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SETE FILMES POR SEMANA - COMING UP | Amor Imposível



“Sem amor, tudo é tão pouco”… Mas o amor retratado em Amor Impossível – realizado por António-Pedro Vasconcelos, escrito por Tiago R. Santos e produzido por Tino Navarro – assume proporções dramáticas. Estreado nos cinemas em 2015, este é um drama inspirado em factos reais, onde a investigação de um crime e um relacionamento amoroso cruzam-se uma ação-retrato da sociedade portuguesa mais deprimida.

Amor Impossível sucedeu nos ecrãs à projeção do filme Os Gatos Não Têm Vertigens como a quarta parceria entre o aclamado realizador António-Pedro Vasconcelos e o guionista Tiago R. Santos. A história pertence a Cristina (Victória Guerra), que desapareceu, e ao seu namorado, Tiago (José Mata), que surge em estado de choque na estrada, numa noite molhada. À polícia, diz que a namorada foi raptada, mas Madalena (Soraia Chaves) e Marco (Ricardo Pereira), investigadores da Polícia Judiciária, duvidam dessa versão.


A investigação policial é o arranque sem pressas de uma narrativa cheia de analepses, através das quais o espetador vai tomando contacto com as personagens e as suas histórias. Os caminhos de Cristina e Madalena cruzam-se… mas cabe ao espetador assistir ao filme para perceber como.

A história que Tiago R. Santos nos conta inspira-se em factos verídicos, um argumento comercial de peso no que toca a atrair audiências. Traça um retrato social deprimido, povoado de personagens tangíveis e inevitavelmente estereotipadas: uma inspetora pouco feminina e amargurada com a vida; um inspetor que recusa as meias-palavras; uma rapariga encantada com um suposto amor eterno e um jovem adulto inconformado com as expetativas sociais que depositam nele, mimado, possessivo.


Com tudo aquilo a que o cinema comercial português tem direito – mas muito mais sóbrio a tratar as cenas de sexo; realista nas cenas de ação e nos diálogos tingidos de palavrões –, a longa-metragem consegue contrariar, para melhor, as expetativas de quem está à espera de encontrar “só mais um daqueles filmes de mau gosto”. E apesar do ritmo, que a certo ponto torna a narrativa arrastada, acaba por ser uma experiência de visionamento perfeitamente tolerável. 

André Rosa