso país e a trazer consigo várias medidas de segurança. “Não foi o primeiro trabalho que fiz, já depois do início da pandemia, portanto já me tinha habituado a todas as medidas de segurança necessárias para que nos sentíssemos resguardados o suficiente para continuarmos o nosso ofício. Claro que é frustrante, que se torna numa preocupação intensa e constante entre a equipa, mas sempre me senti protegida para continuar a trabalhar. Usávamos máscaras, excepto quando estávamos a filmar, era nos medida a temperatura todos os dias. Álcool gel em abundância, testes múltiplos e um cuidado redobrado com os actores, que durante as cenas, não poderiam ter tanta defesa”, diz-nos Ana Lopes, apesar de deixar a garantia que esta realidade não será sentida pelo público quando assistirmos ao filme.
Com produção da David&Golias, Sombras Brancas pretende estrear-se nas salas de cinema em 2021, transcendo no texto uma parelha formada pela produtor e realizador Fernando Vendrell com Rui Cardoso Martins, que recentemente assinou a série Sul para a RTP.
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