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Fantastic Entrevista - Janeiro


Henrique Janeiro é de Coimbra, e desde cedo começou a dedicar-se à música, tendo optado por seguir a sua formação nessa área. Mas foi no Festival da Canção, em 2018, que Janeiro se apresentou ao país com "(sem título)", música que compôs e interpretou, a convite do seu amigo Salvador Sobral. 

Nesse ano, lançou também o primeiro LP "Fragmentos", com 12 temas cantados em português, que incluiu os singles "(sem título)" e "Canção Para Ti". Em 2020, o cantor iniciou a sua Janeiro Sessions Live Tour, uma digressão que pretende transformar os teatros numa sala de estar, onde músicos e público desfrutam de noites de conversa e muita música.

Vem conhecer o artista e os projetos que aí vêm, nesta edição do Fantastic Entrevista.

Para quem não te conhece, quem é o Janeiro?
O Janeiro acaba de fazer 25 anos, e é um gajo de 1,95m que adora bossa nova, mas não pára de ouvir hip-hop e techno, e é uma mescla de referências de completa loucura, desde o John Cage ao Mac Miller, desde o Rui Veloso ao Frank Ocean.

Em que momento da tua vida sentiste despertar a tua paixão pela música?
Muito cedo. Lembro-me desde sempre de ouvir música lá em casa, com os meus pais. Só começo efetivamente a fazê-la por volta dos meus quinze anos, quando montei a minha primeira banda, ainda quando vivia em Coimbra.

Quais são as tuas maiores referências, a nível musical, tanto nacionais, como internacionais?
Cá dentro, vou do Variações até ao Rui Veloso, não consigo deixar de ouvir o B Fachada, claro, foi quem mais me transformou liricamente. Lá fora, agora estou viciado no novo álbum de Jungle, mas as minhas referências vão desde o Moodymann até ao Kaytranada, passando pelo jazz do Wes Montgomery e pelos milhares de acordes do João Gilberto. Sou uma confusão de referências, o que torna a minha música diferente do que se costuma ouvir.


Estudaste Musicologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Sentiste-te apoiado pela tua família quando tomaste a decisão de enveredar pela área da música a nível profissional?
Super, sempre. Eles sempre me deram alento para continuar em frente até profissionalizar o que tenho feito. Na verdade, eu se quiser ter uma noção temporal concreta, só comecei a fazer isto profissionalmente o ano passado, 2018, depois de ter lançado o meu primeiro LP, fragmentos.


Em 2017, deste início a um programa online lançando, no Youtube, as "Janeiro Sessions". Em que consistiam essas "sessões"?
Estas sessões, que até agora foram quatro, consistiram em convidar um amigo para minha casa para partilhar com ele momentos de sofá e guitarra.


Foi também em 2017 que Salvador Sobral te convidou para participares no Festival da Canção 2018, com a criação de um tema, que acabaste também por interpretar. Como reagiste a este convite?
Com muita surpresa. Nunca pensei que ele pudesse escolher um compositor para o ano a seguir, e tendo a oportunidade de o fazer, que me escolhesse a mim. Foi incrível.

O Festival da Canção é um evento com o qual, de alguma forma, te identificas?
Não muito.

Como foi a experiência de participar, ao lado de tantos outros compositores e músicos portugueses?
Foi espectacular a nível de plataforma, até porque senti o reconhecimento imediato dos meus pares (12 pontos do júri) que, de certa forma, é quem queremos, enquanto músicos, agradar. Saber que sou apreciado pela malta que também faz música dá-me uma felicidade enorme e um alento para continuar.  Senti que foi muito mais uma rampa de lançamento para o álbum do que propriamente um concurso, também porque eu olhei para o Festival dessa forma.


Na altura, houve quem te comparasse ao Salvador Sobral, na tanto na forma de cantar e estar em palco, como em termos de estilo musical. Revês-te em algumas destas comparações, ou consideras que são artistas completamente distintos?
Claro que revejo, comecei a cantar mais com ele e estávamos muito juntos na altura, faz sentido. Musicalmente, claro que também estudei jazz, mas a minha música é muito mais pop. No sentido de ser mais simples, parece-me.

Depois do teu EP de estreia "Janeiro", em 2015 chegou, em 2018, o teu primeiro LP, intitulado "Fragmentos". Pode-se dizer que cada tema que o compõe é um fragmento de ti e da tua vida?

Cada tema é uma nova forma de cantar o desamor (tinha acabado de sair duma relação, e escrevi muito sobre isso) e de tentar juntar as pessoas, esse sentido de união que se sentiu muito na “(sem título)”.

Em que te inspiras para compor as tuas músicas?
No amor, sobretudo. As pessoas à minha volta. Sou uma metamorfose ambulante. Por cada sitio que passo, levo um bocadinho.

De que forma responderias a este desafio:

Piano ou Guitarra? GUITARRA.

Rock ou Bossa Nova? BOSSA NOVA.

Solo ou Banda? BANDA.

Letra ou Música? MÚSICA.

Português ou Inglês? INGLÊS.

Coimbra ou Lisboa? LISBOA.

Estúdio ou Palco? ESTÚDIO.


Em 2020, acontece a digressão Janeiro Sessions Live Tour, transportando o ambiente da sala de estar para os teatros. O que esperas desta tour, de diferente, relativamente ao programa?
Vai ser como trazer o programa para as principais salas do país. A ideia é que as pessoas sintam a nossa vibe a cantar música, e a improvisar momentos, tal como quando estamos em casa todos a fazer jams, a tocar canções uns com os outros e a contar histórias de vida.


Que objetivos pretendes concretizar, num futuro próximo, a nível musical?
Agora estou completamente dedicado ao meu novo álbum, que quero que saia no início de 2020, e estou focado no nosso projeto Vossa Nossa, assim como nas Janeiro Sessions Live. Vão ser momentos bonitos para recordar.  Proximamente, quero muito tocar com a banda o mais que puder, porque como referi, comecei a tocar profissionalmente há muito pouco tempo e sinto que tenho muito por onde evoluir.

Se te pedisse para escolheres um livro, um filme e um álbum, quais seriam as tuas escolhas?

Um livro – 1984, George Orwell

Um filme – Being John Malkovich, Spike Jonze

Um álbum – Endless, Frank Ocean

Fantastic Entrevista - Janeiro
por Marta Segão
Novembro de 2019

Nota: Esta entrevista teve o apoio de Primeira Linha - Music Booking Agency, que estabeleceu a ponte entre o Fantastic e o convidado Janeiro, facultando as imagens.