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"A Generala" estreia hoje na OPTO SIC

Um caso polémico com burla, corrupção e um plano de fundo encheu as capas de jornais nos anos 90, é esta a história real de Maria Teresinha Gomes que na ficção passa a tornar-se na base da vida de Maria Luísa. No primeiro projeto original de ficção criado em exclusivo para a OPTO SIC, a promessa de A Generala é um drama histórico que toca em assuntos que deram que falar na época e que permanecem como tabus até aos dias de hoje. Soraia Chaves e Carolina Carvalho dividem a pele da personagem principal nesta produção da Coral Europa que está disponível a partir de hoje no catálogo do primeiro serviço de streaming nacional, com o selo de qualidade da SIC.

Uma vida criada em cima de uma família conservadora que pouco a apoiava, leva Maria Luísa a deixar o papel de mulher de lado e assumir a identidade de Otávio, o nome do seu irmão mais novo até então falecido. Da ilha da Madeira até ao continente, Maria Luísa torna-se numa figura reconhecida pelos seus vizinhos e dá nas vistas pelos seus altos escalões. A história verídica é o molde mas o que entrega a versão que é hoje lançada em formato série? «A Maria Teresa foi apenas um ponto de partida, o que fizemos foi construir uma personagem baseada nela mas com muitos elementos temáticos e emocionais que nos interessavam, nomeadamente a questão da transexualidade e da forma como ela se relaciona com os pais e com as outras pessoas ao longo da vida, através das mentiras e das burlas», confessam ao Fantastic, Vera Sacramento e Patrícia Müller, as autores que assumem a responsabilidade trazer esta trama para o olhar do público.

Anabela Moreira é uma das caras do elenco e na pele da versão jovem de Celeste Paiva Monteiro, assume a responsabilidade de viver esta mãe que fruto do meio em que foi criada não consegue demonstrar a afeição pela filha nem entender a personalidade que esta tem. Ao nosso site, a atriz reforçou que a construção desta personagem foi um trabalho feito em equipa. «Como sempre faço procuro dentro de mim as razões profundas das  personagens. É trabalho de auto-pesquisa. A verdade é que senti que conhecia aquela mulher e isso apesar de perturbador facilitou a compreensão. Acima de tudo foi no trabalho de mesa com o realizador Sérgio Graciano e com o director de actores Marco Medeiros que fui descobrindo mais sobre este amor que adoece, que provoca dano e que deixa sequela para o resto da vida», garante a atriz que tem nesta série o primeiro papel de destaque numa produção da SIC e com o desafio de encarar de frente a figura da matriarca que não entende a sexualidade da sua filha.

«A ideia é mais explorar a questão da transexualidade na época em que é retratada e também como tema impossível de ignorar nos dias de hoje. A Maria Luísa não sabe que é transexual, não conhece a palavra até muito tarde, quase no fim. Ela apenas intui em criança que é diferente e depois opta por agir sobre essa diferença. Ela acha que se veste de homem porque é mais fácil ser homem mas depois percebe que se veste de homem porque, de facto, sente-se um homem», dizem-nos as mentoras do guião do projeto, que já no trailer antecipa as questões da personagem, que trará várias nuances de crescimento à parte da sua fuga à polícia pelo role de crimes que comete. 

Carolina Carvalho é a contracena direta de Anabela Moreira na primeira fase desta narrativa. É pelos olhos da atriz de Golpe de Sorte que começamos a entender a complexidade da personagem e todos os questionamentos que a levam a deixar para trás a vida na terra que a viu nascer e procurar instalar-se na grande capital onde ninguém a conhece. No desenrolar da história, e já com a identidade de Otávio plenamente formada no corpo de Maria Luísa, é Soraia Chaves que assume a personagem principal da série. «Não faria sentido uma abordagem cronológica porque queríamos sempre ter em mente a ideia de que esta era a história de uma mulher que burla vestida de general. Por isso, a parte do “presente” é importante: mostramos às pessoas como é que ela lá chegou e não tentamos dizer que vamos fazer uma surpresa com a história dela ser uma mulher e não um homem. Desde o primeiro minuto que isso é mostrado», revelam Vera e Patrícia. 

