Viajar Porque Sim #10 | Da Figueira a Aveiro, pela costa
No roteiro que hoje vos proponho
vamos passear por uma das minhas zonas preferidas da Costa de Prata. Apenas 70
quilómetros separam Aveiro da Figueira da Foz, mas há tanto para ver que vos
sugiro destinarem vários dias para conhecerem com calma esta bela região. Venham
comigo!
Figueira da Foz
A cidade onde desagua o nosso rio
Mondego é sobejamente famosa pelos seus extensos areais e animada vida social e
cultural. A sua história é anterior à fundação do país, e em finais do século
XIX adquiriu grande importância como porto marítimo e estaleiro naval. Data
também desta época o crescimento da sua popularidade como estância balnear,
tanto entre os portugueses como os espanhóis, certamente por ter a praia urbana
mais larga da Europa. Meia dúzia de quilómetros a norte da cidade encontra-se o
Cabo Mondego, Monumento Natural de importância científica reconhecida
mundialmente pelo seu valor geológico.
Apesar de ser uma cidade moderna
e de dimensão razoável, na sua maior parte a Figueira da Foz visita-se bem a
pé, e o melhor local para começar é o Bairro Novo, construído em inícios do
século XX segundo uma rede geométrica que se desdobra para o interior a partir
do extremo sul da Praia da Claridade. Algumas ruas são exclusivamente pedonais,
e é aqui que se desenvolve grande parte da vida comercial e social da cidade.
Muitas das casas mantêm a traça apalaçada original, em contraste com o célebre
Casino, a que já foi dado um toque futurista com vidro e metal. Obrigatório é
também percorrer a marginal desde a Torre do Relógio até Buarcos, que em tempos
foi uma aldeia piscatória separada mas agora faz parte integrante da cidade,
conservando ainda assim um ambiente próprio, menos sofisticado e mais tradicional.
Estes são os principais pontos de
interesse na Figueira da Foz:
ü
- Casa do Paço
- Forte de Santa Catarina
- Torre do Relógio
- Bairro Novo e Casino
- Parque das Abadias
- Museu Municipal Santos Rocha
- Palácio Sotto Mayor
- Paço de Tavarede
- Núcleo Museológico do Mar (Buarcos)
Não podemos deixar a cidade sem
ir ao Miradouro do Cabo Mondego, sobre a bonita praia que tem o mesmo nome, e
subir à Serra da Boa Viagem para ver toda a Figueira da Foz e região
circundante. No lado sul do rio, a famosa Praia do Cabedelo é outro dos spots a não perder.
Quiaios
Poucos quilómetros a norte do
Cabo Mondego, Quiaios é local de paragem por dois motivos. Um deles é a Cascata
da Pedreira (também conhecida como Cascata da Serra da Boa Viagem), cuja água
tem uma alcalinidade especial que dá ao lugar um aspecto característico muito particular.
Meio escondida e só acessível a pé, tem tendência a secar no Verão, por isso
será mais espectacular visitá-la em época de chuvas. O outro motivo é a bela
praia de Quiaios, que não fica atrás das suas vizinhas.
Praia da Tocha
Também é uma praia, mas é muito
mais que isso. Em tempos pequena aldeia piscatória, actualmente está, como não
podia deixar de ser, transformada em estância balnear. O que a torna diferente
são as suas casas típicas – os palheiros – construídas em madeira sobre estacas
e que serviam para guardar os apetrechos de pesca. Hoje convertidas em
habitações, têm aqui a particularidade de estarem essencialmente pintadas de
cores escuras, apenas com alguns toques de branco ou de outra cor.
Mira
Continuamos para norte, pela
estrada florestal que atravessa um enorme pinhal onde ainda se notam os
devastadores efeitos dos incêndios de Outubro de 2017. Apesar da desolação, permanece
um local cheio de beleza.
Paramos depois na Lagoa de Mira,
local que possui uma diversidade natural muito própria, principalmente de
borboletas e libélulas. Foi por isso que aqui criaram uma Estação da
Biodiversidade com cinco biospots,
distribuídos ao longo do percurso pedestre e ciclável que rodeia a lagoa.
A Praia de Mira é outro local
onde apetece ficar. Entre o areal a perder de vista e um braço comprido da Ria
de Aveiro que termina noutra lagoa, a que chamam Barrinha de Mira, alternam
campos de cultivo e aglomerados de casas. Paralela à praia, uma extensa e larga
avenida, bem embelezada, onde se destaca a pequena capela às ricas azuis e
brancas, erguida em 1843 e dedicada a Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos
pescadores. Ao pé da capela, o monumento aos Pescadores da Arte de Xávega, criado
em 1997 pelo escultor Alves André. Na orla da praia ainda existem alguns
palheiros, recuperados e convertidos em restaurantes ou cafés, e na areia
vêem-se barcos típicos de onde saem longas redes de pesca.
