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COMING UP | Crisis On Infinity Earths



A “guerra” continua acesa! Se no início do ano, a Marvel Studios surpreendia os fãs com várias bombas, os aficionados da DC Comics recebem agora presentes de Natal antecipados. Aproveitando o hiatus do MCU, a DC Comics lançou aquele que é um dos maiores eventos televisivos dos últimos anos. A adaptação da saga de Banda Desenhada de Crisis On Infinity Earths vem trazer um novo público para os fãs do Arrowverse e contar uma nova forma de fazer crossovers enquanto dizima universos inteiros e junta finalmente todos os super-heróis no mesmo espaço e tempo. A expectativa era que a experiência fosse uma versão televisiva da reunião que Avengers: Endgame trouxe no grande ecrã, uma resposta aguerrida da Warner à Disney, mas no final das contas quem ganha são os fãs de super-heróis.

Enquanto no Universo da Marvel se dão os primeiros passos para introduzir o multiverso, os fãs do Arrowverse já estão mais que familiarizados com o tema. No entanto as várias terras têm fim à vista nesta crise, numa ameaça que é, em larga escala, maior que os delírios de Thanos. Bem ao género das Bandas Desenhadas, este é o típico ponto de reboot para fazer com que os personagens e histórias alterem a realidade de forma a justificar as várias mudanças de timeline. No meio de tudo isto, os habituais crossovers anuais da CW podem ter os dias contados, pois Supergirl está finalmente na mesma Terra que Flash e Arrow, literalmente ao virar da esquina para poder combater a próxima grande ameaça. Será difícil justificar a ausência de mais parcerias entre os heróis daqui para a frente, um verdadeiro quebra-cabeças para os argumentistas, mas também a ferramenta perfeita de dar um novo fôlego a séries que contam já com mais de cinco temporadas e que facilmente podem encontrar um ponto de rutura em breve.


Mas muito mais do que um encontro entre Batwoman, Supergirl, Arrow, Flash e os integrantes de Legends of Tomorrow, o crossover ganha outras dimensões por juntar o maior número de séries de sempre. Além das mais antigas, reúne participações dos personagens de Titans, de John Constantine da série homónima e que já é presença habitual em Legends of Tomorrow, do personagem título da série Black Lightning que apesar de ser da mesma emissora se reúne pela primeira vez com os heróis do Arrowverse, Lúcifer Morning Star que vem diretamente da Netflix para se introduzir pela primeira vez como a versão do Diabo da DC Comics em TV, e até a versão do Clark Kent de Smallville, sem contar participações de atores que fizeram história no cinema.

Tudo isto resulta em pormenores bem interessantes que oferecem milhares de teorias ao mundo geek. Quem iria adivinhar que Lúcifer, o homem dos pactos, deve favores a Constantine? Os fãs de Titans também podem especular, uma vez que a Terra dos super-heróis do serviço de streaming da DC foi aparentemente destruída pelo Anti-Monitor, mas já está confirmada uma terceira temporada. Dúvidas à parte, o crossover foi o palco encontrado para dar um final à versão do Superman de Tom Welling, que deixou o seu público na esperança de o ver envergar o traje de Superman até ao último segundo das suas dez temporadas. Mesmo assim, não foi desta. Em vez disso, percebemos que o Clark que conhecemos em Smallville manteve o tom e muito mais do que uma carreira de super-herói, a família falou mais alto numa despedida definitiva que culminou num dos momentos mais emocionantes desta reunião de heróis.


Tão fiel quanto possível à versão de BD da história, tudo parece meio infantil e romantizado, mas sem perder a essência que estamos habituados no Arrowverse e sem deixar de lado a grandiosidade do evento. As soluções apresentadas são básicas, mas mesmo assim conseguem mostrar um lado pouco comum: Os super-heróis também falham, e também sofrem. Algo muito mais humano do que estamos habituados a ver em personagens da DC Comics que se assemelham muito mais a divindades e seres intangíveis do que os Avengers de Iron Man ou Black Widow.

Talvez o plot perca alguma força pela proximidade com Infinity War e Endgame que já mostrou alguma fragilidade numa equipa de heróis, mas mesmo assim consegue ser uma narrativa mais coesa por se desenvolver sem pressas e dando espaço para trabalhar cada pormenor sem parecer que estamos numa corrida contra o tempo. Todos os personagens conseguem ter um papel importante na ação e só por isso o presente não podia ser melhor para aqueles que acompanham o Arrowverse desde o início e que todos os anos aguardam os crossovers religiosamente. Apesar de estarmos num evento mais ou menos isolado e especial, é bom ver a forma como a narrativa de cada uma das séries que estão presentes na Crisis continua a avançar, colando-se de forma lógica aos acontecimentos. À exceção de Batwoman, que teve o seu storytelling parado durante o evento, todas as outras continuam a ser exploradas revelando a causa-efeito que os planos do Anti-Monitor estão a ter na vida de cada núcleo. O saldo é, até agora, bem positivo com a CW a superar-se de episódio para episódio, e ainda nem chegamos ao episódio concentrado em Arrow, que pela proximidade com o final não pode ser nada menos que épico.