Mas isto não significa que as mesmas personagens vão ser fundamental diferentes na fase do passado e do presente visto em A Generala. Na fase adulta, Celeste é entregue a Isabel Ruth, e durante as reuniões preliminares da produção, a conversa entre a veterana atriz e Anabela Moreira ditou parte do tom do que viria a ser a personalidade da personagem neste drama. «Estivemos juntas durante a prova de imagem o que me permitiu perceber pequenos pormenores. A Isabel tem uma presença forte e que pode ser percebida como austera apesar da delicadeza que tem nos gestos», confessou Anabela ao Fantastic.

Com a estreia na OPTO SIC, A Generala, torna-se no primeiro produto de ficção nacional feito para este novo modelo de mercado. É uma mudança de paradigma que apanhou parte dos envolvidos de surpresa. «Quando aceitei o projeto desconhecia que iria fazer parte desta aventura», afiançou a intérprete de Celeste. Já as autoras do texto não negam o «grande orgulho e grande privilégio» que sentem, garantindo que a série pioneira trará consigo a originalidade e grande qualidade, mas que não é algo que mude drasticamente a forma como escrevem, mas que há adaptações necessárias a fazer a este contexto. «Há muita responsabilidade em sermos as primeiras a estrear nesta plataforma. Como autoras, escrevemos para onde quer que seja. Cada meio tem a sua especificidade e obviamente tentamos sempre corresponder a isso», afirmam.

Sérgio Graciano, o realizador deste desafio considera que existe a «possibilidade» de o digital oferecer uma maior liberdade na hora de produzir uma nova obra de ficção. «Tem muito a ver com o realizador/produtor\cliente. Esta relação é fundamental para construir uma linguagem. Acho que a liberdade é mais para quem vê do que para quem faz», declara o diretor, que já tem uma carreira de sucesso na televisão nacional, e que em breve vai assumir, também, uma produção exclusiva da HBO. «Acho que todos estamos de acordo que "streaming" significa arriscar. As séries que os portugueses estão habituados a ver, especialmente em plataformas como a Netflix ou HBO, são produzidas sem limites "artísticos". Por cá faz sentido, pelo menos, tentar fazer o mesmo e ir agarrar esse público que está tão longe da televisão», refere.

Visualmente vamos ter algumas mudanças que vão marcar pela diferença entre o que estamos habituados a ver na televisão tradicional? Sérgio Graciano realça a qualidade da mensagem que querem transmitir. «Não quero dizer que A Generala é uma proposta diferente, invariavelmente acabamos por achar que o nosso projecto é diferente dos outros...Mais especial. Mas desta vez acho mesmo que a narrativa e linguagem são tão diferentes, que se sente desde o primeiro segundo. A série vai sempre a crescer até ao último segundo do sexto episódio», antevê o realizador ao Fantastic.

Expectante pela estreia, Anabela Moreira confia na qualidade de A Generala. «Conheço o trabalho do Sérgio e pelo que consegui ver acredito que será uma boa aposta como projeto pioneiro». A atriz já está envolvida num novo desafio profissional, no qual repete a parceria com Sérgio Graciano com um registo bem diferente. «Neste momento estou a gravar uma comédia maravilhosa da SPI uma co-produção espanhola que tenho a certeza que será um sucesso. Tem os ingredientes todos para isso. Desta vez serei uma minhota mais especificamente de Arcos de Valdevez», esclarece a intérprete. Chegar a Casa é uma das apostas da ficção nacional para 2021 e conta com Joana Andrade e Filipa Poppe como argumentistas.

A Generala chega ao OPTO SIC fruto de uma produção da Coral Europa. O projeto teve, ainda, o apoio de produção do Instituto do Cinema e do Audiovisual e conta com um vasto elenco de nomes conhecidos do grande público como João Jesus, Ricardo Pereira, Victória Guerra, João Craveiro, Margarida Marinho, José Fidalgo, Joana Seixas, Sílvia Filipe, Luís Garcia, Rui Luís Brás, Joaquim Nicolau, José Pinto, Tomás Alves, António Capelo, Rosa do Canto, Gonçalo Diniz, José Neto, Pedro Laginha, Vítor Norte, Rúben Gomes, Fernando Pires, Carlos Carvalho, entre muitos outros.