Costa Nova
O destino seguinte é a já muito
famosa Praia da Costa Nova, fama esta que extravasou fronteiras – não têm conta
as fotografias das suas casas coloridas que encontramos espalhadas pelas redes
sociais. Mesmo assim, mantém o seu encanto, sobretudo porque as construções
novas e remodeladas da Avenida José Estêvão (em honra do ilustre político
aveirense do século XIX, cujo palheiro ainda existe) têm vindo a respeitar o
espírito cromático dos antigos palheiros. É impossível não ficarmos contagiados
com a alegria e o calor que as cores vibrantes destas casas nos transmitem.
Barra
À Praia da Costa Nova segue-se a
da Barra, também extensa e dividida por um paredão que delimita a chamada Praia
Velha. Aqui os nossos olhos são imediatamente atraídos para o farol, a “vedeta”
que ofusca tudo o resto. É para mim o farol mais bonito do nosso país, em
termos de construção, e só é pena não ficar num local menos povoado. O Farol da
Barra foi construído em 1893 e a sua torre com riscas róseas e brancas tem 62
metros de altura, o que faz dele o mais alto de Portugal e um dos mais altos do
mundo. É visitável às quartas-feiras da parte da tarde.
Há um percurso pedestre circular
criado pela Câmara Municipal de Ílhavo que nos leva a conhecer as praias e as
localidades da Barra e da Costa Nova. É um percurso fácil e plano com 11,5 km
distribuídos entre o mar e a ria, em passadiços, trilhos ou percurso urbano.
Podem descarregar o folheto do percurso a partir deste link: https://www.cm-ilhavo.pt/cmilhavo2020/uploads/writer_file/document/1449/entre_a_ria_e_o_mar_flyer.pdf.
Aveiro
Chegamos finalmente a Aveiro, uma
cidade que tenho visitado com alguma frequência nos últimos anos e não cessa de
me surpreender – sempre pela positiva! Há tanto para ver e fazer nesta cidade
tão bonita e luminosa que me arriscaria a não parar de escrever, por isso vou
apenas resumir aquilo que na minha opinião não podem deixar de conhecer e fazer
em Aveiro:
- Passear de barco na ria
- Descontrair no Parque Infante Dom Pedro (também chamado de Parque da Cidade)
- Caminhar no passadiço da ria de Aveiro
- Quebrar a dieta com os ovos-moles e a tripa
- Admirar os edifícios Arte Nova
- Cirandar pelas ruelas do bairro da Beira-Mar
- Percorrer o passeio pedonal junto à ria entre a Praça Humberto Delgado e o Cais da Fonte Nova
Outros pontos de interesse a
ver/visitar:
- Museu Arte Nova
- Sé Catedral
- Estação Ferroviária (edifício antigo)
- Capela de São Gonçalinho
- Salinas
- Ponte dos Carcavelos
- Museu de Aveiro/Santa Joana
- Igreja da Misericórdia
- Teatro Aveirense
- Igreja de São João Evangelista
Para conhecer melhor o património
arquitectónico da cidade e em particular os seus belíssimos edifícios
construídos no início do século XX em estilo Arte Nova, o Turismo distribui um
mapa que identifica 28 locais (casas, instituições, instalações urbanas, etc.)
onde podemos observar elementos representativos deste estilo.
Sugiro também que leiam os posts sobre
Aveiro que já publiquei no meu blogue, onde falo com mais detalhe dos motivos
que me levam a gostar tanto desta cidade:
- Cores de Aveiro (link: https://viajarporquesim.blogs.sapo.pt/cores-de-aveiro-64262)
- O meu lugar favorito em Aveiro (link: https://viajarporquesim.blogs.sapo.pt/o-meu-local-favorito-em-aveiro-66279)
Fora da cidade há também muito
para ver. Toda a envolvente da ria é maravilhosa e a melhor forma de a observar
é fazer um passeio de carro até à Reserva Natural das Dunas de São Jacinto – e
aproveitar a praia, se o tempo estiver bom. Mais a sul, o Museu da Vista Alegre
em Ílhavo é outro lugar de interesse a visitar.
***
Agora que o tempo bom parece ter
finalmente chegado, é altura de aproveitar para descontrair e conhecer mais um
pouco do nosso país, sem no entanto esquecer que devemos ser cautelosos e
respeitar as normas de segurança em vigor, para não pormos em risco a nossa
saúde e a dos outros.
Boas viagens!
Ana CB / Julho
2020
Visita o blog "Viajar porque Sim" em https://viajarporquesim.blogs.sapo.pt/